"Ele foi covardemente assassinado pela pessoa que ele mais confiava", diz Francileudo durante julgamento

14:02 | Nov. 28, 2017

"Só quero Justiça. Um garoto de nove anos, ele foi covardemente assassinado pela pessoa que ele mais confiava. Porque ela o envenenou e ficou olhando. Não senti dor e espero que ele não tenha sentido nada. Só quero que ela pague e eu vou seguir minha vida com a família que me restou", relatou o subtenente Francileudo Bezerra, durante o julgamento da ex-companheira Cristiane Renata Coelho, na manhã desta terça-feira, 28.

O julgamento acontece três anos após o crime que foi registrado no dia 11 de novembro de 2014. Na ação o filho de Cristiane e Francileudo morreu vítima de envenenamento. O subtenente permaneceu em coma enquanto a esposa o acusava de ser u autor do crime, no entanto a melhora de Francileudo fez com que a Polícia chegasse à conclusão que Cristiane planejou e executou o crime.

A defesa de Cristiane e a própria ré pediram para que ela não comparecesse ao fórum. Segundo o promotor de Justiça André Clark, a defesa de Cristiane não pediu testemunhas, apenas certidão de antecedentes criminais. 

 

“A defesa pediu que a acusada não viesse e o juiz teve o cuidado de procurar saber se ela própria pedia isso, então a defesa enviou um documento assinado por ela afirmando que não quer estar presente. É pouco comum, normalmente o acusado quer vir dar a sua versão”, relata. 


Durante o caso o advogado de defesa de Cristiane era Paulo Quezado, mas atualmente a família procurou dois advogados de Recife, que estão atuando. Segundo o promotor que iniciou o caso, Humberto Ibiapina, a sessão do júri é a primeira, no entanto se Cristiane for condenada ou absolvida poderá existir uma segunda sessão.

Conforme Humberto, o Ministério Público espera a Justiça, que seria a condenação da ré por homicídio com qualificadoras de torpeza, crueldade e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.


O advogado de Francileudo, Walmir Medeiros, fez perguntas ao subtenente, assim como os dois promotores de Justiça. Na ocasião, Francileudo comentou sobre detalhes de como conheceu a ex-esposa, da decisão do casal por morar em Fortaleza, do dia do crime e da sua recuperação.

Indagado sobre arrependimento de ter se envolvido com Cristiane, o subtenente disse que não havia arrependimento de ter casado com a ré, pois sem ela ele não poderia ter convivido com o filho durante nove anos.

Francileudo disse que o arrependimento que sentia é de não ter percebido os sinais de que a ex-companheira estava prestes a cometer um crime. Ele ainda relatou que, se soubesse do interesse dela em matar a família, teria "comprado" a guarda das crianças dando uma pensão a ela.

O delegado Wilder Brito, que acompanhou o caso, relatou que o crime, em novembro de 2014, chegou por meio da mídia como se o subtenente tivesse espancado e assassinado a esposa e o filho, em seguida tentado o suicídio. A versão era de Cristiane e Francileudo, mesmo em coma, foi autuado em flagrante, pelo delegado plantonista do 11º DP, que atendeu o caso inicialmente.

Quando começou a ouvir Cristiane, a princípio como vítima, o delegado diz que percebeu inúmeras divergências no depoimento dela com o de vizinhos e outras pessoas. A mensagem de despedida no facebook de Francileudo possuía uma linguagem diferente da que um homem utiliza.

O delegado afirma que, ainda com Francileudo em coma, a mensagem foi editada, e ele descobriu que o celular dele estava em posse de Cristiane. Ela ainda disse que havia apagado as redes sociais do marido, no entanto Wilder Brito diz que a desconfiança só aumentou, pois indagada se possuía a senha, Cristiane negou, mas apagar redes sociais só é possível quando se coloca a senha.

 

O caso 

 

Cristiane Renata Coelho, de 41 anos é acusada do assassinato do filho autista, de nove anos, por envenenamento e pela tentativa de homicídio contra o esposo, subtenente Francileudo.