Enem 2024: candidatos veem oportunidade de recomeço com a prova

A movimentação no segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que ocorre neste domingo, 10, iniciou tranquila no campus da Uninassau, localizado no bairro José Bonifácio. Até pouco antes do fechamento dos portões, às 13 horas, os participantes foram chegando ao local e se dirigindo às salas de aplicação.

Jessica Aires, de 17 anos, por exemplo, chegou antes das 11 horas da manhã e foi uma das primeiras. Estar mais cedo foi um meio que a estudante encontrou para aplacar a ansiedade e evitar contratempos no trânsito, além de ser uma oportunidade para revisar o conteúdo que poderia cair na prova.

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Natural de Belém, Pará, Jessica está concluindo o ensino médio e buscando o ingresso no curso de Medicina. As opções de universidades já foram escolhidas: a Universidade Federal do Ceará (UFC), ou a Universidade do Estado do Pará (UEPA). “As duas são muito boas. Já pesquisei e elas são incríveis (em) estrutura, tudo”, compartilha.

Enem 2024: candidatos desejam voltar aos estudos

Para outros, entretanto, o Enem 2024 representa uma oportunidade de retorno aos corredores de uma faculdade, como é o caso da jornalista Fernanda Teles, 49 anos. Formada pela UFC em Comunicação Social, ela está novamente fazendo uma prova de ingresso para uma universidade após 31 anos.

O curso escolhido é em uma área diferente da atual, Direito, pois a servidora pública tem o objetivo de mudar de profissão. “A perspectiva de fazer outra graduação é ter uma outra profissão que abra novas possibilidades, (como) concursos públicos, um leque maior de oportunidades dentro do mercado”, explica.

A escolha de Direito não por acaso. Em 2019, Fernanda foi diagnosticada com câncer de mama e afirma ter passado por situações delicadas com o convênio médico, que envolviam “desrespeitos da operadora de saúde com o paciente”. Quando formada, projeta atuar como advogada na área da saúde, defendendo mulheres que estejam em uma situação similar a que passou.

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Outra questão pessoal também que incentiva esse desejo é atuar “na causa das mães solos”, motivado pelo processo de divórcio, o qual ela define como “muito difícil” e sem um “olhar humanizado” de quem estava envolvido.

“Tenho essa perspectiva de ser uma advogada que atue em causa de forma mais humanizada, com um olhar mais humanizado sobre as histórias de vida que estão sendo traçadas e tratadas ali”, arremata.

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Mesmo sem ter feito um preparo em um cursinho específico para o Enem, Fernanda está animada após o primeiro dia de prova. A jornalista considerou a primeira prova fácil, apesar de ressaltar como as questões estavam extensas. “Consegui fazer a prova toda e fiz uma boa redação. Corrigi a prova pelo gabarito extra-oficial e tive 72% de acertos”, conta.

Para o segundo dia, a servidora pública reconhece que pode ser “um pouco mais complicado” e que terá que lembrar do que “estudou no ensino médio”. “Sempre fui boa aluna, sempre tive um bom desempenho em matemática, química, biologia. Mas agora são 30 anos de diferença”, afirma, mas acrescenta que “vai tentar” e ver “no que dá”.

“Quero mostrar para as pessoas que sempre é importante a gente recomeçar. Estamos recomeçando o tempo todo, nossa vida é uma incógnita. Temos que estar o tempo todo nesse movimento de se renovar, trago isso como uma lição de vida”, conclui, celebrando seu processo de recomeço nos estudos.

Enem 2024 e a oportunidade do curso dos sonhos

Se para Fernanda Teles o Enem 2024 representa uma oportunidade de recomeçar em outra profissão e uma melhora nas condições de vida, para Eriberta Nogueira de Figueiredo, 44 anos, é uma forma de alcançar a profissão dos sonhos.

Se formou em Publicidade e Propaganda em 2010, mas não exerce o título de publicitária por não ter se conectado com a área. “Fiz para ter uma formação, pois passei de primeira. Quis continuar e terminei, mas não me identifiquei com a profissão”, conta.

O sonho da comerciante sempre foi atuar, na verdade, na área da saúde, especificamente em Enfermagem. “Sempre me identifiquei nessa área (saúde). Eu gosto, não tenho nojo ou medo, gosto de ajudar as pessoas”, sustenta.

Para tentar alcançar o sonho, concilia o tempo livre do trabalho para estudar com a filha, que também está fazendo a prova para conseguir uma vaga em curso na área da saúde. “O tempo que tenho, tiro para estudar com ela, ou ela vai para o curso e me passa algumas coisas. E assim vamos levando”, compartilha de forma descontraída.

Este é o segundo ano que Eriberta tenta o Enem para conseguir entrar no curso de Enfermagem. Na prova de 2023, ela teve mais dificuldade com as questões, devido ao tempo que não estudava. Para este ano, conseguiu se preparar melhor e “gostou” mais das questões.

Para as provas de Matemática e Ciências da Natureza, a comerciante está mais “tranquila”. “Estou mais tranquila que no ano passado”, ela afirma. “É um desafio (voltar a estudar), principalmente por conta do tempo. Tem que deixar ela (a filha) no cursinho, volto para resolver minhas coisas, minha mãe é idoso e ajudo ela”, lista.

E finaliza, otimista: “É muita coisa para se dedicar e não vou dizer que me dediquei 100% aos estudos, porque não teve como. Mas espero que dê certo”.