Segurança das urnas eletrônicas: tecnologia tornou eleições mais seguras

Teste de segurança das urnas permite que investigadores voluntários ataquem o sistema em busca de falhas. Desde o primeiro uso, em 1996, melhorias são contínuas

06:00 | Jun. 08, 2022

Por: O Povo
Mais de 32 milhões de eleitores não votaram nas eleições de 2022 (foto: Aurelio Alves/O POVO)

Reconhecido no mundo inteiro e considerado referência de segurança, o sistema eletrônico de votação brasileiro foi um divisor de águas na política do País. A urna eletrônica foi utilizada pela primeira vez em uma eleição no ano de 1996, com o objetivo de acabar com o grande volume de fraudes que a votação impressa permitia. Desde então, o microcomputador tem favorecido a democracia e a acessibilidade entre milhões de eleitores brasileiros.

“Não é a urna que vai modificar o comportamento das oligarquias políticas, mas ela vai ser um ponto chave porque muda os padrões de cooptação política mais rasteiros”, defende o cientista político Francisco Moreira.

O especialista explica que, antes do processo de votação eletrônico, as autoridades tinham a possibilidade de exercer um enorme controle sobre o eleitor. As cédulas e a contagem de votos eram facilmente fraudadas, e o resultado demorava dias para ser apurado.

Apesar de não descartar a possibilidade do método ser fraudado de alguma forma, Francisco demonstra confiança nas urnas e define como o processo de eleição mais seguro do mundo, de acordo com a própria visão.

“Não tem o menor sentido você ser contra a urna eletrônica se você conhece a história. Eu vi ao vivo e a cores o mau uso que se fazia. A urna foi um passo significativo em torno de uma modernização da política brasileira que não devemos desprezar”, garante.

Segurança das urnas: testes garantem melhorias contínuas

A segurança do sistema eletrônico de votação é feita em camadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ou seja, são criadas barreiras que impedem a violação do sistema. Para garantir o pleno funcionamento, a urna passa por uma série de testes e auditorias feitas por especialistas.

Um deles é o teste público de segurança, no qual investigadores inscritos têm a oportunidade de executar planos de ataques ao sistema com o objetivo de encontrar falhas. Os problemas apontados são, então, consertados pelo TSE, permitindo a melhora contínua do método.

Marcial Porto, professor de Ciência da Computação da Universidade Estadual do Ceará (Uece), foi um dos investigadores que participou do teste. À época, ele e seus alunos receberam uma urna real para tentarem quebrar a proteção do sistema. Nada foi encontrado.

Um dos fatos que gera dúvida acerca da segurança da urna eletrônica é o fato de alguns países desenvolvidos permanecerem utilizando o voto impresso. Nesse sentido, Marcial esclarece alguns dos possíveis motivos que podem levar a tal contexto: ao contrário da maioria desses países, o Brasil apresenta enorme extensão territorial e obrigatoriedade do voto, formando um eleitorado de milhões de pessoas.

“Com essas características singulares, a apuração eletrônica se torna vantajosa e evita problemas de fraude. Considero bom o sistema. Não podemos dizer que não tem possibilidade de fraude, mas acho muito difícil acontecer algo que possa alterar o resultado da eleição. Para outros países talvez não valha a pena criar um sistema tão complexo”, destaca.

Além dessas diferenças, diversos outros fatores podem ser levados em conta, como sistemas políticos, lógica eleitoral e cultura.

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