Longevidade aumenta, mas garantia de direitos ainda é desafio
Mesmo celebrando 20 anos de promulgação, Estatuto da Pessoa Idosa ainda encontra barreiras para ser totalmente cumpridoA expectativa de vida no Brasil tem aumentado e, com ela, cada vez mais idosos buscam qualidade de vida e garantia de direitos. Para 2023, estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam uma população de idosos, em números absolutos, de cerca de 33 milhões de pessoas e, até 2050, a expectativa é que um em cada quatro brasileiros seja idoso.
Assim, é cada vez mais urgente que políticas públicas sejam revisadas e, se necessário for, criadas, buscando garantir um envelhecimento saudável e reconhecimento para aqueles que trouxeram a nossa sociedade até aqui.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Angela Viana, 72 anos, é exemplo de que muito já se avançou em vitalidade e melhores condições de vida na terceira idade. Beneficiária do Instituto Chico Mota, localizado no bairro Montese, em Fortaleza, ela se descobriu artista após a aposentadoria. Com atividades gratuitas quase que diárias, no local ela faz aulas de sanfona, violão, canto e dança. “Antes os idosos ficavam só em casa, não faziam nada. Agora sabemos dos nossos direitos e estamos nos ocupando, nos divertindo e vivendo mais”, conta.
Quando mais jovem, ela dedicava seu tempo a cuidar da casa, da família e ainda atuava como comerciante. “Agora, aproveito a vida, faço uso dos meus direitos, como o passe livre no ônibus e, no instituto, convivo com outras pessoas”, revela Angela.
O direito de ir e vir do idoso é facilitado por essa garantia de passe livre, assim como o acesso à cultura, à saúde, entre outros. Promulgado em 1º de outubro de 2003, por meio da Lei 10.741, o Estatuto da Pessoa Idosa é um marco na garantia destes e de outros direitos por essa parte da população.
Nos 20 anos de Estatuto, muito já se avançou no combate ao abandono, discriminação, negligência, violência física e psicológica e abuso financeiro, bem como atos de crueldade e opressão contra os idosos, que foram criminalizados e são passíveis de punição.
Para a idealizadora do Instituto Chico Mota, a pedagoga Maria Rita Mota, 66, a criação e a implementação do estatuto foi um avanço muito significativo, “porém, a luta atual é para fazer valer estes direitos”.
Ela comenta que ainda há despreparo dos setores público e privado, em muitos casos, para atender as necessidades dos idosos, assim como negligências familiares e preconceito estrutural, ligado a estereótipos de um idoso passivo frente à sociedade, o que não constitui a realidade desse grupo social.
“Por isso, é importantíssimo que os idosos ocupem os espaços voltados para essas discussões, fazendo valer a garantia de seus direitos, tendo voz e contribuindo para o mapeamento das demandas que os seus apresentam”, ressalta Rita.
Confira os principais pontos do Estatuto da Pessoa Idosa
Atendimento preferencial
Deve ser dado na forma individualizada junto aos órgãos públicos e privados.
Acompanhante em hospitais
Permitido em tempo integral, tanto para internações como para consultas e exames.
Medicamentos gratuitos
Cabe ao poder público proporcionar medicamentos gratuitos aos idosos, especialmente os de uso contínuo.
Transporte público
A gratuidade do transporte é assegurada, porém a idade mínima para usufruir desse benefício pode variar entre 60 e 65 anos.
Isenção de pagamento de IPTU
É válida para pessoas com idade acima de 60 anos, que sejam aposentadas, proprietárias de apenas um imóvel e com renda de até dois salários-mínimos.
Pensão alimentícia
O filho deve pagar pensão para o seu ascendente, caso ele não apresente condições de se sustentar. No caso de filhos que comprovem a falta de condições financeiras, o idoso com mais de 65 anos pode solicitar o benefício assistencial de um salário-mínimo mensal.
Tramitação de processos na Justiça
A partir de 2017, idosos de 80 anos ou mais tiveram o direito reforçado e se tornaram ainda mais prioritários.
Vagas exclusivas
No transporte público, devem ser asseguradas 10% das vagas para quem tem mais de 60 anos. Já em estacionamentos públicos, é necessário disponibilizar 5% das vagas aos idosos, com acesso facilitado.
Meia-entrada
Garante 50% de desconto em ingressos culturais, eventos esportivos e de lazer.
No que ainda precisamos avançar
Para Diogo Helal, doutor em Sociologia e Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apesar dos avanços, ainda há muitos desafios na implementação plena do Estatuto da Pessoa Idosa. Problemas como o abuso e a negligência de idosos, a falta de acesso a cuidados de saúde de qualidade, a insuficiência de políticas de habitação para idosos e a violência contra idosos ainda são questões preocupantes.
“É possível perceber que as cidades não estão preparadas para os idosos, basta olhar para as calçadas nos centros urbanos. É importante também lembrar que muitos idosos ainda vivem em condições de pobreza e desigualdade”, ressalta.
Ele aponta o etarismo como um preconceito que precisa ser fortemente combatido, fazendo com que o próprio mercado de trabalho esteja mais preparado para o envelhecimento da força de trabalho. Para Helal, a melhoria destes processos de aperfeiçoamento dos direitos passa pela inclusão de idosos nas tomadas de decisões.
“Estimular programas nas organizações que combatam o etarismo e que promovam maior e melhor inclusão e permanência dos idosos no mercado de trabalho também é algo que pode ser estimulado e implementado a partir de políticas públicas. Além disso, programas de capacitação e educação podem ajudar a empoderar os idosos para que se envolvam mais ativamente em discussões políticas e sociais é fundamental”.
Sobre o Projeto Político, Eu!?!
Nos últimos anos, as produções teóricas têm chamado atenção para a intensificação de sentimentos de desconfiança nas instituições democráticas, de rejeição aos partidos políticos e de desinteresse pela política. No entanto, nesse contexto, tem crescido no debate público a demanda pela construção de espaços para o diálogo sobre política, cultivando a compreensão sobre a democracia, suas instituições e valores.
Compreendendo a relevância dessas reflexões para o exercício efetivo da cidadania na vida cotidiana, a Fundação Demócrito Rocha apresenta o projeto “Político, eu?!”, iniciativa que propõe despertar a cidadania de toda a população, além de promover a formação através de um curso de extensão na modalidade de ensino a distância (EaD), com seis módulos contemplando videoaulas, fascículos digitais e radioaulas.
Curso EAD "Educação Política para Cidadania"
Inscrições: De 14 de agosto a 16 de outubro de 2023, neste link
Período do curso: De 11 de setembro a 16 de outubro de 2023
Cadernos especiais
Veiculação nos dias 22, 24, 29 e 31 de agosto no jornal O POVO
Lives
Quando: 22 e 29 de agosto, às 11h, no Facebook e YouTube da Fundação Demócrito Rocha e do O POVO
Programas de TV
Veiculação nos dias 18, 19, 20 e 21 de setembro no Canal FDR