Intercâmbio e cooperação entre China e países lusófonos trazem nova vitalidade a Macau com suporte de política nacional
Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa fortalece a construção de uma base de intercâmbio e cooperação para a promoção da coexistência multicultural*O 14º Plano Quinquenal da China (2021-2025) estipula que o país apoia a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) na ampliação das funções da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa e na construção de uma base de intercâmbio e cooperação para a promoção da coexistência multicultural, com predominância da cultura chinesa.
Localizado na margem do Lago Nam Van, em Macau, o Complexo da Plataforma já entrou em funcionamento oficial, tornando-se agora um símbolo brilhante para o intercâmbio e a cooperação entre a China e o mundo lusófono.
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APROVEITAR O MECANISMO DO FÓRUM DE MACAU
"Desde a criação, em outubro de 2003, o Fórum de Macau (Fórum para a Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa) passou por duas expansões de membros, realizando uma 'grande reunião' entre a China e os países de língua portuguesa (PLPs) no fórum e promovendo uma 'grande cooperação' em uma ampla gama de áreas dentro dos países", disse Ji Xianzheng, secretário-geral do Secretariado Permanente do Fórum de Macau, em uma entrevista recente.
Estabelecido em Macau pela iniciativa do governo central chinês, o Fórum de Macau é um mecanismo multilateral com o objetivo de consolidar o intercâmbio econômico e comercial entre a China e os PLPs.
Segundo Ji, o Fórum de Macau é uma plataforma de benefício mútuo e ganhos recíprocos. "Com foco na cooperação econômica e comercial, o fórum tornou-se um modelo de cooperação amigável entre países com diferentes sistemas sociais, origens culturais, estágios de desenvolvimento e tamanhos, bem como uma prática vívida da construção de uma comunidade com um futuro compartilhado", acrescentou.
Ao longo dos anos, a cooperação econômica e comercial entre a China e os PLPs produziu resultados frutíferos no âmbito do fórum, afirmou Tang Weng Hei, diretor do Departamento de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum de Macau e Promoção Dos Mercados Lusófonos.
Conforme ele, o projeto do Parque Agrícola em Moçambique introduziu técnicas avançadas de plantação e gerenciamento ao país e treinou mais de 2 mil agricultores locais.
Quanto ao Brasil, o projeto da usina fotovoltaica no estado de Minas Gerais forneceu energia limpa aos moradores, criou oportunidades de emprego e promoveu fortemente o desenvolvimento de indústrias a montante, como painéis de energia solar, assinalou Tang.
De acordo com Ji, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa totalizaram US$ 220,9 bilhões em 2023, cerca de 20 vezes o valor na época da criação do fórum. O comércio sino-lusófono está alinhado com as necessidades de desenvolvimento de todos os países relevantes e tem mostrado uma forte resiliência, acrescentou.
EXPLORAR NOVOS MODOS DE INTERCÂMBIO E COOPERAÇÃO
Macau e os países de língua portuguesa têm mantido estreitas relações seculares históricas e culturais e muitos residentes da região conhecem bem as culturas, religiões e costumes do mundo lusófono.
Até o momento, a RAEM organizou com sucesso 16 edições da Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa e 6 edições do "Encontro em Macau - Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa", com uma participação de milhares de artistas chineses e estrangeiros e atraindo mais de 300 mil visitantes.
Em novembro de 2023, o primeiro Fórum China-PLP Intercâmbio e Aprendizagem Mútua foi realizado em Macau, tendo como objetivo criar uma plataforma para o intercâmbio multicultural entre a China e os países de língua portuguesa e contribuir para a construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade.
Como um dos primeiros a aprender o idioma chinês e a cultura chinesa no Brasil, Giorgio Sinedino, professor assistente da Faculdade de Letras da Universidade de Macau e sinólogo brasileiro, disse que deve se comprometer a introduzir e promover a essência da cultura chinesa aos leitores de forma objetiva e tridimensional no idioma português.
José Chan Rodrigues, diretor-geral da Associação de Transmissão ao Vivo de Macau, espera que as novas mídias e os novos formatos da indústria possam ajudar a RAEM a desempenhar plenamente o papel de plataforma sino-lusófona.
A associação, como parceira do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, está empenhada na promoção de produtos e na construção de "infraestrutura online" para empresas chinesas e lusófonas, informou Chan Rodrigues.
Por exemplo, a associação tem fornecido apoio técnico e de pessoal para a transmissão ao vivo nas atividades da Feira Internacional de Macau e do "Vamos Desfrutar - Mercado com Destaque para os Produtos do Mundo Lusófono e Macau".
"Há muitos agentes de produtos dos PLPs em Macau e ajudamos suas marcas a explorarem o mercado da parte continental da China por meio de transmissões ao vivo", informou Chan Rodrigues, esperando obter mais resultados nessa área nos próximos cinco anos.
INTEGRAR ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO NACIONAIS
O governo da RAEM tem participado ativamente da cooperação regional e internacional e fortalecido a cooperação com os países de língua portuguesa, aproveitando as estratégias nacionais como a Iniciativa Cinturão e Rota, a Grande Área da Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e a Zona de Cooperação Aprofundada Guangdong-Macau em Hengqin.
Nos últimos anos, Macau empenhou-se na construção da Plataforma Sino-Lusófona de Serviços Financeiros, visando fornecer serviços diversificados de investimento e financiamento para a Iniciativa Cinturão e Rota.
Até agora, os bancos da região emitiram obrigações temáticas "Cinturão e Rota" no valor de US$ 758,76 milhões e obrigações temáticas "Construção da Plataforma Sino-Lusófona" no valor de US$ 250 milhões.
Em dezembro de 2022, Macau, Hengqin e Zhuhai criaram, em conjunto, o Centro de Cooperação e Intercâmbio de Ciência e Tecnologia entre a China e os Países de Língua Portuguesa e organizaram uma série de atividades relevantes, incluindo o Concurso de Inovação e Empreendedorismo (Macau) para as Empresas de Tecnologia do Brasil e de Portugal, de forma a elevar o nível de cooperação sino-lusófona nos domínios científico e tecnológico.
Em maio de 2023, o Parque Científico e Indústria de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação Guangdong-Macau, com sede em Hengqin, ajudou com sucesso 9 empresas de Macau e da parte continental a registrar 12 produtos em Moçambique, dos quais 9 produtos receberam autorização de comercialização e 7 já entraram no mercado brasileiro.
Huang Yin, uma jovem empresária de Macau, faz negócios tanto em Hengqin quanto na RAEM, envolvendo áreas de medicina tradicional chinesa (MTC) e de saúde pela internet. Com apoio de uma política nacional para o setor em Macau e na Grande Área da Baía, ela promoveu os produtos e a cultura da MTC nos países de língua portuguesa através da plataforma sino-lusófona.
Francisco José Leandro, professor associado da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau, disse que a Grande Área da Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e a Zona de Cooperação Aprofundada Guangdong-Macau em Hengqin expandiram as fronteiras de Macau.
"Neste contexto, o papel de Macau como Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa pode ser plenamente concretizado e seu potencial pode ser plenamente liberado", destacou ele.
*Por Wang Lu, Guo Yuqi, Qi Xianghui, correspondentes da Xinhua