Câmeras flagraram advogado abandonando veículo de guarda municipal
O advogado foi indiciado por homicídio, furto qualificado e ocultação de cadáver. Vítima foi morta por envenenamento e asfixia[FOTO1]
Após investigação que durou um mês e 11 dias com um inquérito de aproximadamente 500 páginas, a Divisão de Homicídios e proteção à Pessoa (DHPP) fez um passo a passo do trajeto do veículo (mapa.jpg) do guarda municipal José Gonçalves Fonseca, 51, que foi encontrado morto no dia 8 de março.
As câmeras de circuito de monitoramento de prédios e estabelecimentos comerciais identificaram que o advogado Victor Henrique da Silva Ferreira Gomes, de 23 anos, abandonou o automóvel do guarda municipal na rua General Silva Júnior.
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A situação aconteceu ainda na tarde do último 6 de março, dia do desaparecimento do José Gonçalves. Além disso, o diretor da DHPP, delegado Leonardo Barreto, afirmou que uma testemunha realizou o reconhecimento fotográfico de Victor em meio a outras três fotografias de pessoas diferentes.
[SAIBAMAIS]
A DHPP descobriu que o guarda municipal, com um vendedor e um corretor do imóvel, negociavam a venda de um imóvel e estavam prestes a descobrir que Victor havia gasto o dinheiro de José Gonçalves. De acordo com o delegado George Monteiro, a vítima pagou o valor inicial pelo imóvel e possuía R$ 265 mil na conta bancária, que era proveniente da venda de um imóvel anterior.
No entanto, conforme o delegado, o advogado induziu a vítima a depositar a quantia na própria conta, sob o argumento de que seria necessário fazer um depósito judicial para garantir a legalidade da venda.
"Essa transação de transferência se efetivou no dia 22 de novembro e 10 dias depois identificamos transações que mostram que o advogado poderia ter utilizado o dinheiro para outros fins, como o pagamento de um imóvel adquirido pelo próprio Victor e a compra de um automóvel à vista", ressaltou.
Familiar
O delegado Leonardo Barreto afirma que Victor ganhou a confiança do guarda municipal, pois era casado com a sobrinha dele. A aproximação da família da vítima permaneceu durante o começo da investigação e Victor chegava a ir até a delegacia no intuito de passar informações e fazer com que a Polícia acreditasse em outra linha de investigação. Ele apontava o corretor e o vendedor do imóvel como autores, além de cobrar agilidade da Polícia.
Conforme o diretor da DHPP, no decorrer da investigação, Victor foi confrontado com as provas técnicas que existiam contra ele e permaneceu calado. Ele também se negou a fornecer material genético de DNA. No depoimento fornecido à Polícia, Victor diz que estava na casa da avó e que entregou a quantia de R$ 120 mil ao guarda municipal. A partir desse momento, ele não o viu mais.
No dia do desaparecimento, o advogado foi até o 2º DP (Aldeota) com a companheira da vítima e realizou um boletim de ocorrência. No dia que o carro foi encontrado, ele também esteve presente e chegou a parabenizar os policiais. No entanto o delegado Leonardo Barreto diz que Victor foi até um apartamento nas proximidades em busca de imagens de câmeras de segurança e se certificar se o carro abandonado aparecia nas imagens.
“Aí, aparece um pressuposto processual para a representação da prisão temporária dele, pois estava interferindo ou tentando interferir nas investigações. Foi preso no dia 23 de março por prisão temporária”, relatou o diretor da DHPP.
Indiciamento
O laudo pericial identificou que o guarda foi morto por envenenamento com 'chumbinho' e por asfixia. Victor foi indiciado por homicídio triplamente qualificado, furto qualificado e ocultação de cadáver. "Foi pela motivação financeira, emprego de veneno e impossibilidade da vítima de se defender para assegurar a não devolução da quantia em dinheiro”, ressaltou o delegado George Monteiro.