Análise Genética Embrionária na Fertilização in Vitro permite verificar saúde do embrião
Análise Genética Embrionária (PGS) garante saúde do embrião e maiores chances de sucesso da gravidez antes mesmo da implantação no útero da mãe[FOTO1]
Com os avanços da tecnologia na medicina, cada vez mais os métodos de reprodução assistida proporcionam meios de garantir a saúde do embrião e maiores chances de sucesso da gravidez. Um desses meios é a chamada Análise Genética Embrionária ou Screening Genético Pré-implantacional (PGS) na Fertilização in vitro (FIV), capaz de diagnosticar possíveis alterações genéticas no embrião. “As técnicas de reprodução assistida, particularmente a fertilização in vitro (FIV) vieram revolucionar esta capacidade diagnóstica da genética”, afirma o médico Fábio Eugênio, especialista em reprodução humana.
Em um procedimento de FIV, o embrião é formado em laboratório, a partir do óvulo maduro e do espermatozoide, e cultivado em laboratório por cerca de 3 a 5 dias, até ser implantado no útero para que se estabeleça a gravidez. É durante esse período em laboratório que é possível realizar, caso os pais desejem, o PGS, para diagnosticar a integridade genética do embrião antes de implantar no útero.
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Assine"Pela biópsia de algumas células do embrião, antes da transferência ao útero, podemos analisar todos os 46 cromossomos das células embrionárias”, explica o médico, citando, entre as doenças cromossômicas que podem ser detectadas: Síndrome de Down (trissomia do cromossomo 21), Síndrome de Edwards (trissomia do 18), Síndrome de Patau (trissomia do 13) e Síndrome de Turner (monossomia do cromossomo X).
O procedimento
Para o diagnóstico, é necessário que se faça uma biopsia embrionária, por meio da extração de uma das células do embrião, na qual será realizado o estudo genético para as diferentes patologias. De acordo com Fábio Eugênio, se antes o procedimento podia oferecer riscos mínimos à integridade dos embriões, hoje a análise é feita de forma ainda mais segura.
"Antigamente, a biópsia era feita no dia 3 de desenvolvimento, quando os embriões possuem de seis a oito células, então havia risco, embora pequeno, de comprometer sua vitalidade. Atualmente, a técnica se refinou muito, e a biópsia é realizada no dia 5 ou 6, quando os embriões estão no estágio de blastocisto, possuindo de 50 a 100 células”, explica o especialista. Ele destaca que, dessa forma, a retirada de algumas poucas células não compromete a vitalidade embrionária, desde que realizada por profissional habilitado (embriologista) e com técnica precisa.
As demais avaliações para atestar a chamada qualidade embrionária (embriões com maior capacidade de implantação) já fazem parte do processo habitual da FIV. Os principais parâmetros analisados para determinar essa qualidade são: o número de células do embrião em cada dia de desenvolvimento, a velocidade de clivagem embrionária (divisão celular) e a presença ou não de fragmentos citoplasmáticos.
Indicações
A realização do exame é, geralmente, indicada para mulheres em idade mais avançada (acima de 40 anos), característica que aumenta a probabilidade do desenvolvimento de alguma alteração genética no embrião. “Para doenças cromossômicas, sem dúvida o fator de risco principal é a idade da mulher. Como a mulher nunca renova seus óvulos, estes têm a mesma idade da paciente. Então, erros de migração cromossômica durante a divisão e amadurecimento dos óvulos, e no momento da fertilização, respondem pela imensa maioria das doenças cromossômicas nos embriões”, detalha Fábio Eugênio.
Histórico familiar de doenças genéticas também é um indicativo para a realização de análises extras. Segundo o médico, em casos de doenças gênicas, apenas um pequeno fragmento do DNA (o gene) que codifica uma proteína no organismo está alterado. “As doenças gênicas não dependem de idade do casal e tendem a ser transmitidas hereditariamente, ao longo de gerações em uma mesma família. Neste caso, pode-se fazer a detecção deste gene alterado - técnica chamada PGD – e, assim, eliminar aquela transmissão de gene defeituoso na família, evitando o nascimento de descendentes com aquela doença”, destaca.
Outra forte indicação do PGS é em caso de abortos de repetição inexplicados. Como o exame possibilita a análise da saúde do embrião, aumenta a possibilidade reprodutiva da paciente. “Porém, mesmo se não há uma indicação específica, é um direito do casal realizar o PGS caso deseje”, afirma o especialista.