Acidentes com animais peçonhentos aumentam 38% em uma semana
Veja quais cuidados ter em casa para evitar e quais procedimentos tomar em caso de picada de escorpiões
20:07 | Abr. 27, 2017
[FOTO1]
Em uma semana, as notificações de acidentes de animais peçonhentos no Ceará passou de 495 para 684 - um aumento de 189 casos, o que representa um crescimento de 38% de notificações. Fortaleza, com 108 casos, acumula 15,7% dos casos do Estado. Barbalha, com 44 casos, e Icapuí, com 23 notificações, são municípios também com alta incidências. Os números, divulgados, nesta quinta-feira, 27, fazem parte do boletim de Atualização Semanal das Doenças de Notificação Compulsória da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
Coordenadora do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ceatox) do Instituto Dr. José Frota (IJF) - centro de referência no Estado -, a médica Polianna Lemos indica que os casos são a maioria causados por picada de escorpião, seguido por ocorrências de cobra, e diminutos casos de aranhas, lagartas de fogo, piolhos de cobra.
Lixo
No caso dos escorpiões, a coordenador aponta que o acúmulo de lixo é fator preponderante para proliferação e aparecimento no animal. “Por isso, manter calhas, esgotos limpos e não obstruídos, e não acumular lixo é fundamental”, ensina.
Diferente dos casos de picada de cobra - que aumentam no período chuvoso e no de cultivo do caju, quando homens, adultos jovens, em sua maioria agricultores, ficam mais expostos - nas ocorrências de escorpiões as chuvas não influenciam diretamente. Porém, o maior volume de água entrando em esgotos e galerias de drenagem fluvial pode fazer com que os escorpiões saiam das tubulações.
Além disso, as chuvas aumentam a dificuldade do controle da aglomeração de resíduos sólidos e de saneamento básico, o que intensifica o número de baratas doméstica e insetos em geral - de que se alimentam os escorpiões.
Vítimas
As vítimas, segundo Lemos, não tem um perfil definido, mas as picadas de escorpião podem levar a agravações principalmente em crianças e idosos com comorbidades. “95% dos casos que recebemos são leves a moderados, e o tratamento consiste em tratar a dor que é intensa. Os outros 5% que se complicam em geral são crianças e idosos. O animal com maior incidência no Ceará (de cor alaranjada que mede entre 3 e 5 centímetros) não toxicidade elevada capaz de matar um adulto, mas uma criança pode ter reações cardíacas, respiratórias, circulatórias e que pode colocar a vida em risco. O mesmo caso em idosos que apresentam diabetes, hipertensão, doenças cardíacas”, detalha.
Após ser picada, a vítima pode procurar qualquer unidade de saúde para fazer o controle da dor - que em geral não passa com analgésicos comuns. O paciente é então observado de quatro a seis horas - após esse período, caso não ocorram complicações, é raro que as reações se agravem. Falta de ar, pressão baixa, pele fria, e problemas circulatórios são as principais reações graves. Só então é necessário a manipulação do soro antiescorpiônico.
No caso de encontrar escorpião em casa, a coordenadora recomenda que, se possível, o animal seja colocado em um recipiente, com o cuidado necessário na manipulação, com ajuda de uma pá, e seja jogado em um ambiente que não traga risco.
Dúvidas sobre o incidentes podem ser tiradas em contato com o Ceatox no número 85 3255 500 ou 3255 5012.
Como manter a casa protegida
• Utilizar equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas de raspa de couro e calçados fechados, durante o manuseio de materiais de construção (tijolos, pedras, madeiras e sacos de cimento); transporte de lenhas; movimentação de móveis; atividades rurais; limpeza de jardins, quintais e terrenos baldios, entre outras atividades.
• Olhar sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer.
• Não colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre pedras. Caso seja necessário mexer nesses lugares, usar um pedaço de madeira, enxada ou foice.
• No amanhecer e no entardecer, evitar a aproximação da vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, pois é nesse momento que serpentes estão em maior atividade.
• Não mexer em colmeias e vespeiros. Caso estas estejam em áreas de risco de acidente, contatar a autoridade local competente para a remoção.
• Inspecionar roupas, calçados, toalhas de banho e de rosto, roupas de cama, panos de chão e tapetes, antes de usá-los.
• Afastar camas e berços das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários.
Como contribuir para limpeza das ruas
• Não depositar ou acumular lixo, entulho e materiais de construção junto às habitações.
• Evitar que plantas trepadeiras se encostem às casas e que folhagens entrem pelo telhado ou pelo forro.
• Controlar roedores existentes na área.
• Não montar acampamento próximo a áreas onde normalmente há roedores (plantações, pastos ou matos) e, por conseguinte, maior número de serpentes.
• Não fazer piquenique às margens de rios, lagos ou lagoas, e não encostar-se a barrancos durante pescarias ou outras atividades.
• Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede e terrenos baldios (sempre com uso de EPI).
• Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés.
• Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos.
• Manter limpos os locais próximos das residências, jardins, quintais, paióis e celeiros.
• Combater insetos, principalmente baratas (são alimentos para escorpiões e aranhas).
Serviço
Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox)
Contato: (85) 3255-5050