Na vida e na moda: celebramos o Caju!

Fruto e pseudofruto são fontes de prosperidade e riqueza. Para celebrar o Dia do Caju, neste novembro, passeamos pela terra, alimentação até chegar à moda

10:13 | Nov. 13, 2023

Por: O POVO Lab
A estilista cearense Cândida Lopes leva o caju em bordado para peças agênero e joias (foto: divulgação)

O caju tem destaque na moda cearense. A estilista Cândida Lopes é adepta a trabalhar com tudo que é do Nordeste em suas criações. “Tenho algo muito afetivo com o caju, meu pai teve um sítio e era caju de fazer lama, literalmente. O caju é maravilhoso pela castanha, pela carne, e se transforma em tanta coisa bacana”, celebra.

Em suas peças ela trabalha o caju de forma bem literal. “Hoje trabalho com a camisaria agênero e esse ícone do caju está exposto de várias formas. Além das joias que produzi. É uma coleção desse ano que faz muito sucesso”, diz.

O diretor criativo da marca BABA, que desenvolve peças de roupa e estampas inspiradas no imaginário e na memória afetiva cearense, Gabriel Baquit, também entusiasta do caju, ressalta que o caju é sinônimo de riqueza e fartura.

A primeira estampa temática foi a “Onça-Caju”, que simula um animal print, mas, em vez das pintas tradicionais da onça, as ilustrações são de caju num fundo amarelo. “Essa brincadeira de usar o caju pra criar um padrão que remete a outra coisa tornou a estampa ainda “mais cearense””, brinca.

Baquit também usou o caju na parceria com a artista plástica cearense Auxi Silveira. “Batizamos a estampa de “chuva do caju” porque foi lançada em agosto, na época da chuva do caju, e também pelo significado de prosperidade e esperança que tem a chuva do caju”, revela.

E a terceira estampa, chama “hora do almoço” e traz ilustrações de diversos itens típicos de um almoço cearense, dentre eles, a cajuína. Pare ele, o caju é uma (pseudo) fruta quase que onipresente para o cearense e um alimento “de luxo” fora do Estado. Viva o caju!

Na lida diária

Já dizia Silva em uma das suas músicas: “Quem viu caju não viu a terra; Cica de mim tomei do chão; Tem cajueiro não tem guerra; Guerra é panela sem feijão”. Para quem é do Nordeste, especialmente do Ceará, sabe a relevância desse pseudofruto que de tão rico traz duas partes em sua composição, a castanha que é o fruto e seu pedúnculo floral amarelo, rosado ou vermelho.

Pode ser consumido in natura ou usado no preparo de compotas, doces, sucos, sorvetes, vinagres, aguardentes, licores ou em pratos salgados. Já a castanha de caju é torrada, cozida ou usada na produção de leite vegetal.

O caju vem do cajueiro, árvore nativa da região litorânea do nordeste brasileiro e muito abundante no nosso Ceará. Seu nome é originário do tupi e traz como significado “noz que se produz”. E faz parte da alimentação indígena há muitos séculos. E continua presente no dia a dia de muitos cearenses.

Como da Maria das Graças Alves, gestora social da entidade Movimento de Ajuda Familiar de Ocara (Mafo), que diz para em sua vida o caju representa oportunidade e abundância. Ela está trabalhando na aplicação de um projeto de incubação da Social Brasilis, em Ocara, para desenvolver produtos derivados do caju.  A proposta é capacitar um grupo de mulheres para a confecção de derivados do caju, produtos artesanais e personalizados. Assim trabalhar duas questões, a geração de renda e evasão escolar.

“Porque aqui temos abundância na região e na época da colheita muitas crianças se evadem da escola para ajudar e o outro motivo é pelo desperdício da fruta. As pessoas só consomem mais a castanha, mas do caju pode ser feito doce, geleia, bife, sucos, polpas e muitas outras coisas”, diz a gestora social. Maria das Graças cresceu na lida do caju e como era muito pobre, o período da safra representava fartura, embora tivesse muito trabalho duro também.

Outra adepta do pseudofruto é a Yruama Guerra, produtora de caju, que sempre foi apaixonada e trabalha com ele há cerca de 20 anos. Ela começou a trabalhar com o pedúnculo. “Testei receitas e fui desenvolvendo vários pratos a base do caju. Pode substituir qualquer tipo de carne da vermelha, a branca com o caju”, ressalta. Ela faz hambúrguer, pastel, torta e muitos outros salgados, além de doces. Que vão do bolo até o mousse. Além da cajuína e os sucos concentrados.

“O caju representa para mim muita coisa. Ele tem cinco vezes mais vitamina C do que a laranja, além de outros minerais. É uma fruta de fácil acesso e enquanto a gente não valoriza aqui lá fora ele é muito valorizado pela sua riqueza nutricional”, diz. E aconselha que todos aprendam a aproveitar mais o caju.