''Estrigas não era só artista, era um grande articular do movimento cultural'', diz Roberto Galvão
Segundo Roberto, a obra de Estrigas é reconhecível devido a uma estética própria. Artista lutava contra um câncer e estava com a saúde bastante debilitada
O artista plástico cearense, Nilo de Brito Firmeza, morreu na noite da última quinta-feira, 2, aos 95 anos. Estrigas, como era conhecido, marcou as artes do Estado e sua morte é motivo de tristeza no meio cultural. “Quando ele ainda nem era artista, já era um grande articulador do movimento cultural. Na casa do Mondubim, surgiu o grupo Clã”, explica Roberto Galvão.
Galvão, que é artista plástico e escreve sobre o assunto desde 1984, pontuou três motivos que fazem de Estrigas uma personalidade inesquecível. “O grupo Clã denota a efervescência cultural do ceará. Nos anos 50, ele já vivia o mundo cultural, até que resolveu ser pintor. É um dos mais significativos artistas, de uma personalidade incrível”, detalha.
[SAIBAMAIS 2] Segundo Roberto, a obra de Estrigas é reconhecível devido a uma estética própria. "É um modo de fazer muito pessoal, sensível. E sua terceira face é o de memorialista, ele contribuiu enormemente para a fixação da arte, apoiou os jovens. O Ceará deve muito a ele", revela.
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Clã <br>O grupo Clã foi fundado em 1943 e reuniu, no Ceará, os escritores da chamada Geração de 45 do Modernismo. Revistas e livros do grupo foram publicados com as contribuições de artistas como Antônio Girão Barroso, Antônio Martins Filho, Artur Eduardo Benevides, Braga Montenegro e Eduardo Campos.
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AssineArtur Eduardo Benevides, que morreu no último dia 21, disse que o Clã procurou criar em Fortaleza “um clima cultural em que escritores e artistas pudessem atingir status profissional e recebessem, ao lado de vantagens pecuniárias, o estímulo necessário à produção literário”.
Segundo Sânzio de Azevedo, o grupo Clã foi fundamental para resgatar o movimento modernista no Estado. “Muito se fala da Padaria Espiritual, que foi sim um grupo muito inovador, mas em nível de produção o grupo Clã foi muito mais rico. Foi um grupo coeso, que nos deixa vasta produção literária”, completa o escritor Carlos Vazconcelos.
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