Marcha contra o fascismo em Fortaleza termina com operação do Cotam
Quatro pessoas ficaram feridas e cinco homens foram encaminhados ao 2º DP. O POVO Online tentou entrar em contato com o Comando Tático Motorizado para falar sobre a operação e com o 2º DP, mas as ligações não foram atendidas
23:59 | Abr. 30, 2016
A “Marcha antifascista”, que percorreu da Praia de Iracema à Beira Mar, em Fortaleza, terminou com uma operação do Comando Tático Motorizado (Cotam) na noite deste sábado, 30.
Quando os integrantes do movimento percorriam a avenida da Abolição, a Polícia utilizou balas de borracha e gás lacrimogênio para dispersar os manifestantes e desobstruir a via. Não houve confronto entre os dois grupos. Quatro pessoas ficaram feridas na operação e cinco homens foram encaminhados ao 2º Distrito Policial (DP), conforme O POVO Online apurou.
Veja o momento da operação
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Os manifestantes, alguns vestidos de roupas pretas e com os rostos cobertos, gritavam palavras de ordem e seguravam bandeiras com o símbolo do anarquismo e faixas com os dizeres: “Todo Estado é fascista”.
“Palhaçada. Bate panela, mas quem trabalha é a empregada”, “Ei burguesia, a culpa é de vocês” e “Poder. Poder. Poder para o povo” e “Nem lado A, nem lado B. Eu quero o povo no poder”, diziam as frases entoadas pelo grupo. Eles disseram não possuir nenhum posicionamento político.
O protesto
Cerca de 250 manifestantes, dentre mulheres, homens, crianças, idosos e deficientes visuais, segundo os organizadores, protestaram contra o fascismo, racismo e padrões impostos pela sociedade. A marcha iniciou às 17h40min na estátua de Iracema, na Praia de Iracema, percorrendo a Beira Mar até chegar às 19h na avenida da Abolição, onde ocorreu a ação da Polícia.
Outra manifestação, sem vínculo com a anterior, intitulada “Ato pela democracia” que aconteceu das 16h às 17h30min, no Aterro da Praia de Iracema, terminou de forma pacífica. Nesta, o protesto era contra o posicionamento ideológico do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e contra o andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
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Boneco do Bolsonaro
Em uma parada no cruzamento das avenidas Desembargador Moreira com Beira Mar, os manifestantes atearam fogo em um boneco que representava o deputado federal Jair Bolsonaro. Com aplausos e gritos a favor da atitude, o grupo gritava: “Fascistas não passarão”. O protesto aconteceu um dia antes da manifestação marcada para o domingo, 1º de maio, na Capital cearense, em apoio ao parlamentar.
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Uma das transeuntes falou sobre o ato. “Não sou contra a manifestação. Sou contra gente agressiva”, disse Eliane Fernandes, de 63 anos, turista paulista e massoterapeuta.
Operação da Polícia
Yargo Gurgão, de 29 anos, jornalista do Coletivo Nigéria, desaprovou a operação realizada pelos oficiais. “Impediram (Polícia) de gravar a operação e ainda fui ameaçado de ser preso caso não parasse de filmar”, afirmou. Ele falou que irá recorrer ao Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindijorce) para denunciar o caso.
Três dos quatro feridos denunciaram o "abuso de poder" do Cotam. “Não teve diálogo. A gente não estava fazendo nada”, disse um deles.
Em entrevista ao O POVO Online, outro manifestante acusou os policias de racismo por levarem para o 2º DP dois adolescentes negros, que segundo ele, não tinham "nada a ver com a manifestação".
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“Ainda bem que foi só um susto. A gente não é vândalo. Só estamos defendendo a minoria”, desabafou outra. Os três, que não quiseram se identificar, não compareceram a nenhuma unidade hospitalar para tratar dos ferimentos. O POVO Online não conseguiu conversar com o outro ferido para saber sobre o seu estado de saúde.
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Versão da Polícia
O POVO Online tentou entrar em contato com o Cotam para falar sobre a operação e também com o 2º DP, onde os homens foram encaminhados, mas as ligações não foram atendidas até a publicação desta matéria.