"Antes era bônus fazer parte de facção, agora é só ônus", declara Mauro Albuquerque
O secretário destacou nesta segunda-feira, 15, mudanças no sistema prisional cearense dentro de seus primeiros 100 dias de gestãoO secretário da Administração Penitenciária (SAP), Luís Mauro Albuquerque, disse nesta segunda-feira, 15, que “o Estado é quem manda” nos presídios cearenses. Fazendo balanço de seus primeiros 100 dias sob o comando da pasta, o policial civil destacou mudanças que estão havendo dentro do sistema prisional. Segundo ele, a pasta tem adotado medidas distintas tanto “para quem quer se recuperar” quanto “para quem não quer”.
Desde o início da gestão, Mauro Albuquerque busca implementar diversas alterações nas penitenciárias. Ainda recém-empossado, em janeiro, ele chegou a afirmar que não reconhecia facção criminosa. Para tanto, passou a modificar a lógica até então adotada pelo Governo do Estado, de distribuir os internos conforme seus vínculos com organizações criminosas. As alterações causaram polêmica, sendo inclusive apontadas como o estopim da maior onda de ataques criminosos registrados no Ceará.
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Assim, o Governo endureceu o discurso contra o crime. Governador Camilo Santana (PT) recentemente declarou que não iria “permitir tratamento VIP a presos no Ceará”, em resposta às denúncias de violações de direitos ocorridas em presídios estaduais.
Em coletiva de imprensa nesta manhã, Mauro Albuquerque comentou a manifestação do petista, sendo enfático: “Privilégios não vão e não estão existindo dentro do sistema penitenciário”.
De acordo com ele, “antes, o preso se dizia dono da cadeia e afirmava que ‘quem manda é o crime’”. Com a “nova mentalidade” no Estado, porém, ele ressaltou a força do Poder Público nas unidades prisionais.
“É isso que o governador está fazendo, mostrando que quem manda é o Estado e não tem negociação. Isso é inegociável”, pontuou, batendo na mesa em sinal de demarcação de posição. O gesto foi repetido por diversas vezes, principalmente quando se referia ao combate ao crime organizado.
“Nós estamos tratando o sistema da seguinte forma: quem quer se recuperar, a gente está dando todas as condições; mas para quem não quer, vai continuar sendo tratado, inclusive em pavilhões de segurança máxima, que é uma das nossas medidas, com maior rigidez. Antes era bônus fazer parte de facção, agora é só ônus”, sentenciou o secretário.
Conforme Albuquerque, hoje dentro das penitenciárias “não tem privilégio para preso”, mas tratamento adequado compreendendo o que manda a lei. “Lógico que com pulso firme. Quem manda é o Estado”, ratificou, mais uma vez arremessando o punho sobre a mesa.
“A gente não negocia. Quem manda é o Estado e a gente faz cumprir a lei. Quem infringir a lei vai responder por isso, pois acaba com aquela sensação de impunidade que, quando está dentro da cadeia, o preso pensa: ‘não tenho mais nada a perder’. Mas tem sim. A sua liberdade”, desabafou.