50+: economia da longevidade traz oportunidades para micro e pequenos negócios

A chamada economia prateada já movimenta mais de R$1 tri no país. Com necessidades específicas, empreendedores se adaptam e buscam atender exigências desse setor em crescimento

09:50 | Fev. 06, 2024

Por: O Povo
Economia prateada já movimenta mais de R$1 tri no país (foto: Foto de Pavel Danilyuk)

Com mais de 54 milhões de consumidores acima dos 50 anos no Brasil, o mercado da longevidade está em ascensão, projetando-se para atingir a marca de 90 milhões até 2045, de acordo com estimativas do Instituto Locomotiva. Esta tendência não apenas reflete uma mudança demográfica significativa, mas também cria um cenário propício para oportunidades de negócio na chamada economia da longevidade, que já movimenta cerca de R$1,6 trilhão anualmente no país.

Para Tereza Furtado, 61, CEO da Senium Longevidade Saudável, a decisão de adentrar o mercado da longevidade foi moldada por desafios enfrentados no mundo corporativo. "Vivi o preconceito de idade enquanto executiva de RH em uma grande empresa no Ceará", relata Tereza. Esse desafio a levou a repensar suas escolhas e a identificar lacunas no mercado, onde os profissionais mais maduros muitas vezes são subestimados. “Ainda existe uma resistência, as organizações são, sim, etaristas, elas têm esse preconceito, é invisível, mas está lá”, defende.

Inspirada em fazer a diferença, Tereza fundou a Senium Longevidade Saudável, uma startup que tem como principal objetivo oferecer experiências educacionais e soluções para pessoas acima de 50 anos. A Senium atua em diversas frentes, incluindo o planejamento da longevidade, empregabilidade, desenvolvimento de habilidades digitais e qualidade de vida. A plataforma completa está para ser lançada ainda em fevereiro.

Outro empreendedor que encontrou oportunidade no mercado da longevidade é Fabio Ota, fundador da ISGAME. Sua jornada começou em 2015, quando se deparou com pesquisas sobre o uso de videogames na prevenção do declínio cognitivo. Decidido a aplicar esse conhecimento, Fábio desenvolveu uma empresa que oferece treinamentos para a memória, raciocínio lógico e concentração por meio de videogames.

“Eu já ensinava crianças a desenvolver videogames e comecei a estudar mais sobre o assunto e decidi tentar ensinar idosos a jogar e a desenvolver videogames para a prevenção da doença de Alzheimer. Mais de 7% dos idosos no Brasil têm a Doença de Alzheimer, são mais de 2 milhões de vidas impactadas pela doença”, explica.

Em 2016 Fábio iniciou então uma pesquisa para validar a metodologia com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) dentro do Programa Inovativo para Pequenas Empresas (PIPE) – fase 1. Junto com outros especialistas na área da saúde conseguiram comprovar os benefícios da ideia para a memória, concentração e qualidade de vida.


No decorrer do processo porém, a equipe se deparou com um outro desafio: como os jogos eram desenvolvidos para computadores a ideia excluía, automaticamente, boa parte dos idosos que não tinham habilidade para o manuseio do equipamento. E em 2018, avançaram para a fase 2 do projeto.

“Desenvolvemos o aplicativo "Cérebro Ativo" para smartphones, com o objetivo de atender a maioria dos idosos no Brasil, com isso, já conseguimos atender mais de 1.500 idosos, enfrentando o desafio do preconceito de que já estão velhos demais para aprender”, comemora. O app Cérebro Ativo está disponível nas lojas online e os treinamentos são presenciais com aulas semanais de 1h30. “Para expansão, criamos o modelo de Licenciamento, para as pessoas que querem empreender e levar nossa metodologia para outras cidades”, explica.

Mas mesmo diante das inúmeras possibilidades, a chamada economia prateada ainda traz muitos desafios: “é um setor com boas perspectivas de crescimento, porém ainda não existem muitas empresas com modelos de negócios bem definidos. O perfil das pessoas idosas também está mudando e cada pessoa é única e você conseguir atender a todas é um desafio muito grande ainda”, aponta Ota.

Outro desafio, apontado agora por Tereza, é o olhar ainda pouco familiarizado do mercado para os negócios de impacto: “o mercado ainda não tem essa visão do que é o negócio de impacto social, não conhece o setor 2 e meio, e aí a gente tem que criar essa cultura. Então o percalço de inicio é justamente o recurso”, defende.

Para aqueles que desejam empreender neste setor em crescimento, Fábio compartilha algumas dicas: "Conheça bem o seu público, faça pesquisas, mas principalmente, frequente e conviva com as pessoas idosas para entender o que elas precisam”, finaliza.

 

Movimento Empreender

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