Troféu Empreender 2024: Brechó no Kpricho – uma história de determinação e resiliência do empreendedorismo feminino
Com mais de 15 anos trabalhando no segmento, Clécia Araújo é uma das agraciadas do Troféu Empreender 2024, na categoria Microempreendedor Individual“Vai dar certo” parece ser a frase preferida de Clécia Araújo. É com uma gaitada gostosa que a empreendedora recebe os clientes em sua loja, localizada no bairro São José, na parte da frente de sua residência. Força e resiliência parecem transpirar dos poros da mulher de cabelos cacheados e sorriso largo. O sonho de empreender já nasceu com ela. “Na minha adolescência eu ia pra escola e já levava as coisas pra trocar, e era muito comum a gente fazer negócios na sala, no recreio. Ali eu já gostava de fazer minhas trocas, vendia, trocava”, conta.
O pai sonhava que ela seria advogada, mas Clécia queria mesmo era empreender. Casou com 17 anos e no natal daquele ano, veio o presente que mudaria tudo: uma máquina de costura. “Eu ia pra vizinha e foi ela quem me ensinou os meus primeiros passos na costura”. Com a nova expertise adquirida, passou a costurar calcinhas de babado para crianças, muito em alta na época. Passava a semana produzindo. No sábado pegava um ônibus e ia vender no centro da cidade. Depois de um tempo, sentiu que era hora de ter seu próprio negócio, um ponto comercial para chamar de seu. Em 1998 construiu sua casa já com o espaço na frente para abrir sua loja.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
“Eu já sabia que eu queria uma atividade fixa, que eu pudesse expor, vender, atender as pessoas do bairro, então eu saí da confecção exclusiva das calcinhas de babado, chamada “bunda rica”, que ainda hoje é a campeã de vendas nos produtos infantis, e comecei a vender minha confecção, roupas no geral”, lembra.
Foi quando chegou a época em que o R$9,99 tomou conta da cidade, que Clécia viu um grande desafio pela frente: como ela ia encaixar os preços de suas peças, que variavam entre R$30 e R$70, no novo preço da moda? Simplesmente, não se adaptou a mudança. “Eu não conseguia de jeito nenhum, eu tentava de tudo e não reagia por que todos os comércios daqui de perto, todos os pontos alugados eram pra essas lojas de R$9,99. E eu ficava imaginando: meu Deus, como é que pode alguém vender uma peça por R$9,99?”. Um ano se passou e a mercadoria da loja continuava parada.
O pulo do gato
Foi passeando pela internet algum tempo depois, que Clécia descobriu um novo universo, o dos brechós. “Eu disse: encontrei a saída para o R$9,99. Foi meu pulo do gato: transformar tudo isso aqui rapidamente num brechó. Lavei as peças que eu já tinha, comprei outras e assim fui montando o novo segmento”, lembra. Nascia assim o Brechó no Kpricho. “Comecei a expor na calçada e comecei a andar em feiras. Isso já tem mais de 15 anos”. Mesmo diante do maior desafio desde que começou a empreender, Clécia nunca pensou em desistir, cruzar os braços não faz parte da sua jornada empreendedora.
No mundo dos brechós, onde a reutilização faz parte do processo, ela enxergou também outra porta: a de ressignificar peças por meio do artesanato. “Pra mim casou, o brechó com o artesanato”, que sempre fez parte de seu DNA. “Eu nunca tive outra profissão. Quando eu vou preencher qualquer papelada e me perguntam qual é minha profissão, eu sempre digo: sou artesã”, emenda. Coletando retalhos - que de outro modo teriam como destino o lixo - , ela passou a produzir bolsas e tapetes, melhorando o caixa e agregando a pegada da sustentabilidade ao negócio.
“E daqui, junto com meu esposo, criamos nossos três filhos, demos escola particular para todos eles. Hoje os três também são empreendedores, todos vivem por conta própria. Então, eu considero que o que eu fiz foi uma escola para eles”, enfatiza com o orgulho e o brilho nos olhos de quem está satisfeita pelo caminho traçado.
“Quando eu olho pra trás, eu vejo uma mulher vencedora. Eu sempre soube o que eu queria, sempre acreditei no meu trabalho, e quando eu olho pra trás eu vejo uma história de determinação e sucesso. Eu me considero uma pessoa de sucesso porque eu não paro, eu não paro um dia”, finaliza. E o negócio da Clécia, não muda só a vida dela. Através do seu exemplo, ela inspira outras tantas, que enxergam no empreendedorismo seu meio de vida. Com toda a bagagem adquirida ao longo dos anos, a empreendedora pega na mão de outras mulheres para que elas também trilhem esse caminho com a mesma força e confiança.
E é por essa história potente, por sua garra e resiliência, que Clécia Araújo é uma das agraciadas com o Troféu Empreender 2024, na categoria Microempreendedor Individual.
Sobre o Troféu Empreender 2024
O Troféu Empreender é uma iniciativa do Grupo de Comunicação O POVO que destaca micro e pequenas empresas e empreendedores individuais nas categorias Pequena Empresa, Microempresa e Microempreendedores Individuais (MEIs).
Na edição 2024, a premiação contemplou também startups que fizeram a diferença na categoria Tecnologia, além de homenagear o Empreendedor do Ano e o Empreendedor Social.
As indicações são feitas por instituições convidadas e comprometidas com o desenvolvimento dos pequenos negócios. São elas: Banco do Nordeste do Brasil, Instituto Centec, Instituto Euvaldo Lodi, Federação das Micro e Pequenas Empresas do Ceará, Iracema Digital, Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Fortaleza e Sebrae.
Brechó no Kpricho
WhatsApp: (85) 98651 0244