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Retrospectiva: dez dias da maior série de ataques no Ceará

Reforço de vários estados do País e Força Nacional auxiliam as polícias cearenses no mais longevo conflito entre Estado e facções criminosas
19:57 | Jan. 11, 2019
Autor Ítalo Cosme
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Ítalo Cosme Repórter
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Tipo Notícia

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Atualizada às 22h52min 

 

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O Ceará chega ao décimo dia da mais duradoura e maior crise de segurança pública na história do Estado. Até esta sexta-feira, 11, 319 pessoas foram presas ou apreendidas por envolvimento com os ataques articulados por facções criminosas. Mais de 180 atentados foram contabilizados contra veículos, equipamentos públicos e privados. A onda de violência paralisou comércio, transporte e serviços públicos, como em postos de saúde, fóruns trabalhistas e até a coleta de lixo.

As investidas criminosas ocorreram após a nomeação de Luís Mauro Albuquerque como secretário titular da recém-criada Secretaria da Administração Penitenciária (Seap), em primeiro de janeiro deste ano. Ao afirmar não reconhecer facções criminosas e sugerir desfazer a separação de detentos de acordo com o grupo criminoso pertencente, como ocorre atualmente, Mauro Albuquerque foi criticado e a fala considerada como um dos estopins para atual crise na segurança pública. 

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Atentados criminosos
 
Nos últimos dez dias, o Estado contabilizou cerca de 180 ataques criminosos em todo o Ceará. Na primeira madrugada das ações, os faccionados tentaram derrubar um viaduto e queimaram ônibus em Fortaleza e Região Metropolitana. A partir daí, sucessivas investidas ocorreram e estremeceram a ordem pública na Grande Fortaleza. A capilaridade do crime organizado veio à tona quando rapidamente os atentados se espalharam por todo o território cearense. 
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Enquanto um pente-fino ocorria dentro da CPPL 2, com cerca de 500 celulares apreendidos, criminosos investiram contra delegacias, ônibus, viadutos, barco do Corpo de Bombeiros. Até um caminhão com dois mil frangos foi incendiado.  Na região Norte, estação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e vans foram destruídasNa manhã de sábado, em Fortaleza, 41 linhas de ônibus operavam, com 108 veículos circulando. Normalmente, a frota é composta por 1810 ônibus urbanos e 350 metropolitanos. 

Desde 2014, o Ceará já registrou 15 ciclos de ataques comandados por facções criminosas. Neste último, 180 ações foram desencadeadas. Abaixo, O POVO lista as séries de atentados ocorridos nos últimos anos. Para fins de comparação, O POVO considerou como ciclo somente os eventos nos quais houve três ou mais ações, que guardavam alguma relação entre si, independentemente do período. 

Veja os ciclos no infográfico abaixo. 
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Municípios
 
Ataques já ocorreram em pelo menos 38 municípios cearenses. Entre ações confirmadas pela Secretaria da Segurança pública e Defesa Social (SSPDS) e apuradas pelo O POVO, o número de ocorrências já corresponde a mais de 20% dos municípios do Estado. 

São elas: Acaraú, Aracati, Aracoiaba, Aquiraz, Baturité, Barroquinha, CanindéCaucaiaChorozinhoCrateús, Eusébio, Fortaleza, Forquilha, Guaiúba, Horizonte, IbaretamaIcapuí, IcóIguatu, Itaitinga, Jaguaruana, Jijoca de Jericoacoara, Juazeiro do Norte, Limoeiro do NorteMaracanaú Maranguape, Massapê, Morada Nova, Morrinhos, Pacatuba, Pacajus, Pacoti, Pentecoste, Pindoretama, Piquet CarneiroReriutabaSobral, Tianguá. 

Veja mapa com as cidade onde ataques foram registrados
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Ajuda externa

Durante o segundo dia de ataques, Camilo Santana pediu reforço da Força Nacional a Sergio Moro. O ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil enviou 300 homens da Força Nacional para o Ceará. Além disso, em acerto entre governadores do PT, o estado da Bahia mandou 100 policiais militares de batalhões especializados para apoiar as polícias cearenses. No combate à série de ataques que acontece na Capital, Região Metropolitana e Interior do Estado, veio reforço também de Pernambuco, Piauí e Santa Catarina

A cessão de agentes da Força Nacional foi motivo para provocações do presidente Jair Bolsonaro e o vice, general Mourão, contra o governador do Ceará, Camilo Santana.  “Ele (Sérgio Moro) foi muito hábil, muito rápido e eficaz para atender inclusive o Estado cujo governador reeleito tem uma posição radical a nós. E o povo do Ceará precisa nesse momento [de ajuda]", declarou Bolsonaro, referindo-se ao governo de Camilo Santana (PT). de acordo com informações do Uol. 

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Pacoti

Apesar de não confirmada a relação com os atentados no Estado, a fuga de 23 detentos da Cadeia Pública de Pacoti, município distante 93,5 km de Fortaleza, na segunda-feira, 7, foi uma baixa no enfrentamento ao crime organizado no últimos dias. O equipamento é dominado por uma facção criminosa. O escape ocorreu no 6º dia de atentados no Ceará. 

A vistoria, realizada logo após a fuga dos 23 detentos, resultou na apreensão de pés de maconha, além de crack, cocaína, armas de fogo, balança de precisão e até receptor de sinal de TV a cabo. A Polícia investiga a unidade prisional como a principal distribuidora de drogas da região.  
 
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Sistema Penitenciário

Um dos principais gargalos de Camilo Santana durante a primeira gestão do petista, a área do Sistema Penitenciário ganhou o status de secretaria para o segundo mandato. Com a crise desencadeada, o trabalho dentro das unidades prisionais teve de ser agilizado. No domingo, 6, foi autorizada a transferência de 60 chefes de facções, em território cearense, para presídios federais. Desde então,36 detentos já foram transferidos até esta sexta-feira. 

Outra investida do Estado foi encerrar as funções de unidades prisionais no Ceará. Das 119 cadeias públicas no Ceará, o Governo do Estado interditou 27. A informação é do secretário estadual de Administração Penitenciária (Seap), Luis Mauro Albuquerque. Além de fechadas, as unidades deverão ser desativadas.

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