Saúde não é o oposto de doença: hábitos que fazem diferença ao longo da vida

Independente da idade, adquirir hábitos de vida saudável pode e deve fazer parte da rotina de toda a família

00:00 | Jan. 09, 2024

Por: O POVO Lab
Os hábitos saudáveis devam contemplar todas as faixas etárias e existem épocas da vida em que determinadas intervenções costumam ser mais relevantes (foto: adobestock)

Lia Ponte Araújo tem dois filhos: Joaquim, de quatro anos, e Maria Eduarda, de 12. Ela conta que está sempre atenta aos cuidados com a saúde da família, pois se um fica doente, o resto tende a desandar. “Além dos cuidados com a alimentação e ingestão de água, buscamos também manter uma rotina com hábitos regulares como dormir a quantidade de horas necessárias, fazer programações em família, conhecer lugares novos”, relata.

Para a estudante de psicologia, ser saudável vai além do bem-estar físico e mental, tem a ver com seus hábitos, sua rotina e com as mais diversas formas de garantir saúde: “a prática de atividade física, no meu caso a musculação e a dança, tem sido meus grandes aliados na garantia da minha saúde, assim como uma alimentação mais balanceada e uma melhor qualidade do sono”, enfatiza. Para Lia, tempo de qualidade em família, refeição juntos à mesa e terapia em dia são tópicos que não podem faltar na listinha saudável. Mas, afinal, o que é saúde?

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), ter saúde significa estar em um estado de bem-estar físico, mental e emocional. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, saúde não é simplesmente a ausência de doença. “Estar sem problema de comorbidade não indica necessariamente que você tenha uma saúde adequada ou a contento. Saúde envolve bem-estar físico, social, mental, acesso a diversas possibilidades dentro do seu contexto social”, explica o clínico geral Fernando Carlos, que atua na Unidade de Atenção Primária César Cals de Oliveira Filho, localizada na Regional III de Fortaleza.

E as pessoas têm estado mais atentas a tudo isso mesmo. Tanto que basta dar uma voltinha na orla de Fortaleza para ver a quantidade de gente que hoje se utiliza do espaço para praticar alguma atividade física. Afinal, foi-se o tempo em que o fortalezense só lembrava de praia aos domingos, hoje em dia - seja no calçadão, na areia ou no mar - , é visível essa busca por uma vida mais saudável. E não é só na prática de atividade física, não, a maioria dos brasileiros (64%) também está disposta a pagar mais por alimentos mais saudáveis e produzidos de forma sustentável (Instituto Akatu).

Ou seja, a busca por uma vida mais saudável é crescente e constante por aqui. Mas para cada fase da vida, o seu desafio. O médico explica que embora os hábitos saudáveis devam contemplar todas as faixas etárias, existem épocas da vida em que determinadas intervenções costumam ser mais relevantes. Confira as orientações segundo cada faixa etária.

Infância
“Na primeira infância até o início da pré-adolescência, é sempre bom estimular uma alimentação saudável, a prática de atividade física, ver como é que está sendo o desenvolvimento dessa criança na escola, ver como é a questão do relacionamento interpessoal dela, se ela está brincando, se não está. Até porque a criança tem uma série de determinantes que não necessariamente se manifestam clinicamente, mas que indicam se ela está tendo uma saúde boa ou não”, exemplifica Fernando.

Adolescência
Já do início da pré-adolescência até seu fim, as orientações tornam-se mais específicas para cada faixa etária, explica o médico. “Orientar o trabalho nessa questão da adolescência, principalmente de orientação com relação à educação sexual, com relação à alimentação, do cuidado com o próprio corpo, o desenvolvimento normal tanto do homem quanto da mulher”, informa, enfatizando que essa faixa etária necessita, primariamente, de orientação.

Idade adulta
A idade adulta é geralmente acompanhada do surgimento de doenças. Por isso, o ideal é checar, anualmente ou a cada dois anos, condições como diabetes, colesterol, hipertensão, presença de vírus, grau de obesidade, saúde mental, entre outras. A alimentação é um fator epigenético crucial na determinação de doenças futuras, da meia idade a idade avançada, explica Fernando Carlos. “Esse início da idade adulta tem isso, essa questão de prevenção primária, prevenir que a pessoa venha a desenvolver futuras doenças, permitindo assim o diagnóstico precoce, no caso de ela já ter alguma doença”.

Meia idade
Por volta dos 40 ou 50 anos, os problemas de saúde aumentam, incluindo questões oftalmológicas e relacionadas ao metabolismo, como pressão arterial elevada e risco de diabetes, informa o médico. Nessa fase, é comum o ganho de peso, tornando a atenção primária mais relevante. Dependendo das condições de saúde da pessoa, exames mais específicos são indicados para identificar possíveis complicações. “Os cuidados de prevenção primária em geral continuam sendo basicamente os mesmos, como uma alimentação balanceada, ingestão de líquidos, beber bastante água, orientar atividade física com menos impacto, porque a capacidade física da pessoa muda com o passar dos anos”, explica Fernando Carlos.

Velhice
A partir dos 60 anos, a atenção deve ser redobrada, com acompanhamento clínico regular. O envelhecimento estável da população exige cuidados contínuos, considerando mudanças nos contextos familiares, como abandono, renda e apoio emocional. A saúde mental, especialmente a depressão em idosos, deve ser abordada com diálogo aberto. “Além disso, devemos estimular sempre a atividade física a partir dos 60 anos, sempre com exercícios de menor impacto, como hidroginástica, pilates, caminhada, zumba, alguma aula de dança”, recomenda o clínico geral.