Sem fala de candidatos, servidores fazem paralisação para pedir guardas em postos de saúde
Servidores do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort), bem como o Sindicato dos Médicos do Ceará e demais classes envolvidas estavam na Câmara dos Vereadores reivindicando Guarda Municipal para os postos de saúde
13:14 | Set. 18, 2018
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Servidores dos postos de saúde de Fortaleza paralisam parcialmente suas atividades nesta terça-feira, 18 e na quarta-feira, 19, em protesto contra a insegurança que a categoria denuncia em seus locais de trabalho.
Servidores do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Fortaleza (Sindifort), do Sindicato dos Médicos do Ceará e de outras categorias envolvidas foram à Câmara dos Vereadores reivindicando Guarda Municipal para os postos de saúde. No ato, candidatos a cargos políticos nas eleições deste ano não fizeram fala nem levantaram bandeira partidárias, por acordo firmado com os organizadores do movimento.
As paralisações foram aprovadas em assembleia na última quinta-feira, 13, na sede do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort). De acordo com Nascélia Silva, presidente do sindicato, foi deliberado que 70% da equipe participaria do movimento, e os 30% permanecesse assegurando serviços inadiáveis para a população.
[SAIBAMAIS]“Estamos tentando buscar solução com a Prefeitura, mas não obtivemos resposta. A paralisação foi acordada no sentido de fazer esse ato de pressão para agendar audiência de imediato com o prefeito (Roberto Cláudio). Queremos, pelo menos, dois guardas municipais em cada posto de saúde, para que os servidores possam trabalhar com tranquilidade”, explica Nascélia.
[FOTO1]No ato, de acordo com Anderson Ribeiro, diretor de Mobilização do Sindifort, não houve falas políticas de candidatos. “Para não deslegitimar o movimento, que é dos servidores, concordamos que não haveria fala de políticos e bandeira partidárias, e isso foi cumprido”, resume.
Propostas ára segurança
Na segunda-feira do dia 10 deste mês, a Prefeitura apresentou proposta em reunião na Secretaria Municipal de Saúde. Foi sugerido o uso das torres de vigilância para melhorar a segurança nos postos. “As torres não seriam suficientes, não contemplam a parte de segurança dos servidores e não daria o suporte necessário. Outra alternativa foi o plano Acesso Mais Seguro, que seria um ‘auto-cuidado’, isto é, não deixar os pertences à vista, mas isso também não resolveria", contrapõe Anderson.
“Médicos e servidores sofrem furtos dentro e fora dos postos, além de conflitos com gangues rivais nas regiões dos postos, em que os agentes de saúde são ameaçados no ambiente de trabalho. No início da gestão do Roberto Cláudio, havia segurança privada nos postos, mas foram substituídos por porteiros(as). Dessa forma, temos unidades em comunidades vulneráveis em que apenas porteiros trabalham na segurança”, justifica o coordenador.
No dia 3 de setembro deste mês, o Sindicato dos Médicos do Ceará organizou paralisação da categoria por 24 horas, reivindicando a recontratação de seguranças para atuarem nos postos de saúde de Fortaleza.
Naquele ato, a presença de candidatos - em particular da dra. Mayra Pinheiro (PSDB), postulante ao Senado - foi usada pela Prefeitura para questionar a legitimidade do movimento. O sindicato também participa do ato desta terça-feira, na Câmara Municipal, que aconteu sem falas políticas. “Hoje, o que une todas as categorias é a insegurança. Nós não gostamos de greve, é ruim para todos, mas estamos desesperados”, diz o presidente do Sindicato dos Médicos, Edmar Fernandes. A categoria espera que até esta quarta-feira, 18, haja uma proposta por parte da Prefeitura.
Guarda Municipal
Ailton Honorato de Lima, diretor da área de segurança do Sindifort, é guarda municipal há dez anos e explica as dificuldades que a categoria também enfrenta. “Estamos prestando solidariedade aos companheiros da área de saúde, mas também temos questões. É solicitado que a Guarda Municipal faça a segurança, mas não temos equipamento, treinamento e capacitação para assumir esse papel dentro dos postos de saúde”, justifica.
De acordo com ele, menos de 20% do efetivo tem condição de portar arma de fogo e demais equipamentos, além de comunicação precária entre os profissionais. “Não dá para colocar um guarda sem capacitação e desarmado dentro do posto. Além disso, a comunicação é precária, às vezes nem temos como chamar um apoio, se necessário”, diz.
Prefeitura
De acordo com a Prefeitura, três medidas norteiam as ações de segurança para os servidores da área da saúde, tais como vinculação das unidades básicas de saúde às Torres de Segurança Cidadã para objetivo de garantir o monitoramento dos postos; melhoria da qualificação dos porteiros dos postos de saúde e, por fim, o Projeto Acesso Mais Seguro, em parceria com a Cruz Vermelha, com estratégias de gerenciamento de risco em áreas mais vulneráveis. Essas medidas, entretanto, não são efetivas e suficientes, conforme afirmam entidades dos sindicatos.
A SMS informou ainda que, na manhã desta terça-feira, os 112 postos de saúde de Fortaleza abriram e as equipes foram organizadas para acolher as necessidades da população nos diversos serviços de saúde.