Banco de pele animal cearense já produziu 2,5 mil unidades para tratamento de queimaduras

A unidades são utilizadas em pesquisas realizadas no Brasil e no exterior

22:30 | Nov. 22, 2018

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Em quase dois anos de funcionamento, o Banco de Pele Animal do Ceará, o primeiro do Brasil, já produziu aproximadamente 2,5 mil unidades de pele, por meio do estudo desenvolvido no Ceará, que utiliza a pele de tilápia para tratamento de queimaduras. A unidades são utilizadas em pesquisas realizadas no Brasil e no exterior.
 
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A idealização do projeto é de Marcelo Borges, médico e cirurgião plástico pernambucano. A técnica consiste no uso de curativos biológicos feitos com a pele da tilápia, tradicional espécie de peixe sul-americana. A pesquisa é realizada pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e Instituto Doutor José Frota, com patrocínio da Enel Distribuição Ceará. A coordenação fica a cargo do Instituto de Apoio ao Queimado.
 
Uma das vantagens desse método, é a redução das dores e desconfortos aos pacientes, pela menor troca de curativos, conforme o cirurgião plástico e coordenador da pesquisa, Edmar Maciel. Além disso, o método diminui o risco de contaminação na ferida e a perda de líquido.
 
A pele da tilápia tem proteína colágeno tipo 1, semelhante à pele humana, de acordo com Edmar. Além disso, suporta uma tração maior que a de outros animais. Além das melhorias para o paciente, o médico aponta como benefícios a diminuição no uso de materiais, medicamentos e recursos humanos.
 
Para que o produto seja comercializado no mercado, é necessário que uma empresa registre o produto, conforme Edmar. “É necessária visão do Ministério da Saúde para que esse método se torne acessível à população. Não podemos deixar que uma multinacional compre a pesquisa e o Brasil passe a comprar algo que é fabricado aqui”. 

Destaque internacional
A pesquisa, desenvolvida no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará, foi uma das escolhidas para ser apresentada na edição de 2018 do World Innovation Summit for Health (WISH), realizada de 11 a 13 de novembro, em Doha, no Catar.
 
A feira de inovação em saúde teve representantes de mais de 100 países. A indicação da pesquisa cearense foi feita pelo Centro de Políticas para a Saúde, do Imperial College de Londres, no Reino Unido, em novembro do ano passado.
 
Os pesquisadores Felipe Rocha e Carlos Paier, integrantes do projeto com a tilápia, representaram a UFC, que contou com um estande na feira, para a divulgação do estudo. O estande foi um dos que receberam a visita da xeica do Catar Moza bint Nasser, idealizadora do WISH. A pesquisa também foi pauta na imprensa que cobria o evento, inclusive na Al Jazeera, maior emissora de TV do Catar.
 
Carlos explica que o WISH foi uma importante oportunidade de acompanhar discussões sobre a redução dos custos da saúde e a universalização do acesso a esse serviço. "Foram selecionados projetos revolucionários em suas áreas, que trouxeram grande avanço e são relativamente baratos de aplicar. Essa é a grande genialidade que existe por trás do projeto com a tilápia", acredita.