Educação inclusiva e acessibilidade
Como superar barreiras no acesso à educação de pessoas com deficiência a partir da formação de professores, do investimento em políticas públicas e da ampliação das oportunidadesEm entrevista ao O POVO, a professora Geny Lustosa, líder do grupo Pró-Inclusão da Universidade Federal do Ceará (UFC), fala sobre os desafios da educação inclusiva para pessoas com deficiência e da necessidade de formação e valorização de professores. Confira!
OPOVO – A sociedade tem avançado na educação inclusiva da pessoa com deficiência?
Geny Lustosa – Temos avanços. A marca da humanidade é a diferença e nossas diferenças compõem o cenário da diversidade humana. A organização dos sistemas de ensino, tanto nas antigas escolas “especiais”, que a gente considera hoje como escolas segregacionistas, ou mesmo o movimento de integração que buscou criar classes específicas, não nos trouxe avanços na escolarização e no desenvolvimento das pessoas. A gente rompe isso com a luta pela inclusão que se inicia no final dos anos 1990, início dos anos 2000.
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OP – Qual a importância da formação dos professores no processo da educação inclusiva?
Geny – Nós temos uma lacuna na formação e na valorização de professores de sala de aula. É preciso falar da ampliação das possibilidades, das oportunidades, do acesso dos estudantes, mas falar também da permanência e aprendizagem dos estudantes dentro da escola e, para isso, a gente precisa superar barreiras físicas e atitudinais. A gente tem que contemplar tecnologia assistida que dê suporte aos estudantes na realização de atividades, a identificação das necessidades dos professores que estão na educação básica e educação especial.
OP – Como o capacitismo afeta a autoestima e o desempenho escolar desses estudantes?
Geny – O capacitismo é estrutural, ele é como o racismo, ele não é apenas uma barreira nas atitudes, ele é uma construção histórica e social que pesa sobre os ombros de todas as pessoas, mas prejudica o desenvolvimento dos sujeitos pela sua condição. O capacitismo impede que uma pessoa se desenvolva, que ela aprenda, porque eu retiro as condições que eu posso dar.
OP – Quais os desafios que os familiares de pessoas com deficiência enfrentam?
Geny – A escola é uma parceria entre família e iniciativa pública. Dentro da realidade desses estudantes, que muitas vezes vêm de famílias menos favorecidas, socioeconomicamente falando, a escola é o primeiro “sim” que essas famílias recebem. Então a gente precisa que a escola também faça sua parte de maior acolhimento dessas famílias. Quanto mais apoio familiar, mais potencialidades de êxito e aprendizagem na escola.