A recuperação ambiental de Fortaleza
O programa Fortaleza Cidade Sustentável, financiado pelo Bird, está focado em promover melhorias na infraestrutura, áreas verdes, qualidade de vida e acessibilidade. Ações já beiram 70% de execuçãoMárcia Barbosa, moradora do bairro Pirambu, em Fortaleza, recebeu quatro visitas técnicas até que o seu direito à dignidade fosse assegurado. É que os transtornos causados pelo esgotamento a céu aberto cessaram após a interligação de sua casa à rede pública de esgoto, em 2021.
Antes disso, os constantes entupimentos e consequente mau cheiro que saía de dentro de sua casa impactavam a qualidade de vida da família e da vizinhança, que reclamavam a solução do problema. Sem custo algum para a dona de casa, tudo o que Márcia precisou fazer para ter a vida transformada nesse aspecto foi autorizar a reforma.
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A casa de Márcia é apenas uma entre as 2.500 habitações de baixa renda na região oeste da cidade contempladas com as ações do projeto “Se Liga na Rede”, proporcionando a aproximadamente 8.500 pessoas o acesso a uma rede de esgoto pela primeira vez em suas vidas. A iniciativa ultrapassa os limites da infraestrutura, contribuindo também para a melhoria da balneabilidade e da saúde pública na região.
O projeto é apenas um entre vários outros realizados pelo programa Fortaleza Cidade Sustentável (FCS), em desenvolvimento pela Prefeitura através da Secretaria Municipal do Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza (Seuma). A ideia é alcançar a recuperação ambiental de áreas selecionadas em Fortaleza, por meio de projetos-piloto em saneamento e reabilitação de espaços públicos.
Juliana Brauner é secretária executiva da Seuma. A gestora acredita que a Cidade está trilhando o caminho para se tornar uma cidade mais sustentável ao promover melhorias na infraestrutura, áreas verdes, qualidade de vida e acessibilidade.
“Hoje a gente finalizou uma série de reuniões com o Banco Mundial e o governo federal, que é o garantidor do empréstimo, para prestar contas do status que está esse projeto. Então, a gente está com mais ou menos em 70% de execução, fomos bem elogiados e estamos no caminho. Eu acho que ao final disso, a gente pode dizer que temos uma cidade mais sustentável”, diz.
EMPRÉSTIMO
A viabilidade das ações do programa Fortaleza Cidade Sustentável é fruto de um financiamento pelo Banco Mundial (Bird). O empréstimo inédito, que totaliza US$ 150 milhões (cerca de R$ 750 milhões), será pago ao longo de 20 anos, com amortização mensal realizada pela Secretaria Municipal das Finanças de Fortaleza (Sefin). De acordo com a Seuma, a Prefeitura já reconheceu 100% da contrapartida junto ao banco.
“O município também oferece uma contrapartida em todos os empréstimos. E hoje a gente já reconheceu 100% da contrapartida junto ao banco, então, em relação à contrapartida, já não devemos mais nada, ela já está 100% implementada”, garante a secretária executiva da Seuma.
PARQUES URBANOS
Além do projeto Se Liga na Rede, outro exemplo de projetos do FCS é o Parque Rachel de Queiroz, no bairro Presidente Kennedy. Previsto para ser o segundo maior parque de Fortaleza, a requalificação dos 203 hectares já está em andamento, com obras da segunda etapa atingindo 60% de conclusão.
A primeira etapa de requalificação do Parque Rachel de Queiroz, entregue em fevereiro de 2022, já recebeu reconhecimento em premiações. O projeto do Parque foi contemplado nas categorias "melhor projeto urbanístico" e "obra do ano" de 2023 pela ArchDaily, um dos maiores sites especializados em arquitetura, urbanismo e paisagismo no mundo. Além disso, o parque foi premiado no Loop Design Awards, na categoria “paisagismo, parque e espaços abertos", e no Icon Awards Innovative Architecture, na categoria “arquitetura inovadora”.
Além do Parque Rachel de Queiroz, a Prefeitura prevê a entrega de 30 microparques urbanos até o fim de 2024. Desses, seis estão com obras em andamento, de acordo com a secretária-executiva da Seuma, Juliana Brauner.
Atualmente, Fortaleza conta com três microparques urbanos, no Parque Manibura, na Barra do Ceará e, mais recentemente, no Conjunto Ceará I, entregue à população em setembro deste ano.
O projeto de microparques urbanos foi vencedor do prêmio Aiph World Green Awards 2022, na categoria “Living Green for Health and Welbeing” (“vivendo com consciência ecológica em prol da saúde e do bem-estar”, na tradução livre), e agraciado com o terceiro lugar no prêmio Seoul Design Awards 2023, sendo finalista entre os 10 projetos mais sustentáveis do mundo.
CAMINHO PARA A SUSTENTABILIDADE
O programa Fortaleza Cidade Sustentável engloba diversos outros projetos de infraestrutura. Isso inclui a segunda etapa do Parque Rachel de Queiroz, a obra do parque zoobotânico do Passaré (zoológico Sargento Prata), e a requalificação das lagoas da Messejana, do Mondubim e do Opaia, esta última localizada entre os bairros Aeroporto e Vila União.
O programa também abarca iniciativas de educação ambiental e sanitária, como a videoinspeção de 150 quilômetros das galerias fluviais da cidade e está prevista a implantação de 85 quilômetros de ciclovia, ciclofaixas e estruturas cicloviárias.
Fortaleza ainda investe, também por meio do programa, na melhoria de seu cadastro multifinalitário, no sistema de licenciamento digital e em projetos relacionados ao fortalecimento da capacidade de planejamento e operacionalização das políticas urbanas.
Nos últimos anos, a gestão de Sarto também tem implementado outras ações na área ambiental, incluindo a construção e requalificação de parques urbanos, como a Cidade da Criança, a Lagoa da Viúva e o Parque Bisão, recentemente requalificados. Fortaleza conta ainda com um projeto de plantação de árvores de grande porte financiado pelo Fundo de Defesa do Meio Ambiente (Fundema), que contribuirá para a expansão das áreas verdes da cidade e sua sustentabilidade.