2018 começa com lição de cidadania e prova de brutalidade extrema
[FOTO1]Uma das primeiras notícias do ano encheu nossos corações de esperança. O policial militar Haley Handroskowy não ligou se a farda era pesada, se os coturnos iriam prejudicar o nado. Pulou no mar de qualquer jeito para salvar a vida de um rapaz que se afogava na Praia de Iracema. Cada segundo era precioso. "Entrei na Polícia Militar para proteger pessoas", destacou o soldado que está há apenas três meses da corporação. Merece todos os reconhecimentos e aplausos possíveis diante de tão bela atitude.
O mesmo, infelizmente, não pode ser dito do ex-namorado de Stefhani Brito, jovem de 22 anos que foi assassinada com requintes de crueldade na noite da última segunda-feira, dia 1º. Ela se junta a outros cinco casos de homicídios contra mulheres ocorridos nas últimas 72 horas em Fortaleza. Uma tragédia na Segurança Pública do Estado que parece só se agravar.
Fatos que vêm nos mostrar o quanto a violência contra mulher chegou a níveis para além de absurdos. Se fazem urgentes medidas mais efetivas de prevenção a esse tipo de crime, aliadas ao fim da impunidade de muitos outros episódios que se espalham pelo Brasil. Segundo o Mapa da Violência Sobre Homicídios de Mulheres, divulgado em 2015, mais de 106 mil mulheres foram assassinadas em todo o País entre os anos de 1980 e 2013.
No Ceará, por exemplo, entre 2014 e 2016, foram 711 mulheres assassinadas. Fruto do aumento das organizações criminosas em que algumas são integrantes, claro, mas também do desenvolvimento uma cultura machista e feminicista que ameaça nossa convivência social. Não tem nada de “mimimi” ou vitimismo. É a mais pura, cruel e chocante realidade. Não dá mais para admitir tamanha letargia. É necessária uma mudança que passa pela qualificação dos aparatos estatais, mas também pela transformação de mentalidades presas ao preconceito. Nos tempos obscuros em que vivemos, não me surpreenderia se aparecesse algum parlamentar ou grupo organizado defendendo a anulação da Lei Maria da Penha.
O ano está só começando. Nos resta torcer, e também tomar atitudes positivas, para que notícias boas possam prevalecer nos próximos meses. Que outros “Haleys” apareçam para nos mostrar que ainda é possível ter fé na humanidade. Que mais pessoas salvem vidas ao invés de tirá-las.
Ítalo Coriolano
editor do portal O POVO Online
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