Aluna não quis assistir aula sem arma, diz UFC

Segundo a Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar do Ceará, estudante foi expulsa por estar fardada. UFC nega versão e disse que ela não quis guardar sua arma

09:00 | Set. 04, 2014

Atualizada às 11 horas

A aluna da Universidade Federal do Ceará (UFC) que alegou ter sido expulsa do Campus do Benfica por estar fardada, na noite da última quarta-feira, 3, teria sido orientada a guardar sua arma no cofre da Divisão de Segurança da universidade, conforme a UFC. Em nota enviada nesta quinta-feira, 4, a instituição disse que ela optou por não assistir à aula sem sua arma.

De acordo com a Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar do Ceará (ACSMCE), a estudante não teria guardado sua arma no carro "por motivos de segurança". Outros alunos acionaram a segurança da instituição quando perceberam a presença de uma aluna armada em sala de aula.

Ainda segundo a UFC, os seguranças informaram que a policial poderia assistir a aula fardada, porém não poderia estar portando a arma no local. “Foi sugerido a ela guardar sua arma no cofre da Segurança, mas ela disse não concordar e se dirigiu à Diretoria do Centro de Humanidades, onde foi acolhida, informada de que era bem-vinda e que poderia assistir às aulas como qualquer aluno, inclusive fardada, desde que guardasse sua arma. A aluna, então, preferiu não assistir à aula”, completa a nota.

Após a repercussão do caso, a Secretaria da Segurança Pública e
Defesa Social (SSPDS) disse, em nota, que repudia a conduta adotada pela universidade, “pois expressa um sentimento pejorativo com relação à policial militar e a instituição Polícia Militar”. Segundo a secretaria, não há qualquer impedimento legal para que a servidora frequente as aulas com suas vestimentas e equipamentos de trabalho.

Confronto de ideias  <br>Segundo o tenente-coronel Fernando Albano, relações-públicas da Polícia Militar, a corporação desconhece qualquer lei que proíba o porte de arma em salas de aula. “Se existe essa lei, nós não sabemos. O Policial pode estar com seu vestuário, que incluí armamento e farda”, pontua.

Para o advogado Atila Gomes, o código penal militar faz com que os policiais sejam obrigados a manter o armamento em seu poder constantemente caso não haja local para o depósito desse material. “Não há uma lei, mas existe um conflito entre coletivo e uso militar, seria importante uma legislação limitando esse posicionamento no caso de redes de ensino”, avalia.

Ato público
A ACSMCE também publicou uma nota de repúdio à atitude da universidade, pois segundo a policial, a diretora do centro de Humanas justificou que a aluna não poderia permanecer no local por conta do fardamento e não por estar armada.

Um ato público da associação está marcado para as 17 horas desta sexta-feira, 5, na avenida da Universidade. Segundo a descrição do evento, a manifestação será “pelo direito de ir e vir de policiais fardados em instituições de ensino”.

Redação O POVO Online