Adail Carneiro nega ser dono de R$ 6 milhões apreendidos em locadora de irmão
Quantia em espécie estava em locadora de veículos na Aldeota, um dos endereços vistoriados na Operação Km Livre. Mandados vieram do STF. Deputado nega ser sócio da empresaCerca de R$ 6 milhões foram apreendidos nesta sexta-feira, 9, após busca e apreensão realizada em três endereços ligados ao deputado federal cearense Adail Carneiro (PP). A quantia estaria dividida em pacotes com cédulas de 100 reais e foi encontrado num cofre da empresa Locadora de Autos Ceará (Lauce), na avenida desembargador Moreira, na Aldeota.
A operação, executada pela Polícia Federal e acompanhada por cinco procuradores federais, foi batizada de Km Livre, em referência ao segmento da empresa. Os mandados foram autorizados pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.
Por telefone, de Brasília, onde estava ontem, Adail Carneiro disse ao O POVO que não é sócio da Lauce há cerca de seis anos e que ela pertence a um irmão seu. “Não sei se o valor (apreendido) foi exatamente esse. Mas é um dinheiro absolutamente lícito, oriundo de contatos de locação de veículos com a Prefeitura de Fortaleza”, afirmou o parlamentar. A empresa existe há aproximadamente dez anos. O POVO não obteve contato do irmão do deputado.
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AssineAdail disse que a Lauce mantém cerca de 40 contratos de locação com a Prefeitura da Capital, com um faturamento mensal de R$ 3,2 milhões. “Inclusive a Prefeitura está com bastante atraso. Esse dinheiro é de um pagamento recente feito por ordem bancária pela Sefin (Secretaria de Finanças). É dinheiro legal, é contabilizado e é caixa da empresa”, pontuou o parlamentar. Os contratos seriam vigentes desde 2014, segundo ele. Abrangendo 840 veículos, mais salários de motoristas, combustível, encargos e benefícios.
Outro local visitado pelos agentes federais foi um escritório de contabilidade no bairro Papicu, onde foram apreendidos computadores e documentos. O terceiro endereço só foi vistoriado no período da tarde – O POVO não conseguiu confirmar onde seria.
Outros dois endereços, no Centro e na Sapiranga, teriam constado na lista, mas acabaram não sendo vistoriados. Um dos procuradores contatados informou que a investigação partiu do Ministério Público Federal, em Brasília, e que o MPF local apenas deu apoio à operação.
“Aproveito o ensejo para desafiar qualquer órgão competente a provar se eu tiver recebido qualquer recurso ilícito na minha vida empresarial ou política”, declarou Adail Carneiro. Ontem à tarde, representantes da empresa Lauce foram ouvidos na sede da Polícia Federal, no Ceará.
À noite, através da Assessoria de Imprensa, a Prefeitura de Fortaleza repassou informações divergentes das que foram declaradas pelo deputado. A Prefeitura informou que o contrato atual de locação de veículos não é com a locadora Lauce, mas com a empresa LA Brasil (Locadora de Autos Brasil). A LA Brasil, segundo a Prefeitura, é a mesma empresa que mantinha contrato na gestão anterior e, em 2014, venceu a licitação da gestão atual.
O POVO não teve acesso aos termos contratuais descritos. Tanto as informações da Prefeitura como as do deputado Adail Carneiro foram repassadas apenas por telefone. Não foi possível contato da empresa LA Brasil.
Adail cita “livre arbítrio” ao defender impeachment
Deputado federal eleito em 2014, Adail ficou marcado recentemente pelo voto favorável ao impeachment de Dilma Rousseff. Até o dia anterior à histórica sessão da Câmara de 17 de abril deste ano, quando se confirmou o afastamento da então presidente do cargo, Adail dava sinais políticos de ser contra o processo.
Até posou ao lado do governador Camilo Santana, de Dilma e da bancada cearense contrária ao impeachment, no Palácio do Planalto. “Sobre isso, quero deixar claro que temos o livre arbítrio, como deputado, de mudar de opinião para atender ao meu sentimento e ao da maioria do eleitorado. Faço questão de ressaltar isso”.
Perguntado se atribui a uma alguma motivação política o envolvimento de seu nome na Operação de ontem, o deputado não quis ser específico. “Melhor dizer que não sei do que se trata e o porquê dessa operação”.
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