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Dia do caju: a fruta e a flor

Neste 12 de novembro, O POVO celebra o Dia Estadual do Caju e revisita os maiores e mais relevantes personagens que fazem do Ceará o número um em produção de castanha de caju do País

Estamos bem no meio da temporada do caju. O Ceará, maior produtor da fruta no Brasil, criou até uma lei que institui o Dia Estadual do Caju em que “poderão ser desenvolvidas ações de conscientização da utilização do fruto e de seus derivados, como também programações e eventos direcionados ao turismo cearense”, diz o artigo 2 da lei 15.042, de 18.11.2011.

Os números mostram porque o Ceará é o principal estado produtor brasileiro. De acordo com o IBGE, até 15 de outubro de 2024, o Ceará produziu 91.386 toneladas de castanha de caju, o que representa um crescimento de 44% em relação ao ano passado. A castanha de caju movimentou R$ 222,2 milhões em 2023, que representa 48,9% do que foi movimentado pelo País, que foi de R$ 453 milhões.

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Fruto típico do Nordeste brasileiro, o caju há muito já era conhecido pelos índios, que guardavam suas castanhas para contar a própria idade, como conta o pesquisador pernambucano Mauro Mota na obra "O cajueiro nordestino". O próprio nome caju é originário do tupi, e significa “noz que se produz”.

Historicamente, a fruta também faz parte da alimentação indígena. Costumava-se mascar a polpa ácida e adstringente do caju para refrescar o hálito e fermentar o seu suco para ser bebido em rituais.

Neste 12 de novembro, O POVO celebra o fruto e o pedúnculo. A amêndoa que está dentro da castanha é o fruto e a carne que gera o suco é o pedúnculo, uma parte da flor que cresceu. Nessa formação da natureza, o caju é hoje considerado uma fruta industrial.

“Tanto a castanha como o pseudofruto, o pedúnculo, em sua maioria precisam ser processados industrialmente. Apenas 2% do caju destina-se como fruta de mesa, ou seja, sai do produtor para ser vendido ao consumidor final. 98% do caju precisa ser processado industrialmente”, explica Gustavo Saavedra, chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical.

Desde a origem do consumo do caju, a castanha foi mais valorizada. “A indústria de caju é de castanha, toda a cadeia está baseada na produção da castanha. Desde a década de 70 e 60. Caju era uma curiosidade que se comida nas praias nordestinas. O que era valioso, estocável e processável era a castanha. Que se vendia a amêndoa”, contextualiza Gustavo.

Nesse cenário da década de 60, um industrial cearense abriu caminhos para a cadeia produtiva da cajucultura no Ceará: Jaime Tomaz de Aquino. Em 2024, ele teria completado 100 anos. Chamado de “Rei do Caju”, o empreendedor social natural de Jaguaribe, fundou a Companhia Industrial de Óleos do Nordeste (Cione).

A empresa atua no ramo da produção e exportação de castanha de caju e se apresenta como a mais antiga empresa do setor em atividade no País.

A história de Jaime começou com a venda de castanhas de caju do Ceará para São Paulo. Ele levava sacas de castanha para as confeitarias e fábricas de chocolates. Com o crescimento da clientela, surgiu a ideia da instalação de uma indústria de beneficiamento de castanha de caju, assim surgiu o Grupo Cione, em 1962.

Em sua trajetória, o grupo constituiu nove empresas no Brasil e no exterior, mantendo uma média de 3.500 funcionários fixos, que durante a colheita esse número crescia para quase 6.000 empregos diretos.

Essa era a estratégia para dar conta da produção das suas fazendas: Fazenda Uruanan, Fazenda Pimenteira, Fazenda Jacaju, Fazenda JK I, Fazenda JK II, Fazenda Santos Dumont e Fazenda Tronco do Ipê, no Ceará.

No Piauí, as Fazenda Planalto, Fazenda Alvorada, Fazenda Esplanada, Fazenda Serra Nova e Fazenda São Vicente.

Jaime costumava dizer que “nenhuma fruta é mais bela e gostosa do que o caju, dela nada se perde, tudo se aproveita”.

Desde o final da década de 80, Jaime desenvolvia estratégias para evitar o desperdício da polpa do caju. Levantou a bandeira para a inclusão do caju no Programa Fome Zero, em 2003, e levou comitivas em viagem pelo mundo para divulgar o caju e o seu potencial para acabar com a fome no País.

A sede da Cione se tornou palco para divulgar o aproveitamento do caju, com cardápio variado de pratos com a polpa da fruta, que iam de pastel, pizza, hambúrguer, rocambole, moqueca, até sofisticados risotos, estrogonofe, entre outros.

Com o passar dos anos, Jaime Aquino renovou o ideal de empreendedorismo com responsabilidade social e as suas fazendas passaram a ter estrutura de cidades, voltadas ao bem-estar de todos os funcionários que lá residiam em moradias padronizadas. Instalações elétricas e sanitárias, creche, escola, igreja católica, templo evangélico, mercado, ambulatório, assistência médica e odontológica e outros investimentos em infraestrutura eram todos custeados pelo empresário.

Um dos maiores orgulhos do Rei do Caju foi a construção da creche Maria Ailame Carneiro de Aquino, mantida no prédio anexo ao Grupo Cione. O nome é homenagem direta à esposa, com quem se casou no dia 12 de setembro de 1963 e esteve ao seu lado por 55 anos. Durante décadas, Ailame atuou como vice-presidente do Grupo Cione.

 

 

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