Série "Black Mirror" foi argumento para redações nota 1.000 no Enem
As estudantes Ivina Araújo Ribeiro, 21, do Colégio Farias Brito, em Sobral, e Laís Mesquita Câmara, 18, do Colégio Master Sul, em Fortaleza, citaram reflexões geradas pela série da Netflix
14:40 | Jan. 19, 2019
A natureza humana e os avanços das tecnologias convivendo de forma conflituosa. Essa é a premissa da série de ficção científica distópica Black Mirror, da Netflix, que foi usada como parte da argumentação de redações nota 1.000 no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) em vários relatos no País e duas alunas cearenses também citaram a série.
As estudantes Ivina Araújo Ribeiro, 21, do Colégio Farias Brito, em Sobral, e Laís Mesquita Câmara, 18, do Colégio Master Sul, em Fortaleza, contam que, ao se depararem com o tema “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet", proposto para a redação de 2018, não tiveram dúvida ao utilizar as reflexões geradas por Black Mirror para argumentação dos textos.
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A fórmula de utilizar elementos da cultura pop para embasar o texto deu certo e as duas alunas conquistaram a nota máxima na prova de redação, assim como Marília Oliveira, 19, do Colégio Tiradentes, e Lívia Taumaturgo, 18, que terminou o ensino médio em 2017, no Colégio Ari de Sá. A estudante Melissa Fiuza, também do Colégio Farias Brito, - que foi procurada, mas até a publicação desta matéria não atendeu aos telefonemas -, completa a lista de cearenses que cravaram a nota mais alta na redação do exame.
Estruturando a redação em argumentos, e desenvolvendo repertório e solução para cada alegação, Laís conta que esquematizou a redação, foi fazer a prova de Português e teve a ideia de usar a premissa de Black Mirror. “É uma série muito interessante para entender as relações no contexto atual. Decidi assistir, e na hora da redação foi um argumento crucial”, relembra.
“Acho que foi o diferencial dos meus estudos neste ano: tentar ver a relação dos conteúdos das matérias com assuntos do dia a dia, com o que eu consumo de série, de livros, de músicas. Assim, na hora da redação usei Black Mirror, que fala da tecnologia, e de como os avanços são uma faca de dois gumes, libertam e prendem ao mesmo tempo”, comenta Ivina, que tentou pela sexta vez o Enem - em 2014, ela tirou 980 na prova.
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O outro fundamento das duas também foi semelhante. Elas refletiram em seus textos sobre o conceito de Indústria Cultura, de Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor W. Adorno (1903-1969), os principais representantes da escola, fundada em 1924 na Universidade de Frankfurt, na Alemanha. “Estudei muito Filosofia. Nunca tinha estudado realmente Filosofia, mas eu sabia que era uma matéria muito boa para usar argumentos para redação. Um dos últimos capítulos que estudei foi sobre Adorno e Horkheimer e foi o que eu usei na redação, sobre a Indústria Cultural”, conta Laís.
Apesar de convergirem nos tópicos, as alunas divergiram na estratégia durante o ano. Enquanto Laís focou em praticar a escrita e chegou a fazer de dois a três textos por semana; Ivina optou por pensar nas temáticas. “Neste ano eu não foquei muito na redação em si, porque sempre foquei muito e na hora da prova eu ficava muito nervosa e me sabotava. Esse ano, eu fiquei mais de boa, devo ter feito umas 15 redações. Me ative a pesquisas, anotava as consequências e causas”, detalha.
As duas também compartilham o mesmo desejo de curso: Medicina. E aguardam agora a divulgação da nota de corte do curso para a comemoração ser completa. “Mas mesmo que não venha neste ano, a nota 1.000 na redação me incentiva a acreditar que sou capaz de conseguir”, torce Ivina.