O que se sabe sobre a chacina de PMs em Fortaleza
Crime aconteceu em bar do bairro Vila Manoel Sátiro, na última quinta-feira. Dos três PMs mortos, apenas um era da ativa
18:15 | Ago. 26, 2018
Autor Lucas Braga
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Notícia
Lucas Braga
Repórter do O POVO Online
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Três policiais militares foram mortos a tiros, sem chance de defesa, na tarde da última quinta-feira, 23, no bairro Vila Manoel Sátiro, em Fortaleza. Eram dois PMs da reserva remunerada e um da ativa, o qual estava de folga, à paisana. Pelo menos 30 homicídios foram registrados no Ceará, entre quinta e sexta.
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Os três amigos estavam em bar quando criminosos chegaram em automóvel e então atiraram contra as vítimas. Relatos extraoficiais da cena do crime deram conta de que foram dezenas de disparos.
Morreram no local José Augusto de Lima (1º sargento da reserva), de 58 anos; Antonio Cezar Oliveira Gomes (2º tenente da reserva), 50; e Sanderley Cavalcante Sampaio (subtenente da ativa), 46. Cezar havia entrado para a reserva recentemente. Os PMs foram enterrados na sexta-feira.
Como O POVO Online noticiou, o automóvel que teria sido utilizado no crime foi abandonado em seguida. A Polícia não antecipou possível motivação para o triplo assassinato.
"Projéteis, estojos, armas encontradas, a balística como um todo já foi encaminhada ao delegado", informou Rômulo Lima, perito da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), na cena do crime.
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Suspeitos da chacina dos policiais
Forças da segurança realizaram operação para encontrar os autores do triplo homicídio, com apoio de aeronave da Coordenadoria Integrada de Operações Áereas (Ciopaer).
Cinco suspeitos do crime foram detidos ainda na quinta-feira. Com eles foram apreendidas três armas de fogo, sendo três revólveres calibre 38, além de munições de calibres variados, 250 gramas de cocaína, balança de precisão e aparelhos celulares:
- Francisco Wellington Almeida da Silva, 41 anos, foi preso em casa, também na Vila Manoel Sátiro. No local, os policiais acharam cocaína e munições calibre 9 milímetros. Ele tem antecedentes criminais por roubo, lesão corporal dolosa, contravenção penal e violência doméstica.
- No Parque São José, foram presos Charlesson de Araújo Sousa, 20 anos, Eduardo Vale de Lima, 35 anos, Rafael Mendes Almeida, 30 anos, e Lucas Oliveira da Silva, cuja idade não foi informada.
Eduardo tinha mandados de prisão em aberto por homicídio e roubo, além de sete passagens pela Polícia: duas por tentativa de homicício, duas por roubo, uma por porte ilegal de arma de fogo, uma por tráfico de drogas e uma por crime de trânsito. Já Rafael tem antecedente criminal por porte de arma de fogo.
- Apontado como mandante, Fabiano Cavalcante da Silva, 31 anos, já estava detido. O delegado Wilson Neto, da 11ª delegacia da DHPP, confirmou que Fabiano estava no sistema prisional. "Nós solicitamos que o (Grupo de Apoio Penitenciário) GAP trouxesse esse indivíduo até a delegacia. Acreditamos que a ordem saiu de dentro do presídio. Não podemos dizer como isso aconteceu", reconhece.
Um sétimo suspeito, que reagiu durante a abordagem policial, também foi atingido por disparos, não resistiu e morreu. A identidade dele não foi informada.
As investigações estão a cargo do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). As prisões foram realizadas pela Polícia Civil e Polícia Militar.
Semelhanças
Lucas Oliveira da Silva e Charlisson de Araújo Souza são suspeitos de envolvimento na morte do subtenente Juciano de Lima Barbosa, 53, morto em 29 de julho, no bairro Parque São José. O crime tem proximidade com a chacina dessa quinta-feira: também ocorreu em bar, a cerca de 400 metros do crime.
Dois dias após chacina, um cabo da BPTur foi baleado no bairro Henrique Jorge, neste sábado, 25. Segundo informações apuradas pelo O POVO, o cabo da Polícia Militar não estava em serviço quando sofreu os disparos. A princípio, o crime não teria ligação com a chacina.
%2b Antes da chacina contra policiais, DHPP solicitou mandado de prisão para dois envolvidos no crime
Investigação
Uma das linhas de investigação liga a chacina ao homicídio do subtenente Barbosa. Quarta-feira, 22, também no Parque São José, foi morto um homem que teria participado do assassinato de Juciano. No velório dele, criminosos que seriam da mesma facção deste homem teriam acertado uma retaliação. Assim, escolheram, aleatoriamente, os policiais, conta o tenente Mardônio Aguiar, que foi ao local do crime voluntariamente. A SSPDS não se pronunciou a respeito dessa hipótese.
O homem morto na quarta-feira era monitorado por tornozeleira eletrônica. Havia sido preso em fevereiro, por roubo de um celular. No mesmo mês, alvará de soltura foi expedido em seu favor. O julgamento dele seria em outubro. Não consta no sistema virtual do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) acusação contra ele pelo assassinato do subtenente Barbosa.
Balanço
No Ceará, foram oito policiais mortos em 2018. Com a execução na Vila Manoel Sátiro, o Estado chegou à média de um homicídio de policial por mês. Nos dois anos anteriores, o Ceará foi um dos quatro estados do País onde mais policiais são mortos.
No Ceará, 25 policiais foram mortos em 2017 e 26 em 2016. O Estado foi o quarto do País onde mais morreram policiais em 2017. Em 2016, esteve na terceira posição, no nível nacional. Olhando somente a região Nordeste, o Estado lidera o ranking de policiais mortos. Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgados no início deste mês.
Posições
A PM decretou luto oficial de três dias. Leia aqui a nota de pesar. O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e o Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Estado do Ceará (Sinpol/CE) também lançaram notas de pesar.
O secretário de Segurança do Estado, André Costa, se posicionou sobre a a chacina: "Todo homicídio a gente apura a fundo, mas claro que a gente dá atenção especial no homicídio contra o policial. Existe um motivo pra isso. O policial é o escudo que separa o bandido do cidadão de bem. Na hora que esse escudo é derrubado, a cidade está desguarnecida. Por isso, uma delegacia específica pra isso", explica. "Mais que os outros casos, esses não podem ficar sem respostas. E são respostas rápidas. Justiça tardia não é justiça".
Deputado Renato Roseno cobrou mudança no modelo de segurança pública. Camilo cancelou agenda de campanha após mortes de policiais. Chacina pautou a sexta-feira de campanha dos candidatos ao Governo.
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