A música transforma a periferia de Fortaleza
Os ritmos são inúmeros. Recortamos a poesia e o suingue do rap e do reggae para dar conta de onde a juventude canta e dança pela CapitalNão há dúvida. Parte da cultura fortalezense atual é representada pela música. Sounds que saem de movimentos de rua, de dentro dos bairros, levantam temas sociais e são, acima de tudo, independentes. E é essa liberdade que faz a produção se destacar, em variedade, qualidade e intensidade. Trap, rima, reggae, rap, saraus, funk, samba, forró. Tudo movimentando comunidades, fortalecendo identidades e ganhando espaço e mercado.
“Fortaleza tem despontado no cenário nacional com artistas locais. Consigo observar muitos grupos de jovens nas batalhas de rimas, nos encontros. Na área da música, o trap, o hip hop e o rap têm crescido muito”, afirma o secretário de Juventude de Fortaleza, Davi Gomes. Ele destaca ainda a relevância do piseiro, representando uma nova “onda do forró”, além dos coletivos de DJs.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
“Jovens que organizam festas e que se organizam em coletivos. E estão cada vez mais conectados a essa cultura local, mas também com algo um pouco mais global. Trazendo referências de fora e destacando o que é feito aqui”, avalia o gestor. O potencial regional do que é produzido na Capital tem como base também mais participação e consciência coletiva.
Matheus Rodrigues, o Peixe, é integrante do Cururu Skate Rap e um dos jovens que organiza batalhas de rima em Fortaleza. A pista de skate onde os eventos acontecem, no Ginásio da Parangaba, é palco para o rap, mas também para poesias e protestos. Resistência. A rima a partir do que se vive todo dia tem sido uma das principais formas de os jovens saírem dos seus bairros carregando o potencial que esse território lhes deu, serem ouvidos, quebrarem fronteiras e preconceitos.
As batalhas de rima são, além de uma representação coletiva da Cultura aliada à realidade social, a oportunidade que muitos rappers terão para começar na carreira. “De uns anos pra cá, a Cultura tem sido mais abraçada pela população. Fortaleza hoje conta com vários pontos de apoio onde projetos são realizados. Mas há uma presença muito forte nas ruas e nas comunidades, de projetos culturais dos mais diversos e que conseguem alcançar um público gigante”, avalia Matheus.
Reggae, Roots e Cultura nas ruas
Identidade, vibrações, passinho, diversidade, poesia, artistas, batalha de paz, periferia e muito roots. Os movimentos culturais de reggae se espalham por Fortaleza há anos. Ganham espaço, público e privado, são escola e misturam temas de guerra e paz. De passinho à contação de história, as festas itinerantes ocupam as lacunas sociais com muita música e dança.
“A Cidade é um caldeirão de expressões artísticas e musicais que mostram a diversidade do nosso povo. Tem destaque o forró, o funk e o reggae, como rotas importantes da juventude”. A explicação é da Amanda Sartre, uma das organizadoras do evento Alto do Reggae, que acontece no Mirante, um dos locais mais bonitos de Fortaleza.
Retratando as questões sociais em suas letras, o estilo musical passa ainda uma mensagem de esperança e paz. Fala de guerras que precisam ser curadas com amor. Amores que precisam ser dançados a dois ou sozinho. “O reggae denuncia condições de vida difíceis, as lutas e a busca por igualdade, apesar da opressão social e política”, destacou Amanda.
O passinho do Reggae se mistura às cores verde, amarela e vermelha, que são combustíveis também para a criação de poesias e a realização de saraus. Ocupa praças, calçadas, vias e é feito por homens e mulheres. “O reggae tem um peso significativo na nossa capital, está na vida cotidiana, nos bares, na rua e na dança. Como o passinho, que transcende a música e se torna parte das expressões artísticas e culturais da juventude”, afirmou a organizadora do Alto do Reggae.
REGGAE e os movimentos culturais de rua em Fortaleza:
Alto do reggae, no Vicente Pinzon (Mirante)
Coletivo Barramar sound system (Barra do Ceará)
Nazaria sounds (Conjunto Esperança)
Piraroots (Pirambu)
Granja Roots ( Granja Portugal)
Messeroots (Messejana)
PASSINHO: COREOGRAFIA DE CULTURA
“Passinho é arte,
Passinho é criatividade,
Passinho é movimento político.”
Ao som do reggae, pé pra frente e pra trás, reboladinha suave, corpo em movimento sincronizado, coreografia. É Cultura e se espalhou por Fortaleza. Homens e mulheres, descalço ou de chinelo, no Dragão do Mar ou entre as ruas apertadas. As oficinas que ensinam a dançar o passinho são planejadas e produzidas como forma de compartilhar o que se sabe e promover a troca. O convite para a dança vem acompanhado do convite para criar junto, em uma dança livre e artística.
Em Fortaleza, a “Family OSS PASSINHO”, de coreografia, realiza eventos que ensinam e divulgam o passinho
BATALHA DE RIMA
- O pioneirismo de jovens abre as possibilidades para a profissão
-As batalhas de rima ganharam visibilidade nas redes sociais e apresentou aumento de público
-O crescimento é internacional e representa um mercado promissor
-As repercussões nacionais das batalhas e de seus protagonistas são estímulo e reconhecimento
-Em Fortaleza, os organizadores afirmam que são realizadas batalhas todos os dias em diferentes bairros
-Na Capital, o rap está presente nas casas de show, nas rodas de rima, de breaking, de grafiteiros..
-São diferentes linguagens que se unem
-Uma das reivindicações do coletivo Cururu Skate e Rap é sobre o Ginásio da Parangaba. De acordo com o coletivo, o local demanda mais iluminação e segurança