Não foi fácil, mas foi surpreendente. Há alguns anos, seria impensável que bicicletas pudessem ser usadas de forma compartilhada. Eu pego aqui e deixo do outro lado da Cidade. Ou que as vias tivessem uma faixa exclusiva para o transporte público, e isso tivesse impacto direto no tempo de trajeto diário. Áreas de trânsito calmo? Lombada ecológica? Fortaleza se descobriu. E os órgãos que lidam com o trânsito mostraram que isso era possível.
“A gente sofreu, por exemplo, com a primeira ciclofaixa. Mas a Cidade aprendeu rápido. Até o pessoal do cicloativismo viu depois que era uma política consolidada e que as ciclofaixas iam avançar pelos bairros”, recorda o superintendente da AMC, Arcelino Lima. O gestor lembra que durante a implantação das primeiras ciclofaixas, nas ruas Canuto de Aguiar e Ana Bilhar, algumas pessoas chegavam a contar quantos ciclistas passavam, no intuito de mostrar que a intervenção não era necessária.
Desconfiança também surgiu com o início das faixas exclusivas para transporte coletivo. “Rapaz, botaram isso foi para multar”, lembra Arcelino sobre os comentários. Boa parte das críticas foi direcionada para a faixa exclusiva da rua Padre Valdevino, onde, das duas faixas, uma está dedicada aos coletivos. “E é uma das vias com faixa exclusiva mais respeitada e que registra menos infração”, ressalta.
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A AMC também precisou provar que estabelecer uma rede de semáforos eficiente e confiável não é fácil, exige cuidado. Em 2015, a empresa que administrava a rede abandonou o contrato. “Tivemos que assumir naquele momento. E a empresa anterior detinha todos os segredos da tecnologia. Mas conseguimos tomar conta da situação”, conta Arcelino. Passados os momentos mais críticos, a rede foi reestruturada, saindo da interligação por linha telefônica para fibra ótica.
O histórico que reúne obstáculos exibe também conquistas concretas como a priorização do transporte coletivo e do modal cicloviário, além da redução de mortes no trânsito, que foi possível devido, principalmente, às intervenções realizadas no âmbito da educação, engenharia e fiscalização.
Como a cidade é dinâmica, os desafios continuam e o planejamento feito diariamente direciona as ações. Avaliar como tornar ainda mais seguro o deslocamento, qual via necessita de semáforo, como dar mais velocidade a quem anda de ônibus são questões sempre avaliadas. “Hoje, a tomada de decisão está muito mais relacionada à questão da inteligência e da coleta de dados”, complementa o superintendente da AMC.
MONITORAMENTO DE TRÁFEGO
- Existem 360 pontos de fiscalização eletrônica e 110 câmeras de monitoramento de tráfego.
- Desde 2013, todos os equipamentos fazem leitura automática das placas.
- Segurança pública tem acesso aos dados em tempo real.
- O software SPIA (Sistema Policial Indicativo de Abordagem) estrutura a base de dados e pode rastrear o veículo identificado pelo equipamento.
- Ajuda a compreender os padrões de viagens a partir da quantificação do tráfego.
- Consegue avaliar ainda os impactos de intervenções.
- Os primeiros equipamentos, da década de 1990, usavam câmeras que precisavam ter suas imagens reveladas.
- Hoje, os equipamentos usam câmeras digitais, com conexão e transmissão em tempo real.
- A inclusão do vídeo nos equipamentos de fiscalização evita conflitos de interpretação sobre condutas indevidas.
REDE SEMAFÓRICA
A Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) tem investido em semáforos centralizados controlados em tempo real.
Dentre os 975 equipamentos que compõem a rede semafórica da Capital, 56%
(549) possuem esse tipo de controle, enquanto 44% (426) são convencionais.
A tecnologia permite comunicação direta com a central do Controle de Tráfego em Área de Fortaleza (CTAFOR), viabilizando a detecção de falhas de forma imediata e otimiza os serviços de manutenção.
Os tempos desses aparelhos são otimizados em tempo real, variando de acordo com o fluxo veicular contabilizado pelos laços detectores instalados no asfalto.
A diferença entre os semáforos centralizados e convencionais é que estes possuem programações fixas para atender aos diversos níveis de tráfego durante o dia e têm os tempos determinados através de pesquisas que buscam identificar o fluxo de veículos nos horários de pico.
Como não são controlados em tempo real, os problemas detectados nestes aparelho precisam ser informados ao CTAFOR para que seja providenciado o reparo. As reclamações podem ser feitas pelo número 190.
A comunicação entre os semáforos centralizados, por exemplo, que antes era por via telefônica, agora é por fibra óptica, aumentando a confiabilidade e estabilidade.
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