"A escola vai à Câmara" beneficia a sociedade ao incentivar a participação dos jovens na política

A experiência de ser vereador por um dia na Câmara Municipal de Fortaleza possibilitou uma participação mais efetiva dos estudantes nos debates em sala de aula

06:00 | Dez. 21, 2024

Por: O POVO Lab
A Escola Municipal de Tempo Integral Nossa Senhora de Fátima, por exemplo, propôs o projeto de lei que dispõe sobre a obrigatoriedade de palestras antirracistas (foto: CMFor/Divulgação)

No Brasil, atualmente, existe um cenário de descredibilização da democracia, que ganhou contornos ainda mais expressivos entre a juventude. Diante desse sentimento de desconfiança, é de suma relevância a promoção de ações que fomentem conhecimentos em relação ao processo político, principalmente aos jovens.

Com o intuito de incentivar a educação política, nas duas edições do projeto “Político, eu!?! foi realizado o concurso “A escola vai à Câmara”. A iniciativa levou estudantes do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental da Rede Pública à Câmara Municipal de Fortaleza para a apresentação de um projeto de lei. Durante a visita, os jovens viveram a experiência de ser vereador por um dia.

O projeto despertou nos alunos o interesse de participarem ativamente da política. É o que ressalta o professor Everton Pereira, da Escola Municipal José Carlos de Oliveira Neto. O colégio criou o projeto de lei Sistema de Telemedicina, que dispõe sobre a implementação da ferramenta nos postos de saúde de Fortaleza. Meses após a apresentação do projeto de lei, o educador descreve os impactos positivos, que ficaram explícitos durante o período eleitoral de 2024.

“Os alunos que participaram do projeto se mostraram muito mais envolvidos no processo eleitoral, dando as suas opiniões, fazendo as suas ponderações. Quando a gente via as manifestações dos alunos, a percepção que a gente teve é que aqueles que participaram do ‘Político, Eu?!’ tinham uma participação muito mais efetiva nesses debates em relação à eleição e uma visão muito mais crítica, muito mais elaborada, dentro daquilo que eles estavam percebendo”, comparou.

Alguns projetos desenvolvidos foram efetivados, como foi o caso da Escola Municipal de Tempo Integral Leonel de Moura Brizola. O colégio elaborou o projeto de lei Horta nas escolas, um programa de cultivo de hortaliças e plantas medicinais nas instituições de ensino de Fortaleza.

A efetivação das ações da horta estão sendo realizadas pela gestão escolar e professores em parceria com os estudantes e famílias. “Foram feitas atividades de compostagem e produção de um canteiro com quatro tipos de hortaliças”, detalha a professora Tânia Maria Ferreira Farias. A educadora salienta ainda que após o “Político, Eu?!” os alunos compreendem um pouco mais o papel político, imprescindível em todas as ações da sociedade, bem como a importância de cada indivíduo no processo de exercício da cidadania.

Outros projetos, entretanto, não puderam ser realizados em decorrência da complexidade de suas ações. A Escola Municipal de Tempo Integral Nossa Senhora de Fátima, por exemplo, propôs o projeto de lei que dispõe sobre a obrigatoriedade de palestras antirracistas em cursos de formação de empresas de segurança privada em Fortaleza.

O professor Adriano Ferreira conta que os estudantes planejam enviar o projeto de lei para a CMFor. Ele destacou ainda os efeitos do projeto para a formação cidadã dos jovens. “Para o projeto atingir a comunidade em uma escala bem maior, ele teria de virar realmente um projeto de fato. Os alunos depois da visita à Câmara pensaram em escrever uma carta e mandar para algum vereador para que de alguma forma a gente tentasse colocar esse projeto em prática. Isso ainda não chegou a ser feito. Mas o projeto “A escola vai à Câmara” ficou muito na memória dos alunos, as atividades que fizemos na Câmara foram muito proveitosas”, ressalta.