Conheça o Aquavelas, exposição flutuante que embeleza a orla de Fortaleza desde 2020
O espetáculo visual é composto por jangadas de velas pintadas, representando a cultura da pesca e dos povos tradicionais cearenses. Este ano, a exposição ocorre no domingo, 23Uma exposição gratuita e itinerante ao longo da orla de Fortaleza. Essa é a proposta do Aquavelas, o desfile anual de jangadas com velas pintadas promovido pelo Sistema Fecomércio, por meio do Sesc Ceará. A edição deste ano ocorre neste domingo, 23, a partir das 8h. O cortejo de jangadas sai da enseada do Mucuripe, próximo ao Mercado dos Peixes, e segue embelezando o litoral até a Vila do Mar, na Barra do Ceará, promovendo um espetáculo visual único.
O projeto compõe a programação do Povos do Mar, evento que reúne mais de 200 comunidades tradicionais praianas do Estado para celebrar os saberes e os fazeres dessa cultura. Iniciado em 2020, o Aquavelas surgiu como uma alternativa a essa celebração durante o período da pandemia, mantendo o distanciamento social e a homenagem às comunidades litorâneas.
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Nesta 5ª edição do Aquavelas e 14ª do Povos do Mar, 14 artistas participam criando peças inéditas para a exposição. No domingo, as novas velas pintadas se juntam às de edições anteriores, formando um grupo de cerca de 60 jangadas que adicionam ainda mais cores ao azul e verde do mar fortalezense. Os jangadeiros vêm de diferentes localidades, como Pirambu, Goiabeiras, Iparana, Pacheco, Mucuripe, Serviluz e Caça e Pesca.
De acordo com o consultor de programação social do Sesc, Paulo Leitão, a ideia era construir uma experiência que “se derramasse nos olhos” dos espectadores e unisse públicos diferentes. Assim, as artes retratadas nas velas representam os povos indígenas, os fazeres dos jangadeiros, os povos de matriz africana, os ciganos e todos os coletivos populacionais que abarcam os povos do mar. Segundo ele, a expectativa para o ano que vem é ter mais 15 telas totalmente inéditas.
“Promover essa exposição flutuante é muito gratificante, porque vamos ampliando os repertórios sociais. A jangada assume uma dimensão artística e existe a aproximação de universos, quebrando invisibilidades. Fortaleza é um dos municípios do Ceará que tem mais Jangadeiros, que movimentam uma economia incrível. Então queremos mostrar que eles existem, botam peixe na nossa mesa e são guerreiros do mar”, destaca Paulo.
Participante do Aquavelas desde a primeira edição, o secretário da Colônia Z8 de pesca e agricultura de Fortaleza, Elias da Silva, relembra o início do projeto. Ele conta que a primeira edição contou com cerca de seis jangadas, reunindo pescadores da Barra do Ceará e de Iparana, em Caucaia. Ao longo dos anos, a beleza e originalidade da ação foi atraindo mais integrantes e dando força ao projeto.
Atualmente, com 43 anos, Elias também atua junto ao Sesc coordenando a participação dos jangadeiros no Aquavelas e auxiliando nas inscrições. Segundo ele, a parceria com a entidade proporciona uma oportunidade ao pescador que a classe nunca teve: ser reconhecida.
“Hoje já tenho pessoas de fora que me reconhecem, através desses eventos. Aí me procuram, querem saber o peixe que tem, perguntam se pode alugar uma jangada ‘pra’ passeio… agradeço a todos por divulgarem a pesca, o artesanato e a cultura local, porque isso não existia”, declara. Dono de uma peixaria no Mercado dos Peixes do Vila do Mar, Elias diz que tem compradores até para exportação.
A necessidade de maior valorização para o ofício do pescador também é apontada por Alisson Bezerra, 29. Mesmo sendo, segundo Elias, o mais novo da comunidade de jangadeiros da Barra do Ceará, a experiência de 19 anos no mar já permitiu que o jovem conhecesse todas as dificuldades dessa vida. Ele pede que os cidadãos compareçam ao Aquavelas e estejam cada vez mais próximos da cultura pesqueira.
“A vida do pescador é sofrida. Ele vai buscar o alimento mas só Deus sabe se ele volta. E ainda tem muita gente que quer desvalorizar o pescador, pisar em cima. Hoje eu entrei 3h40 da manhã no mar”, desabafa, e deixa o convite: “No Aquavelas, o povo vai ver a cultura, vai ver a coisa bonita que é as embarcações de velas abertas, personalizadas com desenhos. Todo mundo devia ver”.
Povos do Mar
Este ano, a programação do Povos do Mar ocorre de 21 a 25 de junho, no Sesc Iparana Hotel Ecológico. O evento é gratuito e aberto ao público. A 14ª edição do encontro conta com mais de 200 comunidades do litoral, de 25 municípios do Estado. Durante cinco dias, rendeiras, mestres da cultura, pescadores, artesãos e marisqueiras trocam saberes e tradições, por meio de vivências, oficinas, rodas de saberes e práticas alimentares.
SERVIÇO
Exposição flutuante Aquavelas
Data: 23 de junho (domingo)
Horário: a partir das 8h
Local de largada: Enseada do Mucuripe (próximo ao mercado dos peixes)
Local de chegada: Mercado dos Peixes do Vila do Mar (próximo a praia das goiabeiras)
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