Combate e conscientização para acabar com os incêndios florestais
A tecnologia e ações de capacitação podem reduzir os danos ambientais provocados por incêndios que atingiram níveis recordes em 2023Os números assustam. No Estado do Ceará, os registros de focos de queimadas em vegetação deram um grande salto em 2023. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em todo 2023 o Ceará registrou 3.242 focos de queimadas em vegetação. Comparados aos números de 2022, houve um crescimento de 147% quando este número foi de 1312. Este é o maior número registrado pelo Inpe desde 2007.
As queimadas representam um significativo desafio ambiental significativo, impactando ecossistemas locais e a qualidade de vida da população. O aumento desses incidentes tem levantado preocupações sobre a degradação e os efeitos na biodiversidade.
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As áreas mais afetadas estão concentradas em regiões vulneráveis, onde a combinação de condições climáticas propícias e atividades humanas irresponsáveis tem contribuído para o aumento das queimadas. Os incêndios frequentes prejudicam a fauna e a flora locais, ameaçando espécies nativas e comprometendo ecossistemas frágeis.
Além dos impactos ambientais, as queimadas também têm consequências diretas na saúde da população. A fumaça resultante desses incidentes agrava problemas respiratórios, especialmente em crianças e idosos.
Os números do Inpe preocupam, o problema existe, mas também existem algumas ressalvas em relação a estes dados. "O foco de calor detectado pelos satélites do Inpe não faz a distinção entre incêndio florestal e queimada controlada. Então os dados registram as duas situações, que não são a mesma coisa", explica o capitão Sócrates, bombeiro especialista em prevenção e combate a incêndios florestais, instrutor e coordenador de cursos voltados para a área de prevenção e combate a incêndio florestal.
Mas qual é exatamente a diferença entre queimadas controladas e incêndios florestais? O capitão Sócrates explica: O incêndio florestal é um fogo sem controle. Não há nenhum controle da intensidade e da área que o fogo vai atingir. Já a queimada controlada é feita na agricultura e na pecuária. É realizada em uma área delimitada com controle, tanto da área que vai ser queimada quanto da intensidade. Mas aí é que podem ocorrer problemas. O incêndio florestal geralmente é decorrente da perda do controle da queima controlada.
Outra característica do Ceará que agrava o problema é o clima da região. A quadra chuvosa mais ou menos garante que não haverá tantos problemas com incêndios florestais, mas no segundo semestre, a vegetação, para se proteger da falta de chuvas e se manter hidratada solta as suas folhas e as folhas soltas ajudam a propagar o fogo. "Isso potencializa as ocorrências de incêndio. Quando fazemos um levantamento por mapa fica difícil identificar algum local que não sofreu com incêndios", afirma o tenente coronel Gledson do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará, oficial desde 1996, bacharel em segurança publica com especialização em gestão pública, comandando atualmente o Corpo de Bombeiros do interior do Estado.
Sem dúvidas a prática da queimada controlada, sem tanto controle é um dos principais fatores de geração de incêndios florestais. Na queima controlada é preciso ter a autorização dos órgãos competentes. Hoje essa autorização é dada pelos municípios. Quais são os requisitos para poder praticar uma queima controlada? "Delimitar a área, definir os horários, que devem ser momentos sem incidência forte do sol, no fim da tarde ou começo da manhã. Não tendo esses cuidados perde-se o controle”, explica o capitão Sócrates.
O que fazer para tentar solucionar o problema? O Estado do Ceará, através da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social e o Corpo de Bombeiro pôs em prática o projeto Protetor da Mata Branca. Ele tem como principal objetivo capacitar agricultores e moradores rurais para prevenir e combater incêndios florestais. Ou seja, com o uso adequado de ferramentas e equipamentos de segurança, a identificação de riscos e a adoção de medidas preventivas. “É uma ramificação de algo maior que lançamos no segundo semestre. Em 2020 demos início à Operação Floresta Branca, que tem esse nome porque no idioma Tupi-Guarani, o bioma caatinga significa Floresta Branca. Fazemos visitas, palestras, damos orientações, apresentamos estatísticas de incêndios florestais para as comunidades rurais. É uma ação de prevenção sobre os cuidados com a queimada controlada”, conta o capitão Sócrates.
O Corpo de Bombeiros do Ceará vem se preparando para melhorar cada vez mais o trabalho de conscientização e também de combate aos incêndios. "Estamos aprimorando os cursos e estamos evoluindo tecnologicamente. Temos drones para conseguir melhor visualização área e podermos traçar táticas de abordagem dos incêndios diminuindo o dano ao meio ambiente e o risco às comunidades", afirma o tenente coronel Gledson.
Os recursos tecnológicos são importantes, mas, destaca o tenente coronel Gledson, sem o bombeiro atuando nada tecnológico adiantaria. "Preocupados com isso, nosso comando geral está realizando grandes aquisições de equipamentos de proteção individual, vestimenta, máscaras para proteger e fazer com que o bombeiro militar sofra menos dano.”
O problema que envolve os incêndios florestais não é exclusivo do Corpo de Bombeiros. "Se você vai fazer limpeza de terreno que faça de forma segura, para não provocar incêndios. Se o agricultor não sabe fazer uma queima controlada, deve procurar a Secretaria de Meio Ambiente do município e seguir os trâmites legais para a sua realização", finaliza o capitão Sócrates.
Para denúncias ao Corpo de Bombeiros ligue: 193
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Saiba mais
Confira as lives do projeto no YouTube do O POVO
https://www.youtube.com/@opovo