Profissionais mudam de carreira em busca de mais realização pessoal
Para uma transição mais segura, especialistas recomendam planejamento e busca por orientação adequada para ter ciência dos riscos e oportunidades
11:33 | Nov. 22, 2017
Para uma transição mais segura, especialistas recomendam planejamento e busca por orientação adequada para ter ciência dos riscos e oportunidades
Sempre é tempo de ser feliz e buscar o que te encanta, defende a nutricionista Denise Brito, 33 anos, que há cinco anos mudou de profissão para atuar como psicóloga clínica especialista em transtorno alimentar. “Para você trabalhar realizado, qualquer ano, qualquer idade é tempo para mudar.”
Denise se formou em Nutrição por gostar muito de biologia, mas logo na prática da profissão, quando atuava na Unimed Lar, percebeu o interesse maior pelo relato e a vida dos pacientes. "Aquilo passou a me encantar mais.” Enquanto nutricionista, ela cursou até pós-graduação na área, porém com a ajuda de uma reorientação profissional tomou coragem e iniciou o curso de Psicologia na Universidade de Fortaleza (Unifor), concluindo em 2016. Motivada, no mesmo ano, já ingressou no mestrado em Saúde Coletiva, também pela Unifor.
Entre os desafios da transição de carreira, Denise relata que abrir mão da independência financeira foi a parte mais difícil, além da necessidade de coragem para voltar aos bancos da universidade. No entanto, a psicóloga é assertiva sobre a mudança em busca de mais realização no trabalho. “Amo o que faço. Sou completamente apaixonada pela Psicologia. Se fosse voltar, eu faria dez vezes a mesma coisa.” Sobre o futuro, Denise planeja cursar em breve doutorado, continuar atendendo na clínica e ser professora.
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Inspiração na família
Natural de Manaus, Valéria Avinte, 40 anos, entende bem sobre mudança. Veio de férias a Fortaleza, aos 18 anos, quando conheceu o futuro esposo e decidiu morar no Ceará. Iniciou o curso de Economia na Unifor, graduando-se em 2003 e, dois anos depois, ingressou no mestrado em Economia Rural, pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Em busca de mais conhecimento, entrou para o doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, em 2010, também na UFC.
Durante a redação da tese, nova mudança. Foi morar com a família em São Paulo onde acabou experimentando cursos na área de Jornalismo e Teatro. A manauara viu, então, um interesse antigo despertar. Retornando a Fortaleza, em 2016, iniciou o curso de Jornalismo na Unifor e logo começou a estagiar na área, apresentando o programa Grandes Debates, na TV Unifor.
Na nova profissão Valéria se diz realizada. “Quando estou fazendo uma matéria é um momento muito mágico.” Para completar a satisfação, ela espera retornar em breve ao mercado e ser remunerada, encontrando um lugar para “florescer”.
O contato com estudantes mais jovens, no entanto, tem sido um desafio na atual carreira. “Meu repertório é diferente dos deles. Tento me inserir, mas não é fácil”, desabafa. Valéria também conta estranhar a forma de tratamento “grosseira” destinada aos professores e a cultura de superficialidade que advém com as redes sociais. “A pessoa não se aprofunda, vai muito no que é fácil.” Mas a economista, estudante de Jornalismo e mãe de três filhos persevera no sonho. Inspirada pela figura do avô paterno, Marcos Corrêa, considerado o primeiro fotojornalista de Manaus, Valéria quer construir a própria história na área de rádio ou telejornalismo.
Orientação profissional
Segundo Gisele Studart, diretora da Studart RH, os motivos que levam à mudança de carreira variam. Em geral, de sete em sete anos um ciclo profissional se fecha e os profissionais tendem a refletir sobre o trabalho que, à vezes, vai perdendo o significado com a rotina. “A pessoa se pergunta: É isso que quero continuar fazendo? Continuo ou olho para o mercado para ver opções de como posso ser uma pessoa mais feliz?”, explica.
Porém, a transição de carreira envolve riscos, principalmente quando há responsabilidade com família e filhos. Por isso, é importante uma mudança prudente, alerta Gisele, que orienta os seguintes passos para uma decisão mais acertada:
1. Procurar orientação de um profissional maduro que tenha experiência na escuta ativa e possa avaliar o perfil psicológico do cliente, identificando habilidades e aptidões;
2. Perceber, dentro do perfil do profissional, o que realmente traz motivação e com qual área se identifica mais;
3. Ver as possibilidades do mercado, fazer um estudo de salários e oportunidades;
4. Realizar um planejamento para checar quanto tempo consegue se sustentar sem o salário e ter consciência do tempo necessário para recolocação. O ideal é planejar enquanto se está trabalhando no atual emprego;
5. Estar ciente dos riscos e da necessidade de readaptação a uma nova área.
Segundo Gisele, o mercado ainda é resistente em contratar profissionais sem experiência. Dessa forma, se o funcionário puder ter uma conversa saudável com o atual empregador e este puder ajudar dentro ou fora da empresa é uma atitude “nobre” de ambos. “É valoroso, porque tem o funcionário sincero e dando a possibilidade de ainda retê-lo. Por que não ficar dentro da empresa, prosperar e se desenvolver em outra área?”