Dossiê contra grupo acusado de agredir jovem negro e gay no Benfica é entregue ao Ministério Público
Conjunto de supostas evidências foi entregue e denúncia protocolada. Grupo é suspeito de agressão a jovem estudante negro e homossexual, no Benfica, no último dia 18
09:20 | Jan. 24, 2018
Autor Lucas Braga
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Lucas Braga
Repórter do O POVO Online
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Foi protocolada nesta terça-feira, 23, no Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), denúncia formal contra suposto grupo skinhead que teria agredido jovem estudante negro e homossexual no bairro Benfica, no último dia 18.
O Fórum Cearense LGBT e a Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap) reuniram conjunto de evidências que demonstrariam outros crimes cometidos pelo grupo nos últimos anos, principalmente de cunho discriminatório e crimes de ódio. Detalhes não puderam ser divulgados para não interferir nos rumos das investigações.
Para a advogada Luanna Marley, integrante da Renap, grupos do tipo discriminam grupos LGBTs, negros, mulheres e seguidores de determinadas religiões ou correntes ideológicas.
“Eles atuam há muito tempo, mas saem do armário nesses tempos de intolerância, muito provocados pelo cenário político que apregoa ideologias discriminatórias e provoca violência”, opina Luanna.
[SAIBAMAIS]
Houve ainda reuniões com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), órgãos de Segurança Pública e Coordenadoria Especial de Políticas Públicas de Direitos Humanos do Governo do Estado, “na perspectiva de providência de políticas de Direitos Humanos voltadas à educação e à cultura”, completa a advogada.
Investigação
O Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc) do MPCE instaurou procedimento no fim da semana passada para o início das investigações.
O MP reconhece que as supostas razões do crime sejam baseadas em intolerância, mas ainda aprofundará investigações "em face de reiteradas postagens em redes sociais que vêm se repetindo há algum tempo no Estado, fazendo apologia ao antissemitismo, discriminação e preconceito étnico e sexual, crimes previstos na Lei 7.716/89".
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o Departamento de Inteligência (DIP) investigam o caso e já realizam diligências. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS) já havia divulgado nota informando que a Polícia Civil também apura o ocorrido.
[FOTO1]Violência
Em entrevista ao O POVO Onlie na tarde deste sábado, 20, o grupo suspeito de responsabilidade pela agressão ao estudante foi apedrejado. Um integrante teve corte na cabeça e foi levado a hospital.
Na entrevista, o grupo se colocou à disposição das autoridades. Eles relataram que faziam panfletagem antidrogas quando um grupo de jovens passou a rasgar os cartazes. A partir disso, teria havido discussão e o estudante foi empurrado. Os entrevistados negaram que o movimento pregue a homofobia ou o racismo. Entretanto, imagens de cartazes atribuídos ao grupo que circularam pelas redes sociais trazem frases como: "O inferno voltou", além símbolos que remetem ao combate contra o feminismo, o comunismo e grupos judeus.
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Versões
A vítima da agressão, por sua vez, afirmou que teve a orelha rasgada e que ouviu dos agressores expressões de cunho racista e homofóbico.
"Me cercaram e começaram a me socar. Eu só tive a reação de proteger a minha cabeça e gritar por socorro. Levei um soco que rasgou de leve minha orelha e mais alguns que me fizeram cair. Enquanto eles me batiam, só ouvia algo relacionado a eu ser um viadinho e um preto imundo", relatou, na rede social Facebook.
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