Único vereador que votou contra reajuste salarial diz "lamentar" posição dos colegas
"Em vez de diminuir o Estado vamos aumentá-lo?", questionou o vereador Odécio Carneiro (SD), o único a votar contra o reajuste salarial parlamentar
22:08 | Fev. 21, 2019
Os vereadores de Fortaleza aprovaram nesta quinta-feira, 21, o reajuste de 3,71% dos próprios salários. A proposta foi aceita após receber 25 votos a favor. O único voto contra foi o vereador Odécio Carneiro (SD), que disse “lamentar” a posição dos colegas parlamentares sobre a questão.
Dizendo-se independente, não compondo a oposição nem a situação, o parlamentar contou ao O POVO Online, no início desta noite, que desconhecia a existência do projeto de reajuste até ser “surpreendido” por eleitores nas redes sociais, na semana passada.
“Fortaleza é uma cidade pobre, em que vemos pessoas morrendo nas ruas, nos hospitais. Daí eu fui surpreendido com pessoas questionando o porquê de os vereadores aumentarem os próprios salários”, declarou o vereador, informando que sua atuação é fundamentada em três pilares: a área social, o combate à corrupção e a diminuição do Estado.
Na quinta-feira passada, 14 de fevereiro, o presidente da Câmara Municipal, Antônio Henrique (PDT), justificou que o último reajuste dos parlamentares aconteceu em 2012. Além dos salários dos parlamentares, a proposta abordava também o reajuste para os servidores da Casa.
Contrário à ideia, Odécio apresentou emenda para excluir os vereadores da reposição salarial, no entanto, sua proposta foi rejeitada ainda na Comissão Conjunta de Legislação e Orçamento.
“Em vez de diminuir o Estado vamos aumentá-lo? Independentemente do nome que deem, se é reajuste ou aumento, eu não vou votar a favor”, disse. “Tentei que o aumento fosse só para os servidores, mas não consegui. E ainda teve vereador que disse que o aumento deveria ser era de 20%”, criticou Odécio, que é da ativa da Polícia Federal (PF).
Não citando nomes, o vereador declarou ainda ter sido persuadido por outros parlamentares a converter a opinião. “Durante a sessão, houve um acirramento porque alguns colegas queriam que eu mudasse meu voto”, alegou, assegurando que houve aqueles que teriam “desdenhado” de sua atuação na Casa legislativa.
“Parece que meus colegas aqui não me conhecem. Minha posição não é discurso de momento. Tenho projetos na Câmara como a não utilização de carros, por exemplo. Não é desses projetos que propõe mudar nome de rua”, ironizou.