Em Fortaleza, criança com deficiência encontra o mar pela primeira vez
Cecília Nogueira, 6, veio de Belo Horizonte a Fortaleza para a realização do sonho de ir à praia. Ela tem mielomeningocele, doença que afeta sua coluna vertebral e impede movimentos
13:55 | Jun. 08, 2018
Atualizada às 17h
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As ondas do mar da Praia de Iracema estavam serenas. Talvez soubessem que receberiam uma visita especial na manhã desta sexta-feira, 8. Deixaram de lado a rebeldia e acolheram a calma para a ocasião. O sol é quente de uma forma que talvez Cecília Nogueira, 6, não fosse acostumada em Minas Gerais. A menina encontra a praia pela primeira vez. Nunca havia colocado os pés na areia nem sentido a brisa do mar no rosto.
Cecília tem mielomeningocele, uma deficiência que afeta sua coluna vertebral e que a impedia de ir ao mar. Uma possibilidade dada pelo projeto Praia Acessível, da Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria de Turismo da Capital, e do Governo do Ceará. Após a família da menina contar o sonho em carta, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes e a CVC disponibilizaram passagens aéreas e hospedagem para a menina e os parentes. Ela chegou em Fortaleza com pai, mãe, irmão e padrinhos na última quinta-feira, 7.
[SAIBAMAIS]O secretário executivo de turismo de Fortaleza, Erick Vasconcelos, contabiliza que o Praia Acessível possibilitou, em pouco mais de dois anos, mais de 3.250 sonhos como o de Cecília fossem realizados. No Nordeste, Fortaleza é uma das duas cidades que tem uma iniciativa como essa e é a única que funciona em todos os meses do ano. “Esse é um projeto nos realiza também na alma”, assume.
De sorriso no rosto, Cecília ergue os braços, ansiosa, para que a tirem de sua convencional cadeira de rodas e a coloquem na cadeira anfíbia que permite seu mergulho. Atravessa a praia na esteira de acessibilidade e, enfim, toca o mar. A primeira onda a assusta, mas logo se acostuma. Brinca com o pai e com o irmão, que entram junto com ela na água. Mãe, madrinha e padrinho observam da areia, realizados.
“Acho que o sonho era mais nosso, porque a Cecília não fala, não anda, ela se manifesta através do sorriso e de alguns gestos”, diz a madrinha, a empresária Kenia Diniz, 55. Ela relata que acompanha a pequena desde o útero, quando foi descoberta a deficiência. “Ela tá muito feliz, hoje tá mais cansada (depois da viagem), mas tá radiante, rindo o tempo todo, abraça todo mundo o tempo todo”, conta, sem tirar o sorriso do rosto em nenhum momento.
A mãe de Cecília, a advogada Ana Keylla de Oliveira, 41, revela que não imaginava que a filha pudesse um dia ter a oportunidade após os curtos seis anos de muita luta e 17 cirurgias. “Estar aqui hoje para a gente é um sonho realizado”, expressa. “Pelos gestos dela, pelas expressões dela, a gente vê que essa é uma experiência que ela não vai esquecer”, agradece.
O Praia Acessível funciona de quarta-feira a domingo, das 8h às 13 horas, exceto nos meses de alta temporada (janeiro, junho e julho), nos quais está disponível durante todos os dias no mesmo horário.