Repórter narra experiência de ficar em carro "encalhado" em alagamento no Centro de Fortaleza
Carro "morreu", nesta quarta-feira, 27, em via que, tradicionalmente, fica alagada no CentroNão precisa ser profeta da chuva pra saber que, ao menor sinal da chegada de um “toró”, em Fortaleza, entra em vigor o consenso universal da Cidade de que a região próxima à avenida Heráclito Graça, que liga o Centro à Aldeota, se transforma em cenário ideal para um remake da clássica campanha do Ministério da Defesa, veiculada no início dos idos anos 2000, em que o velejador Lars Grael ensinava que, no mar, “as lanchas são como os carros, as motos são como os jet skis, e os pedestres são como os banhistas”.
Na manhã desta quarta-feira, 27, contudo, esta reportagem, que cresceu vendo imagens na TV dos alagamentos anuais da via em tempos de quadra chuvosa, acabou ilhada em um carro de aplicativo particular. Nos poucos minutos em que a chuva engrossou quando deixamos a sede do O POVO, na avenida Aguanambi, rumo ao Paço Municipal, o veículo “morreu” na rua Dona Leopoldina, logo após o cruzamento com a Heráclito Graça.
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Na correria comum da função, entre telefonemas ou troca de mensagens, neste caso, para avisar a assessoria de imprensa do atraso por conta da chuva, não houve tempo hábil suficiente para alertar Genisilvia, que decidiu enfrentar o aguaceiro no comando de seu Chevrolet Celta.
“Parou”, disse, como sem acreditar, a motorista que está no aplicativo há dois anos e reúne avaliações, como “Dirige super bem” e “Muito profissional, atendimento excelente, muito simpática e educada”. Elogios que se encaixam com a postura da condutora que, nos poucos minutos compartilhados, fez o que tinha que fazer, exceto quando subestimou a força do riacho Pajeú que, com recarga de chuva, mostra que ainda está ativo apesar do asfalto que o encobriu em boa parte.
Passados alguns instantes presos e à deriva naquele poceiro, motorista e passageiro, sem muitas opções do que fazer, conseguiram, enfim, a ajuda de dois pedestres, que ali eram como banhistas, como ensinou Grael. Os homens ofereceram um literal empurrãozinho até um ponto seguro.
Enquanto outros condutores se arriscavam e conseguiam vencer a água, Geni Silvia seguia inconformada e em busca de ajuda para salvar o carro e o repórter, ainda mais atrasado para a chegar até a sede da Prefeitura. Solicitei outra corrida para cumprir o compromisso e saí com o aprendizado de estar mais atento aos sinais da natureza sobre a urbe e, com isso, quem sabe, ajudar outro motorista mais afoito. Não sei como a mulher solucionou o contratempo, mas, antes de nos despedirmos, ela compartilhou o aprendizado. “Nunca passei por isso. Já consegui passar com meu Corsa”, lamentou, inconformada, e emendou em seguida: “Nunca mais eu compro Celta”.
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