Ato contra bloqueios na educação termina em Fortaleza com convocação de greve geral
Milhares de pessoas saíram às ruas da Capital nesta quarta-feira, 15, onde manifestaram críticas ao governo Bolsonaro
15:11 | Mai. 15, 2019
Após reunirem milhares de pessoas em ato nesta quarta-feira, 15, representantes estudantis, sindicalistas e diretores de entidades sociais convocaram os manifestantes para uma greve geral, marcada para o próximo dia 14 de junho.
A estimativa dos organizadores é de que mais de 50 mil foram às ruas protestar nesta manhã na Cidade contra o bloqueio de cerca de 30% da verba discriminatória das universidades e institutos federais anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Atos
Logo cedo, por volta de 6 horas, algumas dezenas de estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) bloquearam o cruzamento das avenidas 13 de Maio e da Universidade, no Benfica. Eles usaram carteiras escolares para impedir o tráfego. O local foi novamente ocupado no fim da manhã.
O ato principal ocorreu na Praça Clóvis Beviláqua (mais conhecida como Praça da Bandeira), no Centro, a partir das 8 horas. Neste local, o grupo era formado por milhares de pessoas que ocuparam parte da praça, a via que liga as ruas Senador Pompeu e Barão do Rio Branco, além da frente do prédio da Faculdade de Direito da UFC.
Por volta de 10 horas, o manifestantes seguiram pela rua Senador Pompeu até chegar à avenida 13 de Maio, onde concentraram os protestos novamente no cruzamento em frente à Reitoria da UFC.
Protestos foram registrados também em todas as capitais do País e no Distrito Federal. No Ceará, há informações de atos nos municípios de Juazeiro do Norte, Iguatu, Crateús, Sobral, Cedro, Quixadá, Russas, Quixeramobim, Tauá e Paracuru.
Estudantes
Em entrevista à Rádio O POVO CBN, as estudantes Estefane Vasconcelos e Renata Almeida, do Mestrado em Ciências Naturais, do curso de Química, disseram que temem o corte das bolsas que recebem, no valor de R$ 1,5 mil mensais. Caso sejam afetadas, as duas afirmam que devem deixar a pesquisa científica para procurar emprego.
“Fortaleza paralisou pela educação, não vamos aceitar esse bloqueio. A educação, todas as universidades públicas e particulares... Por isso o ato está lindo, está unido. A UNE não vai aceitar retrocesso”, disse a estudante Quézia Gomes, vice-presidente da entidade estudantil. Segundo ela, a entidade também estará nas ruas no próximo dia 14 de junho, para quando é convocada a greve geral no País.
Diretor estadual do Partido dos Trabalhadores no Ceará, Antônio Filho ressaltou a presença dos estudantes no ato. “Todos foram afetados com as medidas do Governo. Foram cortes na educação superior e na básica, são sonhos deles, de suas famílias, nada mais justo que eles estejam nas ruas defendendo isso”, ressaltou.
Reação
De Dallas, nos Estados Unidos, o presidente Bolsonaro chamou de "idiotas úteis" e "massa de manobra" os manifestantes. Ele classificou os protestos como algo "natural" e disse que "a maioria ali (na manifestação) é militante".
O presidente cumpre agenda improvisada e organizada às pressas pelo governo, depois de o presidente desistir de ir à cidade de Nova York. Ele participaria do prêmio de "personalidade do ano" concedido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos na noite desta terça-feira, 14. Mas a homenagem foi alvo de boicotes e críticas do próprio prefeito da cidade, Bill de Blasio, e Bolsonaro desistiu de ir.
Confira vídeos dos protestos em Fortaleza: