Empreendedorismo delas: Mulheres representam mais de 9 milhões dos negócios no Brasil e mostram que lugar de mulher é onde ela quiser
A história da empresa familiar capitaneada por mãe e filha, que hoje exporta para 26 paísesA história por trás de diversas marcas brasileiras começa com mulheres que decidiram apostar no sonho de ter seu próprio negócio. E elas são muitas, dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo IBGE, mostram que cerca de 9,3 milhões de mulheres estão à frente de negócios no Brasil e que em 2018 elas já eram 34% dos “donos de negócio”. O GEM (Global Entrepreneurship Monitor), que é a principal pesquisa sobre empreendedorismo no mundo, com dados de 49 países, mostrou, em sua última edição (2018), que o Brasil ficou em sétimo lugar no ranking de proporção de mulheres à frente de empreendimentos iniciais (menos de 42 meses de existência). No mesmo caminho, o Relatório Especial de Empreendedorismo Feminino no Brasil, divulgado pelo Sebrae no ano passado, aponta que 48% dos MEIs (Microempreendedores Individuais) são mulheres.
Tainara Campos, 25, e Marilza Ferreira da Cruz, 43, mãe e filha, fazem parte desse universo. Juntas, elas hoje comandam uma marca de moda praia que já exporta para 26 países. Com vendas 100% online, a Sun Bali já soma 388 mil seguidores no Instagram e baseia todo o seu marketing na rede social, além do Facebook e site. Há sete anos no seguimento, a história dessa empresa comandada por mulheres mostra a força e a determinação que estão por trás de inúmeros outros empreendimentos brasileiros.
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Mãe de três filhos e trabalhando como doméstica, Marilza decidiu investir seu pequeno capital em uma máquina de costura e matéria-prima para começar a confeccionar lingeries. Mas tinha um pequeno detalhe: ela não sabia costurar. Mas isso não foi empecilho, apostou num curso de costura de curta duração e se jogou no plano: "dividi a máquina em várias prestações, lembro até hoje do valor das prestações, que era de R$127", relembra a empresária. A ideia era, basicamente, fazer um dinheiro extra para complementar a renda, na época Marilza ganhava R$500. Utilizando seus momentos de folga, conseguiu fabricar algumas peças. O lucro, porém, nunca chegou, já que sua primeira venda findou com um calote. Sem desanimar, decidiu insistir. Juntou dinheiro, comprou mais tecido e produziu novas peças. Mas parecia que algo não conspirava a seu favor, e novamente foi surpreendida pelo não pagamento: "Por ingenuidade confiou nas pessoas. Vendeu e não recebeu, voltando à estaca zero", relembra Tainara. A filha conta que, depois dos dois calotes e sem esperança do negócio dar certo, a mãe decidiu vender o maquinário, mas sempre que aparecia alguém interessado na compra, ela sempre tinha uma desculpa para não se desfazer do equipamento, que havia adquirido com tanto esforço.
Mas em 2014, quando ficou desempregada, Marilza decidiu tirar a poeira da máquina e voltar a produzir as lingeries. Tainara, então com 17 anos, sugeriu à mãe que desta vez poderiam apostar na confecção de biquínis, já premeditando, talvez, sua veia empreendedora de enxergar a necessidade do cliente: "eu estudava e vendia roupas de academia, que comprava na internet, e vi que por aqui não tinha muitas opções (de biquínis) e as que tinham eram todas iguais". E assim fizeram, Marilza na mão de obra, Tainara na concepção criativa e no marketing. Elas contavam ainda com a ajuda de Zen Alves, 43, hoje noivo de Tainara, na administração do novo pequeno negócio: "a gente começou essa fábrica no quarto dela (Tainara), fizemos a primeira compra, na época deu um valor de R$2 mil reais. A gente comprou no cartão, mas nem sabia como a gente ia pagar essa primeira compra", relembra a empresária emocionada.
Mesmo antes do boom do e-commerce, a pequena empresa familiar já começou apostando num empreendimento 100% digital, via Facebook, Instagram e com uma loja virtual na plataforma Wix, mas "em pouco tempo a plataforma não atendia a demanda e tivemos que migrar para uma mais robusta". Foi quando perceberam que a ideia tinha dado certo: "o mercado nos obrigou a crescer, tivemos que comprar máquinas e contratar pessoas para trabalhar conosco". Hoje, a empresa gera 30 empregos diretos: "a minha alegria maior é saber que estamos gerando emprego pra nossa cidade, hoje a maior empresa aqui na nossa cidade é a nossa", afirma.
Mas quem vê a marca nas redes sociais, as fotos bonitas e trabalhadas, o marketing funcionando, nem imagina o caminho trilhado por esta e outras tantas para começar a empreender. "Falta de conhecimento sobre o produto que iríamos fabricar, trabalhar com zero capital de giro, pouco crédito no mercado", foram alguns dos desafios que as duas enfrentaram há sete anos atrás. Além do fato de apostar na ideia de um negócio sem espaço físico, tendo em vista que o digital também tem seus percalços: "credibilidade, até você ter um nome no mercado, as pessoas ficam desconfiadas", relembra Tainara. Entre as qualidades de manter o negócio online, ela cita o fato de conseguir alcançar milhares de pessoas: "não fica restrito a um local físico e ainda temos um custo menor", enfatiza.
Como planos para o futuro, as empreendedoras sonham em ser uma marca reconhecida também no exterior. Para aquelas que virão depois delas, a dica das dupla de empresárias é para "nunca desistir dos seus sonhos nas primeiras dificuldades, pois sempre haverão novos desafios".
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