Chacina em centro socioeducativo foi planejada via WhatsApp e vítimas foram escolhidas por bairro
Delegada afirma que o caso está elucidado, mas ainda não está fechado e existem pessoas que participaram de outras formas do crime
21:52 | Ago. 14, 2018
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A chacina no Centro de Semiliberdade Mártir Francisca, no bairro Sapiranga, em Fortaleza, que deixou quatro adolescentes mortos, está esclarecida, conforme a delegada da Divisão de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Evna América. Duas pessoas foram presas nos dias 7 e 8 desse mês, o que totalizou 11 suspeitos detidos pelo crime que ocorreu em novembro de 2017.
Ainda existe um foragido da Justiça, Ednardo de Abreu Braga, com mandado de prisão temporária em aberto. A chacina foi em represália de um duplo-homicídio que aconteceu no bairro Aerolândia, onde foram mortos integrantes de uma facção criminosa.
Por meio do aplicativo WhatsApp, dois núcleos da organização criminosa, comandados por Rafael Rocha de Sousa, de 25 anos, conhecido como Rafael Lorim, e Alisson Felipe dos Santos, o Bocalisson, se reuniram para colocar em prática o plano da chacina. As informações foram repassadas pela delegada Evna América.
Ao chegar ao Centro de Semiliberdade, os criminosos começaram a procurar as vítimas por bairro, ou seja, quem pertencesse à região que concentra integrantes da facção rival seria levado para fora do centro e executado.
Do lado de fora, o grupo identificou que uma das vítimas era da mesma facção que eles, então mandaram o adolescente correr. Diante de adolescentes que residiam no interior do Estado, os criminosos fizeram contatos e descobriram qual a facção que predominava na localidade. A partir dessa informação os jovens foram mortos.
"As vítimas foram escolhidas pelo simples fato de residirem em área que, em termos de criminalidade, predomina a facção rival. Chegaram perguntando por bairro. Nos centros socioeducativos, os adolescentes se tratam por bairro. Eles (criminosos) chegaram perguntando para cada adolescente de onde eram", explica.
A delegada diz que o caso está elucidado, mas ainda não está fechado e existem pessoas que participaram de outras formas. Ela cita o caso do Elenilson Germano, conhecido como Pezão, que participou do planejamento das ações, no entanto ele não foi até o local do crime executar os adolescentes. Ele foi autuado e preso. A Justiça deve decidir a responsabilidade de Elenilson sobre o caso e o nível de participação na chacina.
Dois presos
Os úlimos presos foram Rafael Rocha de Sousa, de 25 anos, e Paulo Henrique Monteiro de Lima, de 27 anos. Rafael responde na Justiça por porte ilegal de arma de fogo e homicídio. Ele foi preso na última terça-feira, 7. Com ele a Polícia apreendeu entorpecentes e balança de precisão.
De acordo com o delegado da DHPP, Márcio Lopes, Rafael Lorim foi autuado por tráfico de drogas e na lei das organizações criminosas. Conforme o delegado, Rafael ostentava um padrão de vida que não coincidia com a realidade dele, que estava desempregado.
O segundo preso foi o Paulo Henrique Monteiro de Lima, o Papá, de 27 anos. A prisão dele foi realizada na última quarta-feira, 8, pela Força Tática do 19º Batalhão da Polícia Militar. De acordo com o tenente Anderson Duarte, a prisão foi realizada em uma comunidade chamada de Comando Favelinha. O homem estava com mandado em aberto.
Lista de presos suspeitos da chacina
Rafael Rocha de Sousa
Francisco Ederson Sampaio Uchoa
Tiago Aguiar de Sousa
Edgar de Abreu Braga
Paulo Henrique Monteiro de Lima
Israel da Silva Andrade
Antônio Wallison Felipe dos Santos
Elenilson Germano Beviláquia
Carlos Henrique da Silva Ferreira
Dois adolescentes apreendidos**
**(nomes preservados conforme o Estatuto da Criança e Adolescente )