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Último dia do Encontro Sesc Herança Nativa consolida união dos povos tradicionais cearenses

Com a participação de povos indígenas, ciganos e quilombolas e representantes dos sertões, serras e chapadas do Ceará, evento promove troca de saberes e fortalecimento da cultura popular

O décimo Encontro Sesc Herança Nativa chega ao fim, nesta terça-feira. Foram cinco dias de celebração das diferentes culturas dos povos tradicionais cearenses, no Sesc Iparana Ecoresort. A programação gratuita com oficinas, apresentações culturais, artesanato e culinária segue até às 12h de hoje.

O projeto do Sistema Fecomércio, por meio do Serviço Social do Comércio – Sesc Ceará, reuniu mais de 200 comunidades vindas de 75 municípios do Ceará. Tanto povos indígenas, ciganos e quilombolas quanto representantes dos sertões, serras e chapadas do Ceará participam do evento realizando conexões e intercâmbios socioculturais.

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Na visão do consultor de programação social do Sesc, Paulo Leitão, o grande impacto da iniciativa é proporcionar visibilidade a esses grupos, assim como fomento aos fazeres e saberes culturais.

“As comunidades saem muito mais empoderadas. Outra grande questão foi propiciar que esses povos se encontrassem, criando novas gerações. É um momento de reafirmar a pluralidade sócio-cultural que o nosso povo representa. A força do Brasil é o seu múltiplo”, garante.

Conheça quem participou

Francisca das Chagas Cruz, 64, mais conhecida como Dulce Cigana, é líder do grupo de ciganos de Sobral e participa do Herança Nativa há oito anos, com palestras sobre as origens e costumes ciganos e oficinas de leitura de mão. “Cigano, indígenas, quilombolas, são pessoas guerreiras, fortes. O cigano é um povo que foi muito perseguido, mas a coisa está mudando. Hoje em dia tem cigano na política, tem cigano médico, tem cigano empresário, e esse evento ajuda a divulgar”, aponta.

Guardião da memória, Mestre do mundo, Doutora da mata e Professora da aldeia. É assim que Cacique Pequena, 79, considerada a primeira mulher cacique da América Latina, se descreve. Do povo Jenipapo-Kanindé, ela se faz presente no Encontro desde a primeira edição e expressa a felicidade de poder estar junto de outras comunidades.

“Cada vez mais a gente vê que é uma coisa que vem nos ajudando, nos protegendo. Ninguém sabia que no Ceará existia índio. Quando os não índios disseram que no Ceará não tinha índio, os índios começaram a se levantar e dizer ‘estamos aqui, firmes e fortes, para lutar pelos nossos direitos’”, declara.

José Alves Carneiro, 61, ou Mestre Mateiro, é intitulado Tesouro Vivo pela Secretaria de Cultura do Ceará (Secult CE). Natural de Pacoti, ele participa do evento desde o início, passando para frente todos os seus saberes em rodas de conversa, palestras e trilhas acerca da fauna e da flora cearenses, além da preservação das matas.

“Faltava esse elo para reunir os povos que estavam muito divididos, o povo do mar para um lado, o povo serrano para outro, o povo sertanejo para outro. Hoje, é uma honra viver essa irmandade e compartilhar nossos conhecimentos”, indica.



Serviço
Encontro Sesc Herança Nativa
Data: até hoje, terça-feira
Local: Sesc Iparana Ecoresort (Av. José de Alencar, 150 - Iparana, Caucaia)
Horários: das 8h às 12h

Gratuito

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