Novas abordagens de ensino visam ao empoderamento do aluno
Ambiente disruptivo, visão empática da educação e metodologias ativas apontam para a volta do aluno ao centro do processo de aprendizagem
11:14 | Nov. 21, 2017
Ambiente disruptivo, visão empática da educação e metodologias ativas apontam para a volta do aluno ao centro do processo de aprendizagem
As instituições de ensino vêm adotando novas abordagens na educação em busca de mais engajamento e interesse do aluno. As chamadas “metodologias ativas” visam ao empoderamento do estudante no processo de aprendizagem. “O que muda é o conceito de que o aluno é coadjuvante do ensino”, explica Francisco Lima, diretor da Escola de Administração e Sustentabilidade Empresarial (Ease Brasil).
Segundo Francisco, é preciso inverter a lógica unidirecional da educação, na qual apenas o professor expõe o conteúdo e o estudante recebe passivamente as informações. No modelo bidirecional, o educador ouve o estudante e retroalimenta o processo de aprendizado. Para tanto, é importante que as instituições de ensino sejam empáticas no intuito de resolver necessidades reais de aprendizagem.
Avaliando o mercado de educação do Ceará, Francisco percebe a necessidade de evolução quanto às metodologias ativas. O ensino cearense segue o modelo tradicional cartesiano com eficiência na preparação para universidades. Porém, quando o aluno ingressa no nível superior, podem ocorrer problemas com a adaptação a novas formas de aprendizagem. “O aluno não está preparado para um ambiente disruptivo. Quando se depara com essas novas metodologias, não necessariamente se dá muito bem com elas.”
Abordagens
O futuro da educação é a customização do ensino, conhecimento sob demanda e o uso de tecnologias, analisa Karla Machado, professora na área de Economia e Finanças na Unichristus, Centro Universitário Farias Brito (FBUni) e Ease Brasil. A tendência é de que o aluno poderá escolher, dentre uma série de metodologias, aquela com a qual aprende mais e se adapta melhor. “São possibilidades infinitas de aprendizado”, prevê a professora.
Dentro dessa perspectiva colaborativa e dinâmica, despontam abordagens diferenciadas de ensino, como a sala de aula invertida, Problem Based Learning (PBL), Team Based Learning (TBL), Design Thinking, educação híbrida, mentoring e gamificação.
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Karla explica que na sala de aula invertida o aluno estuda o conteúdo previamente para discutir o tema em aula. A sala, em formato especial, dispõe de vários projetores e mesas para reunião dos grupos, que devem resolver uma questão de forma independente, utilizando ferramentas do ambiente virtual para apresentar as ideias.
O PBL e o TBL são aprendizagens baseadas em problemas. Os alunos ou times também estudam o assunto anteriormente e devem resolver as situações propostas, sendo avaliados a partir da solução embasada no conteúdo da disciplina.
Com bastante experiência no uso da gamificação como recurso pedagógico, Karla esclarece que a abordagem é utilizada em vários cenários quando se quer engajamento, seja no mundo corporativo para fidelizar clientes, em empresas para treinamentos ou como critério de promoção de funcionários. A gamificação aplica os elementos dos jogos em ambiente fora desse contexto. “Como lógica do jogo, temos o storytelling, a história a inventar para criar o lado lúdico, cooperação, competição e evolução.” Cada jogo apresenta uma dinâmica própria, a exemplo do sistema de pontos, prêmios, distintivos e promoções.
Em 2016, a professora publicou o estudo “Gamificação como Experiência de Aprendizagem Inovadora: Uma Pesquisa”, a partir do uso de games em turmas do curso de Administração da Unichristus. Entre as conclusões, o estudo apontou que 86% dos alunos consideraram o sistema de pontuação e a competição motivadores, 76% afirmaram que o feedback automático aumenta a assiduidade, a pontualidade e a participação nas aulas. “O resultado é incrível, extraordinário. Você consegue um aumento de motivação dos alunos muito grande. Eles realizam atividades além do que a gente pede”, conclui Karla sobre a metodologia.
As tecnologias também se mostram aliadas à educação. A professora cita o uso de aplicativos no ensino de idiomas e realização de quiz sobre as matérias, de vídeos do YouTube para explicações mais atrativas e das redes sociais para aproximar os alunos dos conteúdos.