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Informação é cura, diz médica que superou o linfoma

A médica Niedja Bezerra, que descobriu o câncer em janeiro, superou a doença e agora incentiva a prevenção do câncer, através de campanha promovida pelo Grupo de Apoio ao Paciente Onco-Hematológico do Ceará
14:27 | Set. 16, 2014
Autor Amanda Araújo
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Tipo Notícia

“O câncer era uma sentença de morte, hoje eu digo que é uma sentença de vida”, comenta a médica reumatologista Niedja Bezerra, 40, sobre sua experiência com o linfoma, um tipo de câncer que ocorre quando uma célula do sistema linfático se desenvolve de forma anormal. Com menores ocorrências no País, a cura da doença avança e tem como chave um diagnóstico precoce.

"Quanto mais cedo o paciente descobrir, maiores as chances de cura. Além disso, nos últimos 10 anos foi o câncer que mais evoluiu no tratamento, inclusive com uma droga menos drástica, a rituximab, que é uma anticorpo monoclonal com menos efeitos colaterais”, explica Niedja. Em janeiro deste ano, ela conta que sua vida mudou quando foi diagnosticada com o câncer do tipo linfoma no baço. “Primeiro veio o medo, a dúvida, e depois me apeguei muito a Deus, que me ajudou no tratamento. Minha fé ascendeu”, relembra.

Depois de realizar uma cirurgia para tirar o órgão comprometido e passar por quimioterapia, ela comemora a cura e quer mais: levar informação às pessoas sobre o tratamento da doença, tida como “bicho de sete cabeças”. “Quando você enfrenta isso de forma serena e procura ajuda médica especializada, você percebe que não é o fim da sua vida, mas um recomeço”, destaca. No caso dela, além da ajuda da família, o acompanhamento veio de algumas “borboletinhas”, amigas que se comprometeram a dar suporte emocional durante a fase de enfrentamento da doença.

[SAIBAMAIS 1] Agora, as “borboletinhas da Ni” dão continuidade ao projeto e já possuem 21 “mimados” (como são apelidados os pacientes acompanhados). Ao todo, 54 pessoas integram o grupo, que promove orações e arrecada doações para os pacientes sem condições financeiras. “Uma das coisas que mexe muito, no caso da mulher, é quando o cabelo cai, uma das nossas ações foi levar turbantes para o Instituto do Câncer do Ceará. Quando eu me curei, eu percebi que aquela ideia das “borboletinhas” deveria seguir, mais pessoas precisavam disso”, relata.

Além de levar adiante o grupo das amigas, Niedja foi nomeada embaixadora da Campanha contra o Câncer, desenvolvida neste mês pelo Grupo de Apoio ao Paciente Onco-Hematológico do Estado do Ceará (Gapo), e escreveu um livro sobre esse período, chamado “Panapaná”.  O Gapo desenvolve, ao longo do mês, um trabalho de conscientização sobre o tratamento do linfoma e quer estimular a doação de medula óssea. “No meu caso, tive a cirurgia, mas a maioria das pessoas faz a quimioterapia e precisa de um transplante de medula. É difícil achar gente compatível, por isso a necessidade de alcançar o maior número de pessoas para essa causa”, pontua.

Linfoma e sintomas
O linfoma se divide em dois tipos, o hodking e não-hodking. No primeiro, há alteração de células especiais, chamadas “reed-sternberge”, que aumentam os nódulos linfáticos. No segundo, mais comum, as celular do sistema linfático sofrem alterações. Os sintomas mais comuns, conforme o Presidente da Sociedade Cearense de Oncologia, Luiz Porto, são anemia, formação de gânglios no pescoço, na virilha e axila, febres inexplicáveis, suor noturno e perda de peso. Segundo ele, os linfomas são os primeiros cânceres curáveis com fitoterápicos, terapia associada ou bioterapia. “A cura está cada vez mais fácil, não é um dos cânceres mais comuns, mas há dois picos de incidência, entre jovens na faixa dos 20 anos e pessoas da terceira idade”, completa.

Niedja, que é mãe de três filhos, afirma que é preciso desmistificar a ideia de incurabilidade da doença. “Não é impossível, as pessoas devem se informar, prestar atenção nos sintomas. Pra mim, serviu para simplificar a vida, pude recomeçar mais forte. Eu dizia para as amigas que ia passar por muitos desertos, mas ia encontrar um oásis no caminho”, incentiva. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, no Ceará, são esperados 50 casos de linfoma hodking em homens e 30 casos em mulheres. Para o linfoma não-hodking, a previsão no Estado é de 160 casos em homens e 140 em mulheres.
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Doador de medula  <br>O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) é o responsável pelo cadastro dos possíveis doadores de medula óssea no Ceará. Para se cadastrar, é preciso ter entre 18 e 55 anos, estar bem de saúde, não ter tido câncer e apresentar documento de identidade e comprovante de endereço.

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O cadastro é concluído com a assinatura de um Termo de Consentimento e a coleta de uma amostra de sangue (10ml), conforme o centro. O doador fica então cadastrado no Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome) e, caso seja compatível, é procurado pelo Hemoce.
Endereço: av. José Bastos, 3390, bairro Rodolfo Teófilo
Fone: (85) 3101.2296 /0800 286 2296
Cadastro: http://goo.gl/3q8rE

Serviço
O livro “Panapaná” custa R$ 20 e é vendido nas lojas Mulher Cheirosa, Diamond Designer (no pátio Dom Luiz) e Bob Store. Todo o dinheiro arrecadado será revertido em doações para o Grupo de Apoio ao Paciente Onco-Hematológico do Ceará.
Endereço: Rua Samuel Uchoa, 1388 - Rodolfo Teófilo
Telefone: (85) 3223-2624
Mais informações sobre a campanha: https://www.facebook.com/gapoceara?fref=ts

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