Atividade física na gravidez: riscos e benefícios
A busca pelo corpo perfeito pode causar sérios riscos durante a gestação. Entretanto, se bem acompanhados por profissionais, os exercícios fazem a diferença para a hora do parto
08:00 | Ago. 31, 2017
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A maternidade é um momento de muita alegria, mas também de bastante preocupação. Afinal, a mulher carrega uma segunda vida dentro do corpo. Por conta disso, é essencial tomar diversos cuidados com a saúde. Alimentação saudável e exercícios físicos devem fazer parte da rotina da gestante. Entretanto, esses hábitos devem ser tomados sob a orientação médica para evitar possíveis transtornos alimentares. Entre as grávidas, o desejo excessivo para ter um corpo em forma é reflexo do transtorno alimentar conhecido como pregorexia.
Os sintomas estão relacionados a uma descompensação entre alimentação balanceada e atividades físicas. De acordo com a psicóloga Sarah Lopes, do Hapvida Saúde, esse transtorno é causado pela busca da manutenção do corpo e da estética sem preocupação com as consequências. Para a psicóloga, a “moda fitness” é a maior influência para a existência do transtorno.
Assim como a pregorexia, outros transtornos também podem acometer gestantes, como bulimia, anorexia e até obesidade.
Durante a gravidez, é recomendado o aumento de peso entre nove e doze quilos. No primeiro trimestre, é comum a perda de peso por conta dos enjôos. Nessa fase, as atividades físicas devem ser leves por conta da maturação do feto. Caminhada, pilates e hidroginástica são boas opções para serem realizadas durante o período. Após os primeiros três meses, sob acompanhamento de médicos e realização regular de avaliação, os exercícios podem ser um pouco mais intensos, de acordo com a condição da mulher. “Se você já é atleta e possui bom condicionamento físico, pode dar continuidade ao ritmo com as devidas recomendações de seu médico”, aponta Sarah Lopes.
Efeitos
Os cuidados abusivos na busca pelo corpo “sarado” durante a gravidez pode prejudicar o desenvolvimento fetal por conta da nutrição inadequada. Além dos danos para o bebê, a mãe pode sofrer ainda com desnutrição e com alteração da visão corpórea. “A mamãe que se olha no espelho não se sente confortável com o peso nem como a sua estrutura, mesmo sabendo que é temporário e que é necessária a mudança para o desenvolvimento fetal adequado”, explica a psicóloga.
Por essa percepção equivocada do próprio corpo, a mulher busca exercícios físicos e alimentação restritiva como soluções. Entretanto, se não houver acompanhamento de médicos e de instrutores físicos, as consequências podem ser negativas.
Uma alimentação irregular da mãe pode causar má formação fetal, com possíveis danos físicos e neurológicos. Em alguns casos, o transtorno alimentar pode desencadear doenças, como também, no momento do parto podem ocorrer algumas complicações. Para se desenvolver de forma saudável até o nascimento, é essencial que o bebê receba todos os nutrientes da mãe.
Em relação às atividades físicas, o que se deve evitar são esportes de contato e uso excessivo de força. Exercícios na medida recomendada – nem para mais, nem para menos – contribuem para dar condicionamento físico adequado e preparação para o parto. Porém, se realizados de forma intensa, pode comprometer a saúde de mãe e filho. Mudanças drásticas na temperatura corporal, dores musculares agudas e sangramentos são consequências de excessos.
Cuidados
Para evitar a existência de transtornos alimentares, é necessário o acompanhamento médico regular de ginecologista/obstetra, nutricionista e psicólogo. Sarah Lopes aponta que o tratamento da pregorexia está diretamente ligado ao modo como a mulher se vê.
Segundo Sarah, é indicada uma psicoterapia pautada pela Terapia Cognitivo Comportamental. Essa técnica busca reestruturar pensamentos distorcidos com causas emocionais que têm reflexos comportamentais.
Conscientização
Há um mês com o pequeno Lucca nos braços, a estudante de Nutrição Camila Barros, 26, manteve as atividades físicas até o 33º mês de gestação. Sob orientação de médico obstetra, educador físico e nutricionista direcionado a gestantes, Camila praticou musculação a partir do terceiro trimestre de gestação.
[FOTO2]Segundo ela, os exercícios contribuem para evitar cansaço e inchaço, além de melhorar a respiração e gerar disposição física. Além disso, a estudante reconhece que a atividade fez a diferença, sobretudo no momento pós-parto. “Com certeza, os alongamentos fizeram total diferença para a recuperação, eu senti que não fiquei com muito inchaço”, reconhece.
Durante o período gestacional, o instrutor eliminou exercícios mais puxados e incluiu mais alongamentos. Camila explica que a cada dois meses fazia avaliações físicas para ver os resultados e fazer alterações dos exercícios. Considerando as atividades, ela cumpria um plano alimentar especial para ter a nutrição adequada dela e do bebê. Com o suporte médico, ela não deixou de lado o gosto pelo esporte durante o período. Enquanto aguarda a recuperação total para voltar à academia, Camila aproveita o bebê em casa.