Implante de ouvido biônico é realizado no HUWC pela primeira vez

Após 14 anos de tentativas, o Hospital Universitário Walter Cantídio conseguiu habilitar seu programa de implante coclear. O procedimento foi realizado nesta quinta-feira, 25

15:00 | Abr. 25, 2019

Por: Jullie Vieira
O Hospital Universitário Walter Cantídio, do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh, realizou o primeiro implante coclear da sua história. (foto: DIVULGAÇÃO)

A agricultora Maria Liduína de Castro, 33 anos, deve voltar ouvir no próximo mês após passar por um implante coclear realizado pela primeira vez no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). O procedimento realizado nesta quinta-feira, 25, é conhecido popularmente como “ouvido biônico”.

Aos 21 anos de idade, Maria Liduína foi perdendo a audição em decorrência de algumas dificuldades, dois anos depois, a perda foi total. A agricultura passou a usar um aparelho auditivo que pouco ajudava, explicou Luciana de Castro Alves, irmã de Liduína.  “Agora, com o implante, é como se ela nascesse de novo”, conta.

O chefe do Serviço de Otorrinolaringologista do HUWC, André Alencar Araripe Nunes, explica que o implante estimulará diretamente o nervo auditivo da paciente através da ação de pequenos eletrodos que são colocados na cóclea (estrutura do ouvido interno em forma de caracol que converte a energia mecânica do som em estímulos elétricos). Esse sinais serão levados até o cérebro pelo nervo auditivo.

Conforme André Alencar, a realização do implante possibilitará uma melhor qualidade de vida aos pacientes. Em muitos casos possibilitam que essas pessoas possam reaprender a ouvir e a falar.

O procedimento

O implante foi realizado para a implantação de um feixe composto por eletrodos dentro do ouvido da paciente. Após inserido, esse feixe conecta-se a um receptor, que foi colocado por baixo da pele que fica atrás da orelha. Unido ao receptor ficam a antena e o imã, que servem para auxiliar o componente externo e captar os sinais elétricos.

Para que seja realizado o procedimento de implante coclear, é necessário a atuação de uma equipe multiprofissional. Entre as especialidades estão: otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, técnicos de enfermagem, neurologistas, pediatras, geneticistas e médicos radiologistas. São especialistas que participam desde a triagem dos pacientes aptos ao procedimento, passando pelo ato cirúrgico em si, até o acompanhamento pós-cirúrgico.

De acordo com a fonoaudióloga Alessandra Teixeira Bezerra de Mendonça, no final de maio a paciente retornará ao hospital para ativar o implante, quando será colocado o componente externo (composto de processador de fala, antena transmissora e microfone), que captará o som do ambiente e levá-lo até o nervo auditivo.

Habilitação para o programa de implante coclear 

O Hospital Universitário Walter Cantídio, gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), tentava de 2005 o credenciamento junto à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) para habilitar o programa de implante coclear, que permite que o Sistema Único de Saúde (SUS) cubra os procedimentos realizados no HUWC. Além do Walter Cantídio, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF) realiza o procedimento.

Atualmente, 55 pacientes já  atendidos no Hospital Universitário são candidatos ao procedimento, entre crianças, adolescentes e adultos. Só depois de zerada essa fila, será possível receber pacientes encaminhados pela Central de Regulação do Estado.

A Ebserh

O Hospital Universitário Walter Cantídio faz parte da rede hospitalar Ebserh desde novembro de 2013. Ligado ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais.