Fortaleza: indutora do crescimento cearense
Com recordes nacionais, Fortaleza posiciona-se como líder do empreendedorismo no Estado. Em entrevista, secretário Rodrigo Nogueira relaciona projetos que justificam o título
09:26 | Dez. 01, 2024
Fortaleza vive um fluxo migratório de pessoas vindas do interior do Estado em busca de oportunidades. Quem afirma é Rodrigo Nogueira, titular da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico (SDE) da Prefeitura de Fortaleza, baseando-se em dados do Cadastro Geral de Emprega dos e Desempregados (Novo Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Conforme levantamento divulgado pelo órgão em setembro, Fortaleza tem um estoque de 747.971 empregos formais. Em maio, a Capital foi a terceira no Brasil que mais gerou emprego formal, com saldo de 4.651 postos de trabalho, atrás apenas de São Paulo (10.517) e do Rio de Janeiro (7.571).
De acordo com o secretário, cerca de 53% dos empregos gerados no Estado concentram-se na Capital, embora ela represente apenas 27% da população cearense. Além disso, Fortaleza ocupou, pela segunda vez consecutiva, o primeiro lugar nacional no eixo Empreendedorismo do Ranking Connected Smart Cities 2024, divulgado em setembro.
Rodrigo relaciona os investimentos da pasta na área do empreendedorismo como justificativa para os títulos. O secretário esteve presente no 20º Seminário Movimento Meu Bairro Empreendedor, realizado em outubro pela SDE em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
“Embora uns achem que o nosso povo quer benefício social, não. Nosso povo quer oportunidade”, afirmou o gestor a uma plateia quase inteiramente feminina. Fortaleza vive um fluxo migratório de pessoas vindas do interior do Estado em busca de oportunidades.
Em entrevista ao O POVO, Rodrigo Nogueira fala sobre os projetos desenvolvidos pela Secretaria nos últimos anos, os bastidores para viabilizar políticas públicas acessíveis a quem mais necessita e o consequente avanço em rankings de emprego, renda e empreendedorismo.
A entrevista integra o conteúdo do caderno especial Caminhos do Empreendedorismo (), disponível também na plataforma O POVO +.
O POVO - O senhor se emocionou durante o evento. Por qual motivo?
Rodrigo Nogueira - De novo. Eu me emocionei pela segunda vez. Porque a gente vê o nosso trabalho mudando a vida das pessoas.
OP – Quais são os principais desafios que os empreendedores da cidade enfrentam atualmente e quais iniciativas a Prefeitura de Fortaleza, por meio da SDE, têm realizado?
RN – Nosso povo é um povo muito carente de conhecimento. A gente, lá na SDE (Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico), buscou dar oportunidade de as pessoas terem conhecimento, de se capacitarem. Muitas vezes elas não têm condição de pagar nem o transporte, então a gente tentou levar para as comunidades, através de parcerias, as capacitações.
Fazendo isso, a gente começou a ver que também é necessário o provimento de crédito. Criamos o programa Nossas Guerreiras, em que quase 15 mil mulheres receberam crédito de R$ 3 mil com 30 meses para pagar e sem juros, e isso mudou a vida de muita gente. Também vimos que, após dar o dinheiro, era necessário consultorias, quando o negócio tem uma taxa de sucesso maior, e também fornecemos.
Outras beneficiárias queriam máquina de costura, a gente começou a dar máquina de costura e capacitar em corte e costura. Outros queriam outros cursos, como gastronomia, instalador de placa fotovoltaica, pedreiro. Fizemos um projeto, que é o maior do Brasil para isso, que é o Fortaleza + Futuro, em parceria com o Senai, Senac e com a Fundação Demócrito Rocha, com mais de 20 mil pessoas capacitadas.
Temos também projetos de carrinhos. Carrinhos de tapioca, de batata frita, de churrasco, de espetinho. Demos quase mil carrinhos, fora o projeto Feiras de Pequenos Negócios. Tivemos, durante a gestão do Prefeito Sarto, mais de 3 mil feiras. Hoje mesmo, enquanto nós estamos aqui, está tendo quase 15 feiras separadas pela cidade, nos terminais de ônibus, em vários pontos da cidade.
Fizemos incentivos fiscais que tornaram Fortaleza a capital do Brasil que tem o melhor arcabouço fiscal para a instalação de qualquer empresa que seja, em qualquer segmento. Trouxemos para cá datacenters gigantes, que pareciam inalcançáveis, investimentos de mais de R$ 2 milhões somados. Enfim, a gente fez todo um trabalho para tornar a Fortaleza o que ela é hoje, a principal economia do Nordeste, quem mais gera empregos e um grande indutor de crescimento do Ceará.
Na gestão do Prefeito Sarto, mais de 53% dos empregos gerados no estado do Ceará estão em Fortaleza. Mas lembrando que nós temos apenas 27% da população.
OP – O senhor mencionou algumas instituições com que firmaram parcerias. Inclusive, o projeto Fortaleza Capacita é realizado em parceria com o Sebrae. Gostaria que o senhor falasse um pouco sobre a importância desses parceiros, dessas articulações que vocês desenvolvem.
RN – A gente tem um recurso limitado, então desde o início eu sabia que se a gente não fosse buscar recurso externo, a gente faria mais do mesmo, e ficaria apenas reclamando do que não tinha dinheiro. Sabendo disso, eu busquei o Sebrae, lá em Brasília, ainda na gestão do presidente Bolsonaro. Diziam que era impossível, mas a gente conseguiu fazer o maior convênio da história de Fortaleza com o Sebrae. Conveniei somando os dois, foram feitos mais R$ 20 milhões.
Também buscamos parceria com a CAF, Banco de Fomentos da América Latina, para financiar projetos como o Meu Carrinho Empreendedor, como o Costurando o Futuro, como o + Futuro, dentre outros. Então sempre é importante a gente ressaltar, e é importante mesmo dizer que a gente não faz nada sozinho, sempre temos que buscar parceiros.
OP – Caso o senhor fosse fazer um panorama de Fortaleza, apontando os setores econômicos que mais se beneficiaram com as ações em comparação com os que mais necessitam. Como é que está hoje essa área?
RN – Fortaleza hoje tem uma taxa de desemprego relativamente baixa. Das capitais, ela é uma das menores. Praticamente estamos aqui no pleno emprego. Temos muito a melhorar, temos muito a capacitar o nosso povo, temos que melhorar em várias coisas. Não podemos achar que está tudo bem, porque não está.
Mas a gente investiu muito no pequeno empreendedor. Hoje, em Fortaleza, de cada dez empregos, oito são gerados por pequenos empreendedores.
OP – Por que isso é importante?
RN – Porque esse dinheiro circula na economia da nossa cidade, sempre com a atenção a quem mais precisa. Quando a gente traz uma grande empresa para cá, é muito importante. É importante, sim, induz outras empresas a vir, é ótimo. Mas, às vezes, esse dinheiro não fica aqui. Quando a gente investe no pequeno empreendedor, a gente reduz a desigualdade e o dinheiro cria um ciclo virtuoso na economia da cidade.
Temos projetos com o Meu Bairro Empreendedor, criamos ruas de comércio em dez bairros de Fortaleza, em que basta você ir em uma rua dessas que você vê a diferença no bairro. Enfim, a gente trabalhou na direção do prefeito de Sarto com a sensação de dever cumprido. Pelo menos no que tange a geração de emprego e renda, capacitação, leis de incentivo fiscal, a gente fez tudo que podia.
OP – Estamos passando por um momento de transição de gestões. É um momento delicado, porque mexe na estrutura das coisas. Existe alguma ação que tenha sido pensada de forma perene, que pense a continuidade, que esteja acima de gestões de prefeituras?
RN – Tudo o que a gente fez lá na SDE virou lei. O [projeto] Fortaleza Capacita tem uma lei que rege, o [projeto] Mais Futuro tem uma lei, o Meu Carrinho Empreendedor tem uma lei, então a gente deixa a política pública implementada. Vamos torcer para que as políticas públicas acertadas na gestão do prefeito Sarto sejam continuadas e as que não deram certo, não sejam mais implementadas e sejam substituídas por algumas que deem certo, porque a gente sempre torce pelo futuro da sociedade.