Funcionários do complexo hospitalar da UFC fazem panelaço contra demissões e salários atrasados
Os trabalhadores temem o encerramento do contrato entre UFC e Sameac, previsto para o próximo dia 18. Uma nova audiência de conciliação será realizada no dia 30 de março, mas até lá novas manifestações devem ser feitasUm grupo de cerca de 20 funcionários da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac) e do Hospital Universitário Walter Cantídio fizeram na manhã desta quarta-feira, 4, em frente à Reitoria, um panelaço contra a demissão de 700 terceirizados da Sociedade de Assistência a Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Sameac). Os trabalhadores, organizados pelo Movimento em Defesa dos Trabalhadores da Saúde (MDTS), também reivindicam o pagamento dos salários de novembro e dezembro de 111 funcionários.
A demissão foi definida pela Portaria n° 208 do Ministério da Educação, que determinou a substituição dos contratados pelas Fundações de Apoio por servidores concursados. Para isso, foi criada a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que vem assumindo as funções de gestão administrativa dos hospitais universitários.
Em audiência de conciliação realizada na última quarta-feira, 27, as demissões foram temporariamente proibidas, mas os trabalhadores dizem que ainda estão ameaçados porque o encerramento dos contratos está marcado para o dia 18 de fevereiro. "Temos a proposta de prorrogar essas demissões por mais cinco anos, o que daria oportunidade pro pessoal se aposentar. Tem gente com 30 anos de serviço, mas ainda não tem a idade para se aposentar", explica Rosa da Fonseca, integrante do movimento Crítica Radical, que presta apoio ao MDTS.
[SAIBAMAIS 2] A auxiliar administrativa da Meac, Francimeire Almeida, 53, acusou o Governo de “descartar os funcionários”. “Estou há 27 anos no hospital, essa Ebserh foi criada na calada da noite, um desrespeito aos trabalhadores. Como é que vão demitir gente depois de todo esse tempo de trabalho?”. Ela e a colega, Maria Auxiliadora, 61, estão na primeira lista de funcionários demitidos e, por isso, temem não conseguir a aposentadoria. "Tem gente sem ter como pagar conta de água e luz porque ficou sem receber, mas estamos em regime de greve, sem deixar de cumprir as nossas funções", completa Maria.
Procurada, a UFC disse que respeita e cumpre as decisões judiciais, inclusive o acordo judicial que prevê o encerramento dos contratos. ''Não há, no momento, qualquer ordem judicial de prorrogação do contrato além desse limite", disse, em nota. A universidade disse ainda, por meio de assessoria, que a questão salarial deve ser direcionada à Sameac.
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O POVO Online entrou em contato com a Sameac, que informou que um posicionamento será emitido apenas nesta quinta-feira, 5. Uma nova audiência de conciliação entre os funcionários e a UFC está marcada para o dia 30 de março.
Panelaço
Apesar da baixa adesão nesta manhã, o MDTS prevê novos atos com o apoio de alunos, professores e servidores da universidade. "Ontem [quarta-feira, 3] fizemos uma reunião na Arquitetura com o sindicato dos Médicos, estudantes. Estamos entrando em contato com vários setores da UFC, que já apoiaram os trabalhadores da Sameac", disse Rosa da Fonseca.
Segundo ela, a susbtituição dos profissionais deve preocupar toda a sociedade, pois influencia diretamente na questão do ensino e da pesquisa nos hospitais universitários. "A implantação da Ebserh quebra a autonomia da universidade, transformando os [hospitais] universitários em unidades de atendimento apenas do ponto de vista mercadológico. Os doentes, que antes ficariam em observação pelos professores e alunos, vão sendo liberados como se fosse um hospital de emergência", criticou.