Tiro que matou coordenador de call center no Demócrito Rocha partiu de arma de policiais

Documento da CGD foi divulgado no Diário Oficial do Estado e diz que o tiro que matou Wellington Matias de Sousa, em maio, saiu da arma de um dos policiais militares

09:20 | Out. 17, 2018

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Atualizada às 18h03min
 
Durante perseguição policial na manhã de domingo, 6 de maio de 2018, o coordenador de call center Wellington Matias de Sousa foi morto atingido por um tiro dentro do próprio carro. Em laudo pericial divulgado no Diário Oficial do Estado nessa terça-feira, 16, concluiu-se que o projétil retirado do corpo da vítima havia saído da arma de um dos policiais presentes na ocorrência.
 
[FOTO1]À época do crime, Wellington estava parado em um semáforo no cruzamento da rua Rio Grande do Norte com a avenida Américo Barreira, no bairro Demócrito Rocha, quando uma perseguição policial em andamento cruzou com ele: uma viatura tentava interceptar suspeitos em um veículo em fuga. No carro perseguido, um Polo, estavam Marcos Lúcio Almeida Silva, 22, Paulo Ricardo Barbosa Ferreira, 20, e Kaison dos Santos Costa, 23, que também foi baleado e morto durante na ação. Além do trio havia mais um jovem, que conseguiu escapar. 

A primeira versão ouvida por parentes da vítima, que tinha 33 anos, foi a de que estava acontecendo uma troca de tiros entre policiais e criminosos e Wellington passou, entrando no fogo cruzado. Entretanto, testemunhas relataram algo diferente.

“Wellington estava parado no sinal. O motorista do Polo entrou numa rua à direita e os policiais já chegaram atirando. Não houve troca de tiros, apenas a viatura atirou. E outra: a bala atingiu o carro de Wellington na parte de trás. A Polícia que vinha atrás perseguindo”, disse o tio de Wellington, Edivan Lopes, em entrevista ao O POVO.

Ainda de acordo com Edivan, o sobrinho foi resgatado com vida, mas morreu no hospital. “Foi uma ação aparentemente descontrolada, desenfreada, onde faltou prudência”, criticou.

Em 8 de maio, no dia seguinte ao sepultamento da vítima, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciária (CGD), em nota, informou ao O POVO já ter tomado conhecimento e determinado “a instauração de processo disciplinar para a devida apuração dos fatos narrados”.

Nessa terça-feira, 16, o laudo pericial da CGD foi divulgado no Diário Oficial do Estado do Ceará: o tiro que matou Wellington saiu da arma de um dos policiais militares.

Na publicação, é reforçado que a ação "fere os valores fundamentais, determinantes da moral militar estadual", caracterizando transgressões displinares. Foram instaurados os procedimentos administrativos disciplinares que irão apurar as trangressões disciplinares supostamente cometidas pelos três policiais envolvidos no caso, junto à "incapacidade moral destes para permanecer nos quadros da Polícia Militar".
 
Procurada, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou que foi instaurado um procedimento disciplinar para apuração na seara administrativa referente ao caso, conforme portaria publicada no Diário Oficial do Estado. A instauração do procedimento disciplinar importa ainda no afastamento dos policiais do exercício de qualquer função policial, segundo determina legislação vigente.

 
Redação O POVO Online