Secretário diz haver 'glamourização' de ataques criminosos
Delci Teixeira afirma ser preciso cuidado quando se fala sobre as facções criminosas que agem nos presídios cearenses. Caso contrário, pode se criar um "clima de histeria"
11:25 | Abr. 27, 2016
"Hoje, qualquer pirangueiro que joga uma pedra no vidro da janela de uma delegacia, por exemplo, já é considerado o novo Al Capone. Aí, chega no presídio como se fosse um bandido de extrema periculosidade". A declaração é do titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Delci Teixeira. Segundo ele, existe uma "glamourização" dos ataques feitos a prédios públicos, que precisam ser tratado "com muito cuidado, para não criar um clima de histeria".
As afirmações foram feitas ao Blog do Eliomar, no início desta manhã, enquanto o secretário esperava voo para Brasília (DF). Nesta quarta-feira, 27, o secretário se reúne com diversos representantes do Ministério da Justiça (MJ). O objetivo é "buscar parcerias, sobretudo, na área de inteligência", conta Delci Teixeira. As reuniões ocorrem na Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), no Departamento de Execução Penal (Depen) e na Polícia Federal (PF).
O secretário reitera que todos os presídios do País registram a ocorrência de facções criminosas. Ele diz que as organizações são formas dos recém ingressos se protegerem no Sistema Penitenciário. Assim, ele critica "distorções" da fala do governador Camilo Santana (PT) dando conta de que ele havia recebido ameaças. Segundo o secretário, é "absolutamente normal" comentários positivos e negativos feitos nas divulgações, em mídias eletrônicas, das ações do Governo do Estado. "Daí a dizer que têm delegados federais fazendo a segurança [do governador] é ir longe demais", cita.
"É óbvio que ações estão sendo tomadas no âmbito da segurança e estão ocasionando esse tipo de reação da criminalidade. Mas, como o próprio governador acredita e tem determinado, a segurança pública não vai recuar um milímetro no que está fazendo", afirma.
O secretário reconhece ser "grande" a sensação de insegurança, mas que, "apesar de todas as dificuldades", a SSPDS está conseguindo aos poucos reverter o quadro. O secretário cita investimentos em cursos e concursos realizados pela pasta mesmo em uma situação financeira que leva outros estados a sequer conseguirem pagar em dia seus servidores. "Claro que [os investimentos] não ocorrem na quantidade que queremos, mas são feitos na quantidade que é possível", diz.
Saiba mais
Entre 5 e 17 de abril, 13 atentados foram registrados na Grande Fortaleza, incluindo ataques a delegacias, antenas de telefonia incendiadas. Nos úlitmos dois meses, foram 28 ataques contra propriedades públicas e privadas no Estado.
As investigações ocorrem de maneira descentralizada e a Polícia Civil não acredita que um mesmo grupo tenha coordenado todas as ações. No entanto, existem indícios de que organizações criminosas do Sudeste que agem nos presídios cearenses podem estar articulando, pelo menos, alguns dos atentados. Seria uma retaliação à lei que proíbe as operadoras de telefonia de oferecer sinal telefônico em áreas de presídios.