Manifestantes ocupam Casa da Mulher Brasileira em Fortaleza
"Esse dia nunca foi de comemoração", diz Isabel Carneiro, uma das organizadoras da manifestação
13:59 | Mar. 08, 2018
[FOTO1]
Mulheres de diversos movimentos sociais e partidos políticos ocuparam, na manhã desta quinta-feira, 8, a Casa da Mulher Brasileira, no bairro Couto Fernandes. A construção do prédio foi iniciada em 2016 com o objetivo de o local ser uma base para o atendimento de mulheres em situação de violência, com delegacia, serviços sociais, casa de passagem, entre outros. Porém, não há prazo para a inauguração. O grupo reivindica a entrega desse equipamento. Cerca de 500 pessoas estavam na manifestação que começou na praça do terminal de ônibus Lagoa, e que culminou na ocupação do prédio.
“O sentimento é de indignação de todas essas mulheres. Temos esse equipamento de boa qualidade, mas que está fechado”, afirma Raylka Franklin, do Fórum Cearense de Mulheres. Ela conta que as manifestantes estão se preparando para realizar uma assembleia que decidirá o andamento da ocupação do prédio. Intervenções artísticas também serão realizadas no local. Para Isabel Carneiro, também do Fórum, o desmonte de políticas públicas prejudica o controle da violência contra mulheres. Ela denuncia que a única delegacia especializada em combater este tipo de crime de Fortaleza está sem sede própria, que deveria ser na Casa da Mulher Brasileira.
“O que sabemos é que o prédio não é entregue por burocracias entre o Governo Federal e Estadual. Nesse vai e vem, quem perde somos nós”, afirma Isabel. No meio da manifestação, um grupo de adolescentes vestidas de preto carregavam cruzes com os nomes das 52 mulheres mortas em janeiro de 2018. O protesto contra o feminicídio foi articulado pelo Centro Social Betesda, em conjunto com outros movimentos. De acordo com a diretora do centro, Geracina Viana, o feminismo é um assunto sempre discutido com as crianças e adolescentes que passam pelo local. Já na Casa da Mulher Brasileira, as cruzes foram fincadas no jardim da entrada.
Professoras, estudantes, mulheres do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), entre outras articulações de ativistas também marcaram presença na manifestação do Dia Internacional da Mulher. Em conjunto com a pauta principal do feminicídio, mulheres negras e lésbicas também incitaram a discussão sobre suas questões. Louise Santana, ex-candidata a vereadora e estudante de direito, ressalta que o movimento é plural. Apesar da pauta da violência afetar a todas, o movimento tem diversas outras demandas, como o combate à lesbofobia, ao racismo e à opressão de classes. “Temos que perceber que a violência é institucional e percorre todos os âmbitos e pessoas”.