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2024 tem abastecimento garantido, mas e depois?

A quadra chuvosa do próximo ano deve ser de poucas chuvas. Órgãos se articulam para realizar ações de contingenciamento diante de um possível cenário de escassez 

Cada vez mais, o cenário que se desenha para a quadra chuvosa — período de fevereiro a maio — do próximo ano é de poucas chuvas. Com cerca de 40% da capacidade de armazenamento dos açudes, o Ceará se prepara para contingenciar os impactos de um aporte insuficiente. Conforme a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), contudo, há abastecimento garantido por pelo menos todo o ano de 2024.

A escassez é resultado da influência do El Niño, fenômeno meteorológico causado pelo aumento da temperatura do Oceano Pacífico. Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), não há dúvidas de que haverá seca.

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“Temos estoque suficiente para 2024, mas, com as previsões de poucas chuvas, nossa preocupação já é em relação aos anos seguintes”, avalia Ramon Rodrigues, secretário de Recursos Hídricos (SRH). Segundo ele, a estimativa é que o Ceará chegue ao fim da quadra chuvosa de 2024 abaixo de 30% de sua capacidade, considerando aporte nulo (zero chuvas).

A capacidade total de armazenamento do sistema hídrico do Estado é de 18,5 bilhões de metros cúbicos (m³). O volume atual é de 7,36 bilhões de m³ de água, o que equivale a 39,73% da capacidade.

Conforme Ramon, os técnicos e gestores da SRH, Cogerh, Funceme, Sohidra, Defesa Civil, Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) e Secretaria do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (Sema) estão preparando um Plano de Contingência com o conjunto de obras prioritárias para o enfrentamento aos efeitos da estiagem que se prenuncia para 2024 em função do El Niño.

A intenção, de acordo com o secretário, é levar a demanda ao Governo Federal no sentido de obter recursos para viabilizar as ações emergenciais.

Tércio Tavares, diretor de operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), explica que a situação de abastecimento é diferente nas regiões do Estado,embora nenhuma se encontre em condição muito crítica, com reservas abaixo de 10%.

“As bacias mais ao norte geralmente recebem aporte maior de chuvas e estão hoje mais ou menos com 70%”, diz. Situação considerada confortável.São elas as regiões do Acaraú (74,34%), Coreaú (69,60%), Litoral (69,25%) e Baixo Jaguaribe (68,22%).

“Nas regiões da parte central do Estado são bacias que historicamente têm capacidade de acumulação mais difícil. Mais ao sul, estamos mais confortáveis, com cerca de 50%”, diferencia. Médio Jaguaribe (20,43%) e dos Sertões de Crateús (24,16%) apresentam os menores valores acumulados. Salgado (52,28%) e Alto Jaguaribe (52,54%) estão em situação mediana.

Segundo Tércio, desde 2018 a região Metropolitana (58,88%) não precisa de águas do Castanhão, sendo abastecida apenas pelo sistema Pacajus-Pacoti-Riachão-Gavião. “Provavelmente, em se concretizando o cenário de El Niño, vamos precisar em 2024 trazer água do sistema região Metropolitana junto com o Jaguaribe, trazendo água do Castanhão e Orós, caso necessário”, pormenoriza.

Dos 157 açudes monitorados pela companhia, apenas um açude está sangrando. O Germinal, localizado na bacia Metropolitana, ultrapassou sua capacidade total de 2,11 hm³ de água. Outros dois estão com volume acima de 90%: o Aracoiaba e o Caldeirões. Por outro lado, outros 44 estão com volume inferior a 30% da capacidade. Conforme resenha diária publicada no dia 6 de dezembro, nove açudes estão secos e outros nove em volume morto.

O Castanhão, maior reservatório do Ceará e maior açude para múltiplos usos da América Latina, localizado na bacia do Médio Jaguaribe, está com 24,71% de armazenamento. O açude, que tem capacidade total de 6.700,00 hm³, chegou a registrar apenas 2,12% da capacidade em fevereiro de 2018.

Orós, situado na região hidrográfica do Alto Jaguaribe, está com 54,04% dos 1.940,00 hm³ que pode comportar. Banabuiú, localizado na bacia de mesmo nome, registra 37,70% de armazenamento, cuja capacidade total é 1.534,00 hm³.

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